Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

Minha foto
Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

sexta-feira, março 30, 2007

Enquanto isso...


Na sala de aula:
- Fessôra, eu tô viajandão nessa sua aula.
- Aterrisa, meu filho, aterrisa.
///---///---///---///

No bar:
- E você, por acaso, tem porte de arma pra sair por aí exibindo esse sorriso?

(rapazes, se liguem, essa foi boa mas não colou)
///---///---///---///

Eu, explicando a subtração:

- Três menos um é assim: se aqui eu mostro três dedos e tiro um, (fazendo o gesto com a mão) quantos sobram? Dois!
Bibi:
- Mas qual dos dedos eu tenho que tirar?
///---///---///---///

No dever de casa:

Questão 1: Pedrinho tem 7 figurinhas, Ana tem 4. Qual a diferença entre eles?

Resposta: A diferença é que Pedrinho é menino e Ana é menina.

quinta-feira, março 29, 2007

Só mais uma coisa:


Menos moral e mais ética, sim?


E quem não souber a diferença entre as duas coisas vá estudar um pouquinho de filosofia, tá bem?
Não, não são sinônimos.

quarta-feira, março 28, 2007

Polêmica de novo

No outro dia acendeu-se a polêmica por causa dos recém-lançados livros infantis que têm personagens gays. Muita gente a favor, muita gente contra, a maioria sem saber o que pensar.

Eu acho que a função social das histórias é localizar a pessoa. Fazer com que ela saiba em que mundo vive. Nossa sociedade moderna ocidental vive e convive com o homossexualismo cada vez de maneira mais clara e tolerante. Muitos países já legalizaram a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Muitos casais gays adotam crianças e elas crescem e se desenvolvem bem com eles, muito melhor do que com casais hetero desajustados ou sob a guarda do Estado. Mesmo no Brasil, onde a união civil ainda não acontece.

Então essa é a realidade, não adianta espernear. Esse é o mundo onde nossas crianças vão crescer e viver. O melhor é que elas saibam que existe, que sempre existiu e sempre vai existir. Para que não seja uma surpresa preocupante ou um motivo de preconceito. Ninguém vai virar gay ou lésbica só por saber que gays e lésbicas existem. Também não acho que seja preciso ir correndo comprar os livros e, sem mais nem menos, expor a criança aos fatos da vida. É melhor deixar que as informações cheguem naturalmente e, caso alguém ache interessante, compra-se o livro, para deixar claro que não há nada de monstruoso: uns são assim, outros assado. E todos se comportando bem, todos podem ser felizes.

Houve alguns comentários que me incomodaram. Tipo gente dizendo que homossexualismo não é normal. Desculpa, mas é. Todas as populações humanas apresentam uma parcela, ainda que minoritária, de representantes homo.
O comportamento homoerótico está presente em todas as culturas humanas, em todos os tempos. Da antiguidade, China, Japão, Grécia, Índia, Egito, todos deixaram obras de arte (pinturas, relevos, afrescos) em que isso é, explicitamente, mostrado. Então não é um fator puramente cultural, é biológico. Comportamento homo já foi observado em mais de uma centena de espécies animais, principalmente aves e mamíferos.

Existem, obviamente, centenas de fatores ambientais que regulam o comportamento, mas há evidências fortíssimas de que existam, sim, genes associados ao homossexualismo, promovidos por outros genes que podem ou não se tornar atuantes ao longo do desenvolvimento embrionário. E isso não é uma aberração genética, mas pode ter um profundo significado evolutivo em termos de seleção de grupo: uma parcela da população não se reproduz porém ajuda o grupo a se manter, procurando ou produzindo alimento, protegendo o território, defendendo de ataques de predadores, etc.

Quem tiver mais interesse, leia isso aqui:

http://www.springerlink.com/content/r474023v2p056242/
http://books.google.com/books?hl=pt-BR&lr=&id=T8SMIAas3GIC&oi=fnd&pg=RA1-PR10&sig=KiGSzzz7KFFHnNuGexGkSBKd29g&dq=%22Schmidt%22+%22Archaeologies+of+sexuality%22+#PRA1-PA2,M1
http://links.jstor.org/sici?sici=0011-3204(199506)36%3A3%3C473%3ACGBEBC%3E2.0.CO%3B2-U

segunda-feira, março 26, 2007

Visões economicosócioantropológicas

Eu sou socialista
Eu bebo coca-cola light lemon
Eu contribuo com instituições ambientais e assistencialistas

