Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

Minha foto
Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

terça-feira, outubro 31, 2006

Alunos e professores

Alunos são umas graças. Dia desses, quando eu exercitava ao máximo minha paciência em sala de aula, eles me disseram que já ganhei meu lugar no céu.
Não pude deixar de responder:
-Pois é, vocês estão se encarregando de zerar o meu karma, né?
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O professor mais mal-educado e grosseirão aqui do depto estava andando pelos corredores, aos berros no celular. Fiquei passada. O que se ouviu foi isso:

-Mas que p*rra é essa?! Essa m*rda já não estava paga?
-.............................
-Manda esse filho da p*ta tomar no c*!
-.............................
-C*r*lh*! Se eu não tô aí, ninguém resolve b*sta nenhuma.
-.............................
-F*da-se.
-.............................
-Tá bom, mãe. Quando eu chegar eu resolvo isso.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Inguinorança

Nada como perder uma noite inteira de sono, agarrada aos livros, estudando como se deve, pra descobrir o quão grande é a minha inguinorança.
Eu estava achando que a série logarítmica da distribuição de Fisher era a mesma coisa que o modelo de distribuição log-normal de Preston. Quanta burrice!

Só pra constar:
a série logarítmica de Fisher tem a ver é com a série geométrica (Magurran, 1988).

quinta-feira, outubro 26, 2006

Diálogos Místicos



-Então os êxtases místicos de Sta. Teresa D’Ávila eram semelhantes a orgasmos?
-Dizem que sim.
-Quer dizer que ela gozava quando rezava?
-Isso.
-E será que ela não fingia de vez em quando?
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A amigas estão fazendo listas do tipo:

“Não tenho mais idade para...”

Tentei fazer algo parecido, porque essas moças são minha fonte constante de inspiração. Mas não consegui. Devo ter menos noção do ridículo, mas acho que nós temos idade pra tudo.


Vou usar minissaia enquanto tiver pernas.
Vou mascar chiclete enquanto tiver dentes.
Vou mudar de profissão assim que me aposentar (ou até antes).
Vou dançar a noite inteira enquanto tiver música.
Vou fazer listas enquanto tiver blog.

Velhos Libertinos

Os jovens são conservadores e caretas. É preciso uma certa experiência de vida para ir se entregando sem medo e sem culpa à libertinagem.
E não se trata aqui de nada propriamente sexual; muito menos de perversões, taras ou promiscuidade. Estou falando de uma expressão mais livre do corpo, do pensamento e da palavra.
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“O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é.” A. Camus
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Nunca pude compreender o ideal ascético. Esse negócio de sacrificar o corpo para elevar o espírito.
Sempre achei que o espírito só se torna superior quando o corpo está feliz.
No meu caso particular, quando estou de barriguinha cheia, pés quentinhos, corpinho descansado e satisfeito, me torno muito mais generosa com a humanidade, muito mais apta a amar o próximo e louvar a Deus.
E não só no plano espiritual mas também no racional. Ou alguém consegue fazer a demonstração matemática do modelo logístico de crescimento populacional com fome, frio e sentindo dor?

Abraço

Tá rolando aquele vídeo simpático do youtube do cara querendo um abraço, né?
O que vocês não sabem é que uma vez aqui na praça de serviços do campus da UFMG, tinha dois estudantes, muito gatinhos, angariando dinheiro para a comissão de formatura. Eles tinham um cartaz enorme escrito: "Abraço, R$0,25".
Não precisa nem dizer que morri em 50 centavos naquele dia, hehehehe

quarta-feira, outubro 25, 2006

Caramunhão no ar

A faxineira é evangélica. E trabalha ouvindo música.
O que significa que, nos dias de faxina, eu chego em casa e tenho que mudar a sintonia do rádio do aparelho de som da sala, do portátil do meu escritório e do rádio-relógio do meu quarto. Porque ela põe todos nas emissoras evangélicas
Ontem à noite liguei o rádio e ouvi a coisa mais surreal de todos os tempos!
Uma voz rouca e roufenha, ofegante e rosnante, dizendo ser o diabo!!!! (lembram da dublagem do exorcista? nesse tom)
Seguiu-se um diálogo mais ou menos assim:

diabo: - Eu quero entrar nos corações puros e dominá-los
pastor: - Em nome de Jesus, eu te proíbo!
diabo: - Eu vou trazer a doença, o vício e o desemprego
pastor: - Em nome de Jesus, eu te proíbo!
etc....