Eu já pintei o rosto, já me vesti de preto, já protestei nas ruas, mas nunca fiquei sem tomar banho
Não coleciono objetos, nem tenho camisetas com a cara de Mao nem de Che Guevara
Não gosto de macdonalds
Não passeio em shopping. Vou só quando necessário: compras ou cinema
Sou contra a extinção do estado
Pela abolição das frituras, batatas ruffles incluídas
Que o Estado preste somente serviços básicos, mas de excelente qualidade
Que o Estado fiscalize, controle e regulamente todos os outros serviços

E acho que só não muda de idéia quem não tem nenhuma.
(Inspirado no Dom)
///---///---///---///

Tenho um problema filosófico-existencial com múltiplas escolhas. O excesso de opções me confunde e minha determinação naufraga em um mar de indecisão perante um vasto leque de possibilidades.
Exemplinho besta:
- Boa tarde. Eu queria um rímel.
- Ah sim! Uma máscara para cílios.
- Uma másc...?! Tá, é isso mesmo.
- Para alongar ou para dar volume? À prova d'água, colorida ou incolor?
- Eu... humm...
- Deixa eu te mostrar.

E põe sobre o balcão 5 tipos diferentes de coisas, explica e instrui as vantagens de cada um.
- Qual você vai querer?

Diacho, eu não sei. Deveria ser uma coisa só, plurifuncional, que deixasse os olhos mais bonitos, assim de um modo geral.
- Olha, não consigo escolher. Eu queria mesmo era aquele pretinho básico que antigamente se chamava rímel e servia pra fazer isso tudo, alongar, encorpar, aprofundar e etc. Tem?

Cinema e jornal

Domingo fui perder tempo no cinema, assitindo uma porcaria de “Número 23” com o ex-engraçado Jim Carrey. No-sense besta, sem-graça, sem sustos, meio previsível. Preguiça de filme com gente doida, fazem a loucura desinteressante.
Em compensação vi também o antigo e bonito “Sede de Viver”. Linda fotografia, me lembrou “Moça com brinco de pérola” e “Barry Lynton”. Gosto muito quando se vê na telona a imagem em movimento reproduzir as telas-pinturas mais famosas. Mas fiquei com a sensação de que a dramaturgia evoluiu muito nos últimos cinqüenta anos. Achei forçadas e datadas as atuações tanto do Kirk Douglas quanto do Anthony Quinn e olha que ambos foram premiadíssimos na época, 1956.
///---///---///---///

Como no dia-a-dia leio praticamente só os jornais de MG, fico pensando se aqui é pior do que nos outros lugares ou se é tudo a mesma porcaria.

Um dos colunistas do fim de semana comentava sobre a histórica falta de higiene da humanidade e afirmava que na Idade Média vivia-se em meio ao lixo e ao esgoto e que mesmo na residência real francesa, o castelo de Versailles, as latrinas eram esvaziadas pela janela.
As duas informações devem estar corretas, o único problema é que estão desconectadas uma da outra. Versailles não existia na Idade Média, disso até eu sabia!
Fui pro computador e confirmei: ali foi construído primeiro um pavilhão de caça, em 1623, beeeem depois da época medieval. Só mais pro final do séc XVII é que começaram as obras pra transformar o lugar na residência da família real.
Com a internet e o Google à mão, certos erros são imperdoáveis. Não custava nada fazer uma pesquisinha de cinco minutos para evitar dizer bobagens e espalhar ignorância.

sexta-feira, março 23, 2007

Homem meu não usa:

1- Penduricalhos: colar, correntinha, pulseiras, anéis.
(um bom relógio de pulso é o máximo em termos de acessórios)

2- Camisa pólo.
(acho roupa de quem não tem imaginação pra se vestir)

3- Perfume.
(homem tem que ter cheiro de homem. De homem limpo, óbvio. Sabonete e loção pós-barba é tudo o que se quer)

4- Bota de cowboy, mocassim de sioux, nem sapatênis de metrossexual.
(bastam um tênis, um sapato social, uma sandália e o chinelo. Perfeito.)

5- Unha feita, sobrancelha feita, qualquer coisa feita em salão de beleza.
(se o cara tem a sorte de não ser casado com a peruérrima Sra. Victoria Beckham, praquê imitar o marido dela?!)

García Marquez X Vargas Llosa



Eu estava, há dias, resistindo a comentar o caso porque, vocês sabem, eu tomei chá em criança e não gosto de fofoca, muito menos barraco ou baixaria. Mas então. Não resisti.
Eu acho que quem merecia uma bifa era a tal da Patrícia. Não de nenhum dos dois escritores, mas da Mercedes, mulher do Gabo.
Vejam bem:
Primeiro: mulher que leva um passa-fora do marido devia ir chorar as pitangas com as suas amigas pessoais e não com os amigos do ex.
Segundo: caso tenha ido chorar com o amigo do ex, não deve nunca aceitar dele um "consolo" maior do que umas frases-clichê, tipo "vai ficar tudo bem".
Terceiro: se aceitou o "consolo", deve ficar bem quietinha e nunca contar nada pra ninguém. Muito menos pro ex e muito menos quando o ex volta a ser marido e tentam uma reconciliação. A mulher queria causar ciuminho no marido traidor? Fazer chantagem sentimental? Humilhar a esposa do outro, tal como ela se sentia humilhada?
Uma péssima, essa senhora Vargas Llosa. Exatamente como o seu marido, aliás, que foi se esbaldar por aí com outra e depois achou ruim a mulher ter feito o mesmo com o G.G.Marquez e deu um socão no pobre do coitadinho...

quinta-feira, março 22, 2007

A moça e seus pretês

1) O Troglodita Gentil
Moço superbonzinho, simpático, uma graça. Aí a moça pergunta o que anda lendo. Resposta:
"Há uns meses li o livro do Nuno Cobra, personal trainer do Ayrton Senna, um grande cara. O livro é uma verdadeira lição de vida. E quando eu estava montando minha empresa, li um monte de coisas sobre liderança empresarial: quem mexeu no meu queijo, essas coisas."
A moça suspira e resolve dar outra chance: e o que vc tem visto de bom no cinema?
"O Homem-Aranha! Filmaço! Tão bom quanto os do X-Man".
2) O Rico Carente
Chegando aos 50, separado há pouco, ainda mais carente que a moça.
No segundo telefonema já quer apresentar a moça à turma dele, pergunta quando vai conhecer os pais e as filhas dela. Quer levar a moça pra jantar no melhor restaurante da cidade e começa a fazer sozinho planos para um futuro em comum.
3) O Reprodutor Egoísta
Bonito, charmoso, conquistador, animado. A moça quase cai na lábia do sujeito. Só que descobre a tempo que ele tem 3 filhos de 3 mulheres diferentes e não paga pensão pra nenhum!

Um sonho a mais

Esta noite sonhei que eu estava morando no meu trabalho, olha o que o envolvimento não faz com uma pessoa.
Nos fundos do laboratório tinha uma portinha que dava acesso ao meu quarto.E o curioso é que era o meu quarto de solteira, de quando eu morava com meus pais. Eu acho que isto está cheio de significados. Suspeito de alguns, mas prefiro não me estender sobre o tema.

quarta-feira, março 21, 2007

Capacidade Suporte e Estimativas

Já foram feitas muitas estimativas de qual seria a capacidade suporte da Terra, ou seja, quantas pessoas o planeta poderia sustentar. Dependendo de quais variáveis o pesquisador leva em consideração, esse número varia de 1 bilhão a 1 trilhão.
Consideremos os dois extremos:
Na expectativa mais otimista, a Terra suportaria 1.000.000.000.000 de humanos se nós apenas dependêssemos das taxas fotossintéticas, quer dizer, da quantidade de energia solar que é atualmente transformada em glicose pelas plantas. O autor da estimativa (Wit, 1967) reconhece que é absurdo pensar nesse número como uma possibilidade real, até porque faltaria água, minerais e espaço físico para essa gente toda, além das áreas florestadas.
Na mais pessimista, Hullet (1970) calculou que, se o consumo per capita norte-americano de água, alimento, energia elétrica, alumínio e aço fosse igualado em todo o mundo, só seria possível manter 1 bilhão de pessoas (menos de 1/6 do existente atualmente).

Outras estimativas interessantes que se encontram na literatura mostram que, se a humanidade adotasse um regime exclusivamente vegetariano, caberiam no planeta 3 vezes mais pessoas do que se 25% do consumo calórico diário fosse proveniente de produtos animais. Em termos ambientais, carne custa caro. E 25% é realmente muita carne por dia.

Nos trabalhos mais recentes, de 2000 pra cá, ninguém fala em mais do que 10 bilhões.

Estamos quase lá.

terça-feira, março 20, 2007

Assunto de trabalho

Reunião importante ontem, todos os presentes eram meus superiores hierárquicos. Mostrei, por a+b, que deveriam deixar que eu conduzisse tudo a meu modo.
Os Superiores concordaram, felizes: tiravam o deles da reta e tinham menos uma coisa pra se preocuparem.
Saí toda satisfeita, I got the power!!!
Mas agora, mim ter medo. Estou por minha conta e nunca tive tanta responsabilidade nas minhas costas. Muita gente e dinheiro envolvido. Muito mais trabalho daqui pra frente.