Sutileza zero.

É a volta à Idade Média, com demônios de cauda, chifres e espeto na mão.
Ao menos podiam ter tido o bom-gosto de apresentar um demônio do Romantismo: um dândi elegante, fino, blasé, articulado, sofrendo de spleen, cheio de propostas tentadoras, argumentos sedutores e... não, não, ...não ia sobrar nenhuma fiel na igreja...

segunda-feira, outubro 23, 2006

Dicas de amigos

Querendo exercitar os neurônios, desopilar o fígado ou simplesmente ler coisa que preste?
Tem aqui, ò:

http://www.releituras.com/
http://
www.dissonancia.com
http://fun.from.hell.pl/
http://www.chargeonline.com.br
http://www.edge.org/
http://www.richarddawkins.net/foundation

sábado, outubro 21, 2006

Tradutore traditore

O autor é um dos mais premiados, comentados, discutidos e estudados do último século. O livro é considerado sua obra-prima. Mas eu decididamente não gostei. O quê fazer?
Afirmar que o cara é ruim eu não posso. Assumir que sou incapaz de apreciar boa literatura é demais pra minha auto-estima.
Só há uma maneira de resolver o dilema: botar a culpa no tradutor.

Nostradamus

Nostradamus ficou meio fora de moda depois do onze de setembro. Eu já tinha até me esquecido dele. Outro dia me mandaram um e-mail interpretando a profecia abaixo. Quem mora em BH vai entender:

“Centúria LXXI
Não por pouco tempo a terra tremerá
E será coberta por ferro, pó e cinzas
E reinará a ira acima dos muitos homens
Prisioneiros da desordem e sem caminho

Interpretação:
O profeta está claramente se referindo às faraônicas e intermináveis obras da Linha Verde, capazes de matar de raiva qualquer um que tenha que atravessar o trânsito engarrafado e caótico da av. Cristiano Machado.”

quarta-feira, outubro 18, 2006

Extreme Makeover

Lipoaspiração, prótese de silicone e correção de nariz são as plásticas que as mulheres mais fazem por aí.
Se eu fosse mudar alguma coisa em mim não seria nenhuma dessas banalidades. Mas acho que nem Pitanguy poderia me atender.
- Eu gostaria de implantar mais dois pares de braços com suas respectivas mãos. Um visual meio Shiva, mas muito prático. Olha que ótimo: digitar no computador enquanto atende o telefone e anota um recado, ao mesmo tempo em que dá colo pra uma filha e abre a caixa de biscoitos pra outra.
- Gostaria de implantar um olho na nuca, pra não perder nada do que se passa à minha volta
- Colocar cascos de cavalo em lugar de pés. Pisar seguro em qualquer terreno, economia com sapatos e pedicure, não dar topadas com o dedinho, maravilha! Mas cascos altos, por favor.
- E em vez de útero, um marsúpio como o dos cangurus seria muito prático. Uma bolsa na barriga pra carregar nenén, deixando os braços livres e tempo de gestação reduzido.
- E absurdo por absurdo, eu queria também duas antenas, com termo e hidro percepção acurada, para prever com boa antecedência mudanças climáticas de temperatura e pluviosidade.
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Laurinha põe um CD e acompanha as músicas lendo as letras no encarte. É tão bom vê-la alfabetizada! Bibi, ao lado, faz um aniversário de bonecas, tranqüila e sossegada. São tão lindas essas minhas meninas!
Eu sento junto delas, comemos fazendo um picnic no chão da sala, conversando e brincando. A paz e a felicidade estão no meio de nós.

Conhecimento de causa

Me puxaram as orelhas, dizendo que, apesar de concordarem comigo, eu não podia criticar P. Coelho e B. Surfistinha sem ter lido.
Mas eu li! Dois livros do P. Coelho inteirinhos, do começo ao fim, sem pular páginas! Foram o diário de um mago e as valquírias.
O doce veneno do escorpião eu não li inteiro. Dei uma boa folheada numa livraria, li uns trechos. E sabem do quê mais? Ela escreve melhor do que ele (se é que foi ela mesma que escreveu). Texto pobre mas limpinho.