Parodiando a conversa do outro dia: ou a gente tem a coragem de fugir ou tem que se resignar a ser herói.

segunda-feira, março 19, 2007

Meu DNA Visual

Prós e contras

O que mata nesta vida de solteira é a falta de coincidência dos interesses...
Por outro lado, não pude deixar de sorrir ao perceber que só as uncommitted não precisam consultar as bases, podendo tomar a decisão que melhor lhes aprouver, a qualquer momento.

Fim de semana

Quem ainda não levou os rebentos ao Museu dos Brinquedos não deve perder tempo. É muito bacana! Passamos a manhã de sábado toda lá, uma delícia! Além dos brinquedos em exposição, que obviamente não podem ser tocados, eles têm várias salas onde as crianças podem brincar e desenhar, com brinquedos que podem ser brincados e um pátio interno enorme com playground.
Estavam lá vários pais e mães, todos desconhecidos uns dos outros e, portanto, sem muito medo de pagar mico. Acabou que os adultos se entrosaram rapidinho e ficou todo mundo brincando junto. Eu joguei peteca e frescobol, pulei amarelinha, rodei bambolê, andei de perna-de-pau, pulei corda, brinquei de coelhinho-sai-da-toca, me diverti horrores.
As crianças também gostaram, claro, mas eu tive a impressão que os adultos aproveitaram ainda mais.

E o domingão também foi excelente, mesmo a chuva tendo destruído nossos planos de ir ao Caraça. O piquenique na pracinha, na deliciosa companhia da Ana e da Renata, virou uma aventura quando começou a tempestade e tivemos todas que correr e nos abrigar na guarita do segurança e continuar o lanche ali mesmo! Depois, banho e pizza quente e lá fomos nós cinco pro cinema. As meninas curtiram muito toda a programação, chegaram em casa cansadésimas e estavam apagadas antes das 8 da noite!
Rê, precisamos fazer isso mais vezes!

sexta-feira, março 16, 2007

Eu estive lá!


Post atrasadíssimo, mas vale contar que eu estive na festa de premiação do Troféu LOR, conheci o Lor (médico, professor da UFMG e autor da charge aí em cima), o Nilson, os chargistas do Tempo e do Hoje em Dia e mais uma pá de gente interessante que sabe desenhar bem e faz quadrinhos, cartuns, ilustrações e outras coisas muito legais.

Escola e Para Casa

Quando criança eu não gostava de escola, embora sempre tenha sido boa aluna. Detestava particularmente aquela história de Para Casa. E, por mal dos meus pecados, continuo detestando. Agora, os da Laurinha.
É uma luta diária, ela não quer fazer, tenta de todas as maneiras que eu faça por ela. Minha resposta constante e invariável: “Eu já passei da segunda série, é você quem tem que fazer.” Eu fico disponível para sanar as dúvidas, leio com ela as questões que ela diz não entender, mas me recuso, terminantemente, a responder qualquer coisa. E também não corrijo, acho que é importante a professora saber em que ela está errando para poder ensinar e explicar direito.
Mas a menina fica nervosa, chora, grita, faz bico, quer que eu sente do lado dela o tempo todo. E eu ainda tenho que administrar a mais nova que, não tendo ainda dever de casa, faz o possível para atrapalhar a mais velha. Ai, meus sais.

E tem também o horror das reuniões de pais e professores.
Teoricamente, seria uma ótima oportunidade para se discutir coisas importantes a respeito da educação das crianças. Mas algumas mães tornam a experiência insuportável. Não conseguem seguir a pauta e deslancham a contar casinhos absolutamente desinteressantes sobre os seus filhotes: o que eles comem no café da manhã, se eles preferem o short, a bermuda ou a calça do uniforme e outras banalidades, como se ninguém ali tivesse filhos e seus relatos fossem de uma enorme singularidade. Não deixam a professora concluir um raciocínio, desperdiçam um tempo gigantesco e não dizem nada proveitoso. E o pior, muitas delas são absolutamente infantilizadas, falam em tatibitati, dão risadinhas pueris. Putz, não é porque se está numa sala de aula de crianças de 6 anos que se deve incorporar o espírito infantil e agir como tal. Eu queria uma escola onde todas as mães fossem Motherns.
Paciência: tem, mas acabou.

quarta-feira, março 14, 2007

Fim de tarde

Nós três sentamos no murinho da calçada, na rua, e ali ficamos comendo bombons.
Como se não houvesse mais o que fazer, como se não houvessem problemas, como se não houvesse violência, nem fome, nem miséria no mundo.
Só isso, comendo bombons, comentando miudezas do dia, vendo a tarde virar noite, sorrindo umas pras outras.
Às vezes, é preciso tão pouco pra ser feliz!