Mim ter medo

Caras, cês viram a notícia?
Você morderia um desconhecido pelo Alckimin ou pelo Lula?
Me amarrota que eu tô passada!

terça-feira, outubro 17, 2006

O que poucos sabem

Estas são algumas coisinhas que poucos sabem sobre mim:

1- eu tenho dificuldades com os conceitos de direita e esquerda. Não no plano político, quer dizer, no plano político ninguém neste país sabe mais o que é direita e esquerda mesmo. Mas é no sentido de orientação espacial.
2- eu tenho pressão baixa. Fico tonta se me levanto muito depressa.
3- não sou de roer unhas, prefiro as cutículas.
4- eu rezo frequentemente. Mesmo sendo pessoa de pouca fé.
5- sinto falta de ouvir "eu te amo".
6- eu sei assoviar com os dedos na boca. O assobio mais agudo, alto e irritante possível. E me orgulho dele.
7- eu tenho complexo de inferioridade. E isso não é falsa modéstia. Me acho meio burrinha e ignorante quando me comparo a algumas outras pessoas, principalmente as da minha família.

8- não gosto de ficar sozinha.
9- eu canto no trânsito, mas não no chuveiro.
10- eu gosto de dormir cedo, mas quase nunca consigo.

Quando escrevo,

eu faço frases muito curtas.
eu faço parágrafos longos demais.
eu travo árduos combates com as vírgulas e elas sempre ganham.
eu tendo a exclamar!!!
eu sou reticente...
eu sou sentenciosa.
eu tento ser concisa, mas acabo sendo prolixa.
eu me sinto feliz.
eu não quero parar.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Corpo e Alma

Você está atravessando um período difícil, de muita dor e sofrimento? É? Deixa eu te aconselhar. Não fuja do sofrimento, não o evite. Pelo contrário, afunde-se nele, submeta-se a ele, chafurde nele. Quanto mais profundamente você se entregar ao sofrimento mais rápido você irá se livrar dele. É uma companhia cansativa, portanto sature-se dele o mais intensamente possível e o expurgo será mais eficiente.
Então chore muito, desespere-se, dilarece-se, descabele-se, contorça-se, lamente-se, grite, berre, gema, escoiceie, torture-se, puna-se, flagele-se. Faça até o impensável: fique um mês sem pinçar as sobrancelhas! E logo, logo, quando menos se espera, você estará lépida e lampeira, linda e faceira. Com aquele ar de quem, como diria Olavo Bilac, “palpita e resplandece”.
Isso é biológico, eu garanto. Se você se colocar à beira do abismo, o instinto físico de auto-preservação vai atuar de imediato. Confie no seu corpo para salvar a sua alma. Os dois irão travar algumas batalhas e você vai presenciar diálogos ótimos entre sua alminha e seu corpitcho.

Alminha: Eu quero sofrer, sofrer, sofrer, sofr...
Corpitcho: Parou agora! Estão me nascendo cabelos brancos, pés-de-galinha e rugas de expressão. Não quero nem pensar nas plásticas que você vai me custar.

Alminha: Nããããããõooo, eu quero ficar mais um dia inteiro chorando agarrada neste travesseiro.
Corpitcho: Pode não, coisinha etérea. Tô precisando ir ao banheiro. E esses lençóis têm que ser trocados que estão cheirando a ranço, ranho e lágrima.

Alminha: Não quero me alimentar, não tenho mais apetite pela vida...
Corpitcho: Pois eu tenho um índice glicêmico para sustentar e um paladar para satisfazer. Segura sua onda espiritual que eu vou me esbaldar de chocolate.

Alminha: Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de meu amor!
Corpitcho: Até pode ser. Mas o corpinho aqui anda sendo assediado e bem desejado.

Alminha: Seu bruto, materialista, miserável, mortal!
Corpitcho: Pronto? Já deu seu piti, seu faniquito? Então bora lá comigo, que eu tenho mais o que fazer. Isso, Alminha. Se eleve, divina. Que quem carrega peso de verdade aqui sou eu.

Carl Jung

Sabem o que Jung disse de mim?
Que eu sou o máximo, tudo de bom, lindona maravilhosa mesmo, viu?
Vai
e faz o seu teste.
O resultado é muito comprido, deu preguiça de postar.

domingo, outubro 15, 2006

A Dália Negra

ATENÇÂO: se você ainda não assistiu o filme e pretende fazê-lo, não leia este post, porque eu vou quase contar o final.