O chato do síndico

Estou solidária com os dois amigos são síndicos de prédio. É um porre.
Eu também já fui síndica e achava aquilo uma chatice sem fim. Fui a pior síndica que aquele condomínio já teve e olha que era um prédio pequeno, apenas seis apartamentos, nem dava muito trabalho. Mas a única coisa que eu realmente fazia era recolher o dinheiro e pagar as contas de luz, água e o serviço de limpeza. O resto eu empurrava com a barriga e deixava pra lá.
Uma vez quebrou um vidro da porta de entrada. Ficou quebrado por uns três meses e eu não mandei arrumar. Até que um vizinho me encontrou na garagem e me cobrou o conserto. Aí, com toda a cara de pau que eu tinha na época, pedi a ele:
- O senhor pode chamar o vidraceiro e fazer o conserto? Depois me passa a nota que eu pago pro senhor. Não tenho tempo pra ver isso.

“Não tenho tempo.” Eu tinha 25 anos, morava sozinha e minhas únicas ocupações eram o mestrado e o namorado! Como assim, não tinha tempo?!
Hoje em dia estou pagando língua.

terça-feira, março 13, 2007

O vestido

O vestido dos meus sonhos, desde sempre.



"Mondrian", de Yves Saint Laurent.

Estranhas Estátuas

Olhem esse site. Tem umas estátuas incríveis!
Amostra:











segunda-feira, março 12, 2007

A pele de Diane Arbus

Ela sempre se viu diferente, freak em meio aos normais.
Então seguiu o coelho branco, vislumbrando um país, não das maravilhas, mas onde o normal é ser bizarro e todos são um pouco loucos ou não estariam lá.
Ela queria mostrar a beleza onde ninguém a via?
Ela queria denunciar a feiúra no que todos acham bonito?
Ela queria mostrar que os que estão sozinhos são na verdade uma multidão?
E que nenhum de nós está perfeitamente na média?
Ela queria ser mais um no meio de muitos?

Eu não sei o que ela queria. Mas mostrou que as singularidades podem ser universais.
Ela fotografou o que se esconde debaixo do tapete, deixando claro que ali também podem ser encontradas preciosidades.

O filme é bom. Completamente irreal e sem compromisso histórico, como aliás o diretor faz questão de avisar desde o começo. Mas a obra dela é ainda melhor. Só não recomendo pra quem tem estômago fraco. Por que as excentricidades que atraem o olhar são as mesmas que repelem o senso comum.

sexta-feira, março 09, 2007

Da comida, da fome, dos transgênicos

Segundo dados do IBGE, o Brasil produziu em 2006 mais de 620 milhões de toneladas de alimento. Nesta estatística entram só as principais culturas agrícolas (milho, soja, arroz, feijão, batata, cana, mandioca, laranja, amendoim, cebola, trigo, cevada, aveia, cacau). Reparem que grande parte da fruticultura e horticultura não está considerada e se formos somar todas as outras culturas menos importantes esse número vai aumentar significativamente.
Hoje existem no mundo cerca de 6,6 bilhões de pessoas (o número exato você encontra no
U.S. Bureau of the Census)

Dividindo essa quantidade de alimento pelo número de pessoas da Terra, temos 94 kg/pessoa. Se todos comerem muito, se cada um comer 1 kg por dia, isso significa que o Brasil sozinho produziu comida suficiente para alimentar TODA a população mundial por mais de três meses. Junte-se a isso a produção agrícola, nada desprezível, de mais alguns países como Canadá, EUA, Austrália, Argentina e fica evidente que existe um excedente de alimentos no mundo.

O
Departamento de Agricultura dos EUA nos informa que o mundo inteiro junto produziu só de grãos e sementes oleaginosas (milho, arroz, feijão, soja, amendoim e outras) pouco mais de 2 bilhões de toneladas (2 trilhões de quilos, o número exato vc encontra ). Dividindo novamente pelos 6,6 bilhões de humanos temos 364 kg/ano/pessoa. O ano não tem 365 dias? Dá pra todo mundo não só ficar alimentado como até engordar bem.

A fome que há no mundo não se deve de maneira alguma à escassez de comida ou a deficiências nas tecnologias agrícolas. A fome é causada pela pobreza. As pessoas passam fome, não porque não haja comida, mas porque elas não têm dinheiro para comprá-la. Há outros fatores, claro, desperdício, problemas de distribuição (transporte e conservação), alimentação animal (mais de metade de todos os grãos do mundo servem como ração animal), o excedente que é jogado no lixo pelos agricultores para forçar a alta de preços e impedir que tomem prejuízo. E, sobretudo, ausência de programas de combate à pobreza e uma política internacional justa e socialmente responsável.

E tem gente que ainda acha que transgênicos seriam a solução para a fome no mundo!
Vem cá, os transgênicos vão mudar esse quadro político-econômico-social-comercial-e-sei-lá-mais-o-quê?

Não, né? Eles vão, talvez, aumentar um pouco a produção, o que poderia, teoricamente, levar à redução de preços. Mas a gente sabe que o tamanho da produção não é o problema e que se o preço reduzir demais eles jogam a safra fora, mas não vendem baratinho pros pobrezinhos, não.

Então, pra soja transgênica chegar ao prato das crianças famintas do Sudão ou do nordeste, ela precisaria ter mais do que resistência ao glifosato, o herbicida randup. Ela precisaria ter asas.

Sei que estou simplificando tanto a questão alimentar quanto a questão agrícola, mas ainda ninguém conseguiu me convencer da real necessidade de se produzir transgênicos.

quinta-feira, março 08, 2007

Dia Internacional da Mulher

Todos os bofes da blogsfera resolveram nos homenagear oferecendo rosas nos posts de hoje!
Vocês são uns lindos, uns fofos, uns queridos! Adoramos, obrigada!

Mas aqui entre nós, amiga-irmã-dona-de-casa-mãe-que-trabalha-fora-ou-não, o meu presente para todas nós seria este:

Se a demanda aumenta e oferta é constante...

Existe uma quantidade fixa de água no planeta que é continuamente reciclada à medida que se evapora da vegetação, da terra e dos mares e é condensada e redistribuída pela precipitação (chuvas, neve, granizo, geadas, etc). A espécie humana usa agora, direta ou indiretamente, mais de metade de todo o suprimento de água doce acessível (não se consideram acessíveis as geleiras polares nem depósitos subterrâneos de águas fósseis). A água doce disponível per capita no mundo caiu de 17.000 m3 em 1950 para 7.300 m3 em 1995. Isso porque a população humana dobrou de tamanho no mesmo período e o suprimento de água, lembrem-se, é fixo. Nos próximos 50 anos estima-se que a população irá dobrar novamente, o que significa que a quantidade de água disponível para cada um de nós irá novamente se reduzir para cerca de metade.

Vocês têm noção do que é 7.300 m3 de água? Uma piscina olímpica que meça 50 x 25 x 5 m tem 6.250 m3. Ou seja, cada um de nós dispõe de uma piscina olímpica e mais um pouco (uma piscininha infantil) para atender a TODAS as nossas necessidades. Para beber, para tomar banho, dar descarga no vaso sanitário, lavar o carro e a louça, para irrigar as batatas e feijão e verduras e dessedentar os animais que nós vamos comer em todas as nossas refeições. Para gerar a energia elétrica que vc gasta na sua casa. Para resfriar os alto-fornos das siderúrgicas que fabricam o metal que faz o seu carro. Para refinar o combustível que vc vai queimar. Para todos os processos industriais que fabricam as coisas que vc compra. Para tudo tudo tudo que você gasta ou consome, gasta-se água. E essa água vem dessa sua reservinha de pouco mais que uma piscina olímpica.

Isso é por ano, fessôra?
Não queridinho, isso é pra sua vida inteira. Aliás, minto. Ao longo da vida, essa quantidade per capita só vai diminuindo porque tem cada vez mais gente no mundo que também precisa ter suas necessidades de comida, transporte, energia e vestuário atendidas e portanto vc vai ter que dividir sua reserva de água com mais gente, sobrando cada vez menos pra cada um.

E se a quantidade está ameaçada, a qualidade está comprometida. A água está deteriorada e é cada vez preciso ir mais longe para achar cabeceiras de boa qualidade que possam garantir o abastecimento urbano. Muitos rios não podem mais ser usados para irrigação de culturas de comestíveis, porque vão contaminar o alimento com metais pesados ou com coliformes fecais. E tratar água poluída e contaminada para ela se tornar novamente potável sai muito, muito, muito mais caro do que fazer a simples desinfecção em águas naturais de boa qualidade.