Eu fui a única pessoa do universo que detestou a “Dália Negra”, né?
Então nem vou me dar ao trabalho de enumerar os erros, mas pensem direitinho no roteiro e vocês vão ver que nada daquilo faz sentido. De Palma na sua pior forma.
Apenas pra dar uma dica: o trio protagonista vai ao cinema assistir “O homem que ri”, filme mudo, grande sucesso na época do seu lançamento, hoje um clássico. Mas os testes de câmera para a candidata a atriz já são falados, aham...

Mas o que realmente me incomodou no filme foi exatamente aquilo que vem me aborrecendo em todos os filmes policiais dos últimos tempos, incluindo aí grandes sucessos como Seven, o Colecionador de Ossos, CopyCat, e quetais:

Primeiro: não há um motivo real para o crime. O assassino é pura e simplesmente um psicopata que mata por prazer de matar. Parece que os roteiristas estão com preguiça de pensar em bons motivos para se cometer crimes e então enfiam psicokillers a torto e a direito. Agatha Christie em seus 80 livros policiais nunca fez uma bobagem dessas. Um bom motivo é quase sempre dinheiro, seja na forma de uma herança, de uma dívida que não se quer pagar, de uma extorsão, de um sócio inconveniente, etc. Crimes passionais eventualmente também rendem histórias inteligentes, mas é raro.
Segundo: não há trabalho de investigação que leve ao verdadeiro culpado. O assassino se entrega de mão beijada aos policiais. Burrice ou preguiça intelectual dos roteiristas. Não há levantamento de pistas, evidências, confronto de contradições, nada disso. Os policiais não chegam a lugar nenhum, não descobrem absolutamente nada e o culpado, à toa, confessa o crime.

Os últimos bons filmes policiais que assisti foram os da série CSI. Os investigadores realmente investigavam, juntavam um monte de dados, faziam suposições inteligentes, levantavam hipóteses, testavam a veracidade dos depoimentos, descobriam motivos plausíveis e por fim acusavam um suspeito. Diante daquela montanha de evidências não havia nada a fazer senão confessar.

Hollywood não sabe mais fazer bons filmes policiais, inteligentes e criativos. Em vez disso mostram uma sanguinolência atroz e desnecessária. Como se a crueza da imagem de um corpo despedaçado compensasse a ausência de raciocínio lógico.

Quando eu era criança...

Por causa do dia das crianças eu tive vontade de escrever um post delico-doce, que descrevesse a minha infância de maneira sonhadora e suave, com reminiscências fofas, que enchesse os olhos dos meus leitores de lágrimas e de saudades da própria infância.
Comecei várias vezes a frase: Quando eu era criança...
Mas, quando eu era criança, o quê?
Quando eu era criança... eu queria ser adulta.
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Logo a Laurinha foi se lembrar de me dar os parabéns pelo Dia dos Professores!
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Precisando fazer molduras para quadros e gravuras? Pergunte-me onde.
No Bonfim, a melhor molduraria de BH.
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Acabou a graça do horário eleitoral.
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A vida nos reserva boas surpresas. Aquela grande empresa mineradora realmente tem alguém que se interessa pelo meio ambiente! Deu muito mais trabalho, porque a pessoa ficou em cima, pediu explicações, quis detalhamentos, perguntou, assuntou, sugeriu, comparou, exigiu. Gostei! Se todas as empresas tivessem um profissional como esse, não estaríamos na situação em que estamos. A maioria só quer que se faça o mínimo para o licenciamento ser aprovado, mais nada.
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Qual escritor brasileiro ganharia o prêmio Nobel?
Paulo Coelho ou Bruna Surfistinha?
Depois que Jorge Amado morreu acho que não sobrou ninguém merecedor.

sábado, outubro 14, 2006

Adolescência e feminismo

Adolescência

Outro dia, na mesa de um bar, rolou uma discussãozinha respeito da adolescência, dos riscos da erotização precoce, dos conflitos de geração, esse tipo de tema.
Eu já li alguns antropólogos afirmarem e concordei: a adolescência é um fenômeno recente, inventado pela nossa moderna sociedade ocidental capitalista e industrializada.
Explico-me: nas sociedades tradicionais, tribais, não existe esse período de transição entre a vida de criança e a vida adulta. Um menino é um menino até o dia em que ele é capaz de matar e carregar para casa a sua própria caça. Nesse momento realizam-se os cerimoniais e rituais de passagem e pronto: ele é um homem. Com todas as responsabilidades que se exigem dos homens: lutar pra defender a tribo, formar e alimentar sua família, fazer parte do conselho e da tomada de decisões, resolver seus próprios problemas e querelas, etc.
Da mesma maneira, uma menina é uma menina até o dia da sua primeira menstruação. Daí tem-se os rituais e cerimoniais de praxe de cada tribo e pronto: ela é uma mulher. Com tudo o que isso exige: casar, parir, cuidar da família, serviços domésticos, etc. E nem precisamos ir tão longe. Há 100, 150 anos atrás, as mulheres ocidentais costumavam ser casadas ainda garotas, com 12, 13 ou 14 anos. Pobres ou nobres, todas casavam assim que se tornavam núbeis.
Esse prolongamento da infância a que se chama adolescência veio da necessidade que a economia industrial, e de serviços, tem de mão de obra treinada. Precisam-se de trabalhadores em larga escala com um mínimo de conhecimento e trabalhadores em pequena escala com o máximo de especialização. Daí que não interessa que os jovens se casem tão cedo e se tornem independentes tão rápido. É melhor retardar o momento de sair da casa dos pais, enquanto se preparam para atender às necessidades do mercado, fazendo pelo menos até o segundo grau, e uns poucos indo para o ensino superior.
A adolescência atual é um período de transição entre a dependência paternal e a dependência patronal.
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Feminismo

Há mais tempo ainda rolou uma discussão sobre feminismo. Eu me arrepio de vontade de criar polêmica sempre que ouço a frase: “nas últimas décadas as mulheres conquistaram o mercado de trabalho”.
Contesto essa frase: não foram nas últimas décadas, não foram todas as mulheres e não foi uma conquista.
Explico-me: essa “conquista” abarcou apenas uma proporção reduzida de mulheres. As mulheres pobres, imensa maioria do universo feminino, sempre trabalharam fora, desde que o mundo é mundo. As mulheres das classes baixas sempre foram: escravas, camponesas, criadas de serviço doméstico, lavadeiras, operárias, etc. E isso não era opção, não era conquista. Ou trabalhavam ou morriam de fome junto com seus filhos.
As mulheres ricas, aristocratas ou da alta burguesia, nunca conquistaram nada, nunca precisaram de trabalhar e continuam não o fazendo, se quiserem. As que têm muito dinheiro no máximo pegam uma bolada junto ao pai ou marido e vão dedicar-se mais seriamente aos seus hobbies: abrem uma galeria de arte, um salão de beleza, uma loja de roupas ultrachique.
Quem realmente teve que enfrentar o batente nas últimas décadas foram as mulheres classe média. Durante e depois da II Guerra Mundial, com boa parte dos homens mortos ou estropiados e a economia arruinada, elas simplesmente tiveram que sair de casa, largar os filhos com alguém e ir enfrentar o trabalho. Mas não foi conquista, foi imposição social. Ou elas trabalhavam ou viviam mal, porque os salários da maioria dos homens a partir daí simplesmente já não era suficiente para sustentar uma família com um padrão de vida confortável. Mas eu não acredito que nos anos 40 e 50 as mulheres tenham ido trabalhar de 8 da manhã às seis da tarde felizes e satisfeitas, acreditando estar conquistando alguma coisa.
Atualmente a maioria das mulheres classe média gosta de trabalhar fora, eu inclusive. Nossa geração já foi educada para isso e é ótimo que o possamos fazer, caso seja uma opção pessoal. Há inúmeras vantagens em se ter o próprio dinheirinho. Mas só a partir da expressiva inserção no mercado de trabalho é que começaram a ocorrer as conquistas femininas reais: direitos trabalhistas, paridade salarial, licença-maternidade, etc.

quarta-feira, outubro 11, 2006

A professorinha

A professorinha confunde os horários e chega uma hora mais cedo para a aula. Os alunos a chamam de "professora caxiona". Eles não sabem que ela é mesmo é retardada.
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Ela vai tomar um suco de laranja na cantina. Quer impressionar, mostrar finesse.
Mas logo de cara perde aquela colherinha de plástico minúscula dentro do suco. Claro que não vai meter os dedos dentro do copo pra procurá-la, então o jeito é beber assim mesmo. E já no segundo gole se engasga toda, quase engole a colher e decididamente impressiona a todos. Ninguém jamais se esquecerá daquela cena.