Ainda temos algumas reservas pouco exploradas. O aqüífero Guarani, por exemplo, verdadeiro tesouro debaixo dos nossos pés. Mas em alguns pontos ele já está contaminado por causa do excesso de nitrogênio e fósforo que chega até ele via lixiviação. E tem também a Amazônia, um mundo de água que concentra 20% (um quinto!) de toda a vazão fluvial do mundo. Mas essa água já está sendo usada na manutenção dos processos que perpetuam o ecossistema. Não seria possível desviar muito disso para as atividades humanas sem causar uma alteração significativa no ciclo hidrológico regional.


É claro que no mundo real a distribuição per capita não é homogênea. Muitos países africanos têm menos que 1.000 m3 de água disponível por habitante. Conflitos (diplomáticos e/ou armados) por causa da água já acontecem nesses locais onde o déficit hídrico é acentuado. Lembram-se do petro-dólares dos anos 70? Alguns economistas garantem que no século XXI veremos surgir os acqua-dólares.
Vocês ainda não estão apavorados? Pois comecem a ficar que a situação é grave. E façam alguma coisa a respeito.

terça-feira, março 06, 2007

"Não quero crescer nunca."

Bibi não quer crescer, tem medo de ser gente grande. Ela me pede pra deixá-la ser sempre criança. Eu falo que deixo, mas que não depende de mim. Conto que é bom crescer. Tento mostrar o que é bom no lado adulto da vida, explicando que tudo tem suas vantagens. Digo que, sendo grande, a gente pode comer só o que quiser, ir dormir na hora que tiver vontade. Que a gente pode dirigir carro e, melhor de tudo: ter filhos!
Mas ela não se deixa convencer. Não quer crescer nunca. Ela percebe a verdade atrás das minhas palavras confortadoras. Ela sabe bem que eu não faço só o quero. Ela vê que eu não levo a vida que planejei e desejava. Ela intui o quanto choro sozinha no quarto. Ela sente a minha frustração de sonhos falhados. Ela entende a dor, tristeza e raiva após aqueles telefonemas.
E por mais que eu disfarce e não me exponha, por mais que eu cante, que ria, que conte piadas, que leia historinhas, que faça cócegas, que invente distrações, ela sabe que a mãe não está feliz. E não quer crescer, não quer ser como eu, o modelo mais próximo que tem do que é ser uma mulher adulta.
Isso me deixa arrasada. Mas também me dá a intensa certeza de que é preciso fazer tudo e qualquer coisa para voltar a ser feliz, nem que seja para que minha filhinha não tenha mais medo de crescer.

segunda-feira, março 05, 2007

XI Congresso Brasileiro de Limnologia

O tema do CBLimno deste ano é: Integrando Ciências Aquáticas e Sociedade.
E quem disse que num congresso científico não cabe um pouco de poesia, ainda mais com um tema desses?
Aí eu, que nunca fiz análise literária na vida, que nunca estudei Letras, que nem entendo nada de Humanidades, resolvo mandar este resumo e apresentar o seguinte trabalho na área de Educação Ambiental:


Os Recursos Hídricos na Poesia de Língua Portuguesa

Maria Margarida Marques
Instituto de Ciências Biológicas/ UFMG.
mmarques@icb.ufmg.br