Assim caminha a humanidade

"Os muros do teu amor que protegem o castelo dos meus sentimentos" S., the eqs.
mas,
"A verdade é um porco empalado no banquete da poesia" Dahmer
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Então a amiga tem um chefe que obriga os funcionários a rezar...
Fico imaginando as orações que devem sair dali:
"Meu Deus, por favor, manda esse mala pro inferno."
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A vida anda boa e tranquila, a despeito da jornada tripla.
O único problema é que vida boa e tranquila não rende posts interessantes.
E com jornada tripla não dá tempo para pensar muito no blog nem no que escrever aqui.
Enfim, tenham paciência, assim que sobrar tempo e neurônios vagos eu volto a postar com mais frequência.
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Mámi e pápi voltaram de viagem. E eu tive um Natal fora de época!!!!
Ganhei um tanto de coisinhas lindas e antigas para enfeitar minha casa!
Mais: Faulkner, Camus e Thomas More.
E estou tentanto arrancar dela os dois volumes de "What Great Paintings Say - Old Masters in Detail" da editora Taschen (os melhores livros de arte, na minha opinião).

sexta-feira, outubro 06, 2006

Deixa eu explicar,

... porque não entenderam a piada.
Eu estava tão cansada, mas tão cansada, que nem conseguia pensar ou digitar direito.

Por isso o "cançada", sacou? Pra dar a real dimensão do meu "cançasso".

quinta-feira, outubro 05, 2006

No final da tarde:

...cançada.....

Na hora do almoço fiquei assim:

De manhã eu tava assim:

Retrato (Cecília Meireles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
...
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

quarta-feira, outubro 04, 2006

Tecnologia limpa

Vai comprar celular, computador, impressora, iPOD ou qualquer outra geringonça eletrônica?
Antes, dá uma olhada neste ranking de empresas que mais se preocupam com o meio ambiente e veja se não vale a pena investir num aparelhinho que suje o mundo um pouco menos:

7 - Nokia – Boa nota. Mas pode melhorar as quantidades recicladas.
7 - Dell – Perde pontos por ainda não ter modelos sem os piores químicos.
5,3 - Sony Ericsson – Ruim no princípio da precaução.
5 – Samsung – Eliminou a fase tóxica na produção, mas é ruim na reciclagem.
4,7 – Sony – Alguns modelos sem os piores químicos, mas ruim no princípio da precaução.
4,7 - Hewlett Packard – Apenas alguns tóxicos foram eliminados. Boas quantidades recicladas.
4,3 - LGE – Reciclagem ruim.
3,3 - Panasonic – Bom apenas no manejo de químicos.
3 - Toshiba – Alguns modelos sem os piores químicos.
3 - Fujitsu-Siemens - Alguns modelos sem os piores químicos.
2,7 - Apple – Baixos escores em todos os critérios.
2,3 - Acer - Baixos escores em todos os critérios.
1,7 - Motorola – Bom manejo de químicos, e só. Quebrou recentemente acordos de assumir tecnologias limpas.
1,3 - Lenovo – O pior escore.

Este ranking foi elaborado pelo Greenpeace, as melhores notas são para as empresas mais limpas. Dê uma olhada nos critérios para a classificação. Aqui.