Neste trabalho procurou-se investigar as relações afetivas e emocionais dos seres humanos com os sistemas de água doce, através da literatura, e como essas relações evoluíram ao longo do tempo. A poesia é o gênero literário por excelência que prima pela expressão dos sentimentos e emoções humanas e foi, portanto, o gênero escolhido para o desenvolvimento do objetivo. Considerou-se também que a poesia é uma expressão cultural popular, tendo o poder de representar e universalizar sentimentos comuns a todo um povo em determinado momento de sua história e tem sido utilizada atualmente, na área de Educação Ambiental, como um instrumento de sensibilização e ferramenta promotora de reflexão sobre o meio ambiente.
Esta pesquisa restringiu-se a autores de língua portuguesa, na sua maioria de nacionalidade brasileira, mas também portugueses e de países africanos de língua oficial portuguesa. Foram procurados poemas cuja temática estivesse centralizada na figura de ambientes de água doce (rios, córregos, lagos, açudes, reservatórios e outros). O universo da amostragem foi todo o acervo da biblioteca da Faculdade de Letras/UFMG, da Biblioteca Central/UFMG e coleções particulares, abrangendo cerca de 1000 volumes e 200 autores, além de pesquisas na internet.
Encontrou-se um número muito grande de obras em que se fazia referência direta aos sistemas hídricos, mas em que estes eram usados apenas como metáforas ou analogias. Somente 51 poemas de 40 autores tinham como tema central o ambiente aquático. Nestes, a grande maioria referia-se a ambientes lóticos, ocorrendo apenas uma referência a sistemas lênticos e duas às águas em geral. Poucos poemas anteriores ao século XX foram selecionados, uma vez que neles os ambientes aquáticos eram apenas mencionados como elementos da paisagem sem, no entanto, terem maior relevância. Acredita-se que, no decorrer do século XX, a crescente urbanização e ameaça aos recursos naturais tornou as pessoas sensíveis, saudosas e desejosas de maior proximidade com os cursos d’água, elevando-os ao status de temas de interesse para uma obra poética.
A análise dos poemas registrou a ubiqüidade de sentimentos e emoções positivas em relação aos corpos d’água (amor, afeto, amizade, identificação, tranquilidade), não tendo sido verificado nenhum caso de sentimentos negativos, como temor ou hostilidade. Há, por parte dos poetas, uma grande sensação de familiaridade e intimidade com os rios, havendo vínculos históricos entre a vida dos autores e a presença do rio. Em muitas obras, os autores declaram ser sua a propriedade dos mesmos, tão forte é o laço afetivo que os une. Um grande número de poemas homenageia os rios por sua beleza e pelos seus serviços prestados aos humanos, refletindo o sentimento de gratidão e reconhecimento da sua importância para a manutenção da vida. Observou-se também uma tendência atual, iniciada a partir da segunda metade do século XX, de obras nas quais se denuncia o estado de degradação ambiental a que os recursos hídricos estão sujeitos. Nestas últimas, é freqüente o lamento dos autores pela perda de um importante recurso, expressa como a morte de um ente querido.

Palavras-Chave: recursos hídricos, sistemas aquáticos continentais, literatura, poesia, língua portuguesa.

Queridos, eu não tenho nem noção se isto está bom ou se está uma droga. Por favor, dêem sugestões, corrijam, critiquem, mandem poemas. Eu espero não passar muita vergonha na frente dos outros. Se bem que o público vai ser todo de biólogos, hidrólogos, sanitaristas, gente que não entende muito do assunto mesmo. No máximo, alguns professores que se dedicam a educação ambiental, mas sem muita ênfase em literatura.
Na apresentação, eu coloquei vários exemplos de versos para ilustrar cada um dos pontos que menciono, mas estou com medo que a coisa fique muito tipo "sarau poético".

quinta-feira, março 01, 2007

Só bobagem

Eu tenho implicância com salão unissex. Nem entro.
Senhores portadores de cromossomo Y, façam o favor de se dirigirem aos barbeiros. Não nos constranjam contemplando nosso miserável estado, com cabelos enrolados no alto da cabeça, presos com mil piranhas de cores duvidosas, pés descalços sendo lixados, mãos dentro de uma tigelinha de água quente e revista Caras no colo. Poupem-se desse triste espetáculo.
///---///---///---///

Eu adoro tomar café da manhã na padaria, o que sói acontecer apenas em alguns fins-de-semana, infelizmente. Café e pão fresquíssimos, muitas variedades de bolo, suco feito na hora. Delícia!
///---///---///---///

Como todas as pessoas normais, tenho horror a esses motoristas que grudam na traseira do meu carro e ficam piscando os faróis, pedindo uma passagem que, o mais das vezes, não posso dar porque a pista da direita está lotada. Vontade de perguntar se o apressadinho está indo tirar o pai da forca ou a mãe do bordel.
///---///---///---///

Muito me apraz quem conversa sorrindo; muito me incomoda quem fala sem olhar nos olhos.
///---///---///---///

Voltando da escola:
-Mamãe, eu tenho dois coleguinhas que vieram de outro planeta.
///---///---///---///

Jogando adedanha, Laurinha conta os pontos de todo mundo. A cada rodada, ela pergunta:
- Quem quer ganhar desta vez?

Ando desconfiada dessa pontuação, hehehehe. Mas, pelo menos, ela tem certo senso de equidade, o que já é o primeiro passo para o senso de justiça. Ela vai revezando os ganhadores ou faz um empate geral.
///---///---///---///


E eu quero que um raio me parta em duas se eu tentar outra vez ir ao cinema em sala de shopping durante o fim-de-semana.
Por que, por que, por que eu cometo sempre os mesmos erros?