Dia de sol

Finalmente, o sol está brilhando, os passarinhos estão cantando e o céu está todo azul!!! Já tava de saco cheio de tantos dias nublados.
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Triste,
não poder entrar tela adentro feito os sonhos de Kurosawa
ser impossível ultrapassar a casca da ferida de uma alma
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É irritante a inconsciência dos que se julgam felizes.
Mais irritante ainda, a soberba e presunção dos conscientes que se apregoam infelizes.
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Vários homens sábios me garantiram que ler não é tão importante. O que é realmente importa é reler.
E é por isso que devemos passar os primeiros sessenta anos da nossa existência lendo sem parar, para que ao chegar à idade de começar a ser sábio, se tenha a noção do que se deve reler.
Alguém que leia Paulo Coelho aos 20 anos é risível.
Aos 60, é imperdoável.

terça-feira, outubro 03, 2006

Campanha Namore uma Mãe Solteira

Diretrizes básicas:

1) Nós não temos pressa de casar, porque já temos filho
2) Nós não temos pressa de ter filho, porque já temos filho
3) Nós não temos tempo de grudar no seu pé, porque já temos filho
4) Se você quiser ter um filho, tudo bem, porque já temos filho
5) Se você não quiser ter filho, tudo bem também, porque nós já temos filho


Antes tarde do que mais tarde...

Amor e Poder

"...braços amados que se foram, dobrando a esquina da vida, sem a mais leve mágoa nos cotovelos." Rubem Braga

Sou uma sentimental enrustida. Acho muito mais cool e bacana a atitude cínica, então não saio do armário.
Eu acredito no amor. Mas também morro de vergonha dessa frase.
O romantismo é brega, piegas, datado, eu disfarço ao máximo.
E, no fundo, no fundo, o amor é mesmo f*dido.
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Tenho uma poderosinha na sala de aula, isto é, a filha de um poderoso de BH, de uma das famílias mais poderosas de MG.
E não é que a mocinha é gentil, educada, prestativa e boa aluna?
Tenho que rever meus preconceitos contra a classe dominante.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Provas

E quem disse que corrigir provas não é divertido?
Eu não consigo controlar as gargalhadas! Olhem só as pérolas com que meus alunos me presenteiam:

- O Cerrado tem um tipo de vegetação FANTASMAGÓRICA.
- Ao longo do tempo, a sucessão ecológica passa por vários ESTÁDIOS.
- Certos fatores ambientais atuam sobre os seres vivos ABIÓTICOS.
- as principais FAZES de um planejamento ambiental
- continua na página ASSEGUIR
- CONSTATAR-SE-IA

A última nem tá errada, mas isso lá é forma verbal que se apresente?!

domingo, outubro 01, 2006

Magrelo


Durante dois anos inteiros, enquanto eu lavava, triava, contava e identificava o material do meu doutorado, trabalhei sozinha numa sala do ICB que era usada meio como depósito de materiais. Ninguém nunca entrava lá e a minha companhia por dias a fio era um esqueleto humano todo montado, num canto da sala, a quem apelidei carinhosamente de Magrelo (mesmo sem saber se era homem ou mulher).
Presença silenciosa, discreta, (graças a Deus) nem um pouco amedrontador ou tétrico. Aquilo que um dia foi uma pessoa simplesmente estava lá e eu me acostumei a ele e a pensar em quem teria sido. O que ele teria visto, o que teria passado, quem o teria amado?
Há uns tempos atrás voltei àquela sala e Magrelo não estava lá. Não sei para onde o levaram. Mas fiquei absurda e surpreendentemente triste com esse desaparecimento. Como se o morto pudesse ter morrido de novo. Espero que esteja bem, onde quer que esteja.

O caso da gelatina

Um pacotinho de gelatina dá apenas para quatro taças de sobremesa. Então, numa casa com três pessoas, se cada um comer uma taça, aquela última restante será motivo de cizânia e objeto de disputa pelos interessados em repetir a gelatina, único doce permitido em casa e mesmo assim só nos fins-de-semana.
Para evitar que grasse a discórdia neste lar, eu NUNCA como a sobremesa, e as pequenas ficam com duas taças cada uma. Mas qualquer dia eu tiro a desforra e, quando elas não estiverem aqui, vou fazer um pacotinho inteiro só pra mim e comer sozinha as quatro taças.
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Mas como é bom ter filhos, né?
Uma aponta na revista a foto de uma modelo bonitona e pergunta:
- Essa moça é você, mamãe?
A outra me vê com uma roupa velha, dessas de usar só em casa, e exclama:
- Que linda, mamãe! Toda de azul!
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A modéstia realmente não é o forte desta família.
Bibi, hoje de manhã:
- Mamãe, por quê todo mundo me acha linda?
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A tv aberta tem coisas muito, muito ruins. Mas às vezes, consegue ter coisas ainda piores.