Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

terça-feira, outubro 30, 2007

Tomou?

Fiquei com tanta raiva dessas empresas que envenenavam o leite. Ainda bem que nenhuma delas era rotineiramente consumida aqui em casa, embora algumas vezes tenhamos bebido a porcaria da parmalat.
E lembrar daquelas propagandas de bichinhos me deixa ainda mais danada da vida. Gastam fortunas em comerciais e colocam soda cáustica no leite?! Nunca mais compro nada da parmalat.
Vão todos tomar...
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Eu acho que todos os burrocratas do mundo vão pro purgatório quando morrem. E só podem subir para o Paraíso quando apresentarem uma declaração de perdão, por escrito, de cada uma das suas vítimas. Obviamente, a declaração tem que ser registrada em cartório, em formulário próprio, com firma reconhecida, em três vias (cópias autenticadas, claro) e constando toda a documentação do declarante.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Filme, livro e reunião

Vimos, gostamos e recomendamos: "Tá Dando Onda". Me divertiu muito, a trilha sonora é ótima e me deixou morrendo de vontade de pegar uma praia.
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Quando estourar o escândalo lembrem-se que eu fui a primeira a notar: o último livro do Richard Dawkins (Deus, um Delírio) tem vários argumentos plagiados do "A Mencken Chrestomathy" (1922), coletânea de ensaios do jornalista americano Henry Louis Mencken (1880-1956). Aqui no Brasil foi lançado como "O livro de insultos de Mencken" pela cia das letras.
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Me irrita a pessoa que se aproveita das reuniões na escola dos filhos para falar de si mesma, dos seus problemas na infância, das suas dificuldades escolares.
Criatura, aumente as horas semanais na terapia, mude de analista, sei lá, mas numa reunião com a professora da sua filha fala-se da sua filha, sacou?

domingo, outubro 28, 2007

Bibi, impaciente pelo doce que está na geladeira:
-Mãe, será que a gelatina já está madura?

E como fosse gelatina de limão, a resposta:
-Ainda está verde.

sábado, outubro 27, 2007

Trenzinho da Agonia

Toda mãe sabe que a maternidade é uma pagação de mico sem fim.
Como ter que subir naquele Trenzinho da Alegria que faz um roteiro ao redor da Praça da Liberdade e ficar sorrindo, batendo palminha e cantando junto com as crianças e aquelas criaturas grotescas usando fantasias da turma da mônica do mais alto grau de tosquice possível porque, afinal, as meninas adoram e não vou ser eu a estraga-prazeres do dia.

O terrível é que o circuito do trenzinho passa na porta de alguns dos lugares mais badalados dos fins-de-semana, freqüentados pelas figuras-mais-bem da cidade.
E se alguém me vê num momento trash total daquele? Um ex, um pretê, um conhecido qualquer? Nessas horas, ò, óculos escuros e nariz enfiado dentro do saco de pipoca.
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Eu já não sou tão jovem; não tenho um emprego estável; não tenho um companheiro ao meu lado; dinheiro, beleza e inteligência são em doses homeopáticas... mas me sinto tão satisfeita com a vida e comigo mesma que alguma coisa certa eu devo estar fazendo!

sexta-feira, outubro 26, 2007

O EM deu uma dentro!


Personagens

De vez em quando penso no que terá sido feito de certos personagens que se inculcaram na minha vida e de quem não tive mais referências. O que aconteceu com eles? Qual foi o seu destino, trágico ou alegre?, sofrido ou glorioso?

Terá a pequena que comia chocolates na Tabacaria de Pessoa se tornado obesa mórbida quando adulta?
Será que o bestalhão do Jonathan percebeu a burrada que fez e voltou para Adélia?
Me preocupa Leonor, tão formosa e não segura. Aconteceu alguma coisa com ela sobre a verdura?
Gosto de imaginar que Lili, a da Quadrilha de Drummond, se deu bem. Casou com J. Pinto Fernandes, a quem não amava, mas enviuvou cedo e viveu feliz para sempre, entre Paris, N. York e Rio de Janeiro, levando vida de madame.

Pensando bem, felizes foram Romeu e Julieta que morreram sem ter tempo de presenciar a decadência e decrepitude do seu amor. Olhem que quadro mais triste, a Julieta envelhecida, arrastando varizes e papada, reclamando e resmungando contra o Romeu quando este, careca e barrigudo, chega bêbado em casa depois de uma noitada com amigos e vadias e vomita no tapete.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Vejam como eu sofro

Acabei de fazer agora o roteiro da minha próxima viagem de trabalho:

BH- Varginha - Três Corações- Pouso Alegre- Lavras- Tiradentes- Conselheiro Lafayette- Ouro Branco- Ouro Preto- Mariana- Sta. Bárbara- Barão de Cocais- Timóteo- Governador Valadares- Tumiritinga- Caratinga- Córrego Novo- Dionísio- São Domingos do Prata- João Monlevade- BH

Tenho que percorrer a bacia do rio Grande e a do rio Doce.
Já fiz a do Jequitinhonha, do rio das Velhas, do São Francisco e do Paraíba do Sul.

Como não dá pra fazer tudo de uma só vez, pra cada bacia ia gastar umas duas ou três semanas, vou aos pouquinhos, quase toda a semana uns dois ou três dias fora.
Ficaram com dó?

terça-feira, outubro 23, 2007

Sua mente pode matar... de tédio.

Só mesmo sendo genial, ou pelo menos muito bom, para escrever romances psicológicos ou contos e poemas intimistas que prestem. Porque, cá pra nós, o mundo exterior é muito mais interessante, intrigante e variado do que a mente da maioria das pessoas.
Estou lendo um sujeito merecidamente obscuro e o livro custa a acabar. Tudo se passa na cabeça do protagonista e, na verdade, não se passa quase nada. Dá vontade de gritar: “Vai pra vida, escritor!”
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Ainda não vi Tropa de Elite, mas já li tantas análises, críticas, opiniões e julgamentos a respeito que acho que nem vale a pena assistir mais.
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Filhos crescem. E eu acho ótimo que elas estejam cada vez mais independentes, autônomas, precisando menos de mim. O único problema é que elas estão a cada dia mais difíceis de enganar.

Antes, até outro dia mesmo, se elas pediam pra ir no mcd*nald e ameaçavam uma birra, eu dizia “ah, vamos pedir por telefone e eles entregam”. Enquanto as duas se distraíam no quarto, eu assava no forno uns hamburgueres de peru light, fatiava e lavava tomate e alface orgânicos e montava o sanduíche com queijo minas fresco e pão daquela padaria que não usa aditivos químicos. Embrulhava tudo em guardanapos coloridos e avisava que o moço da entrega tinha acabado de deixar. Um lanche saudável, fresquinho e gostoso que elas adoravam!

Hoje elas não caem mais nesse truque, em compensação já entendem o que é bom pra saúde e não se queixam tanto por eu não deixá-las comer lá. Aliás, a Bibi sempre que vai experimentar uma coisa nova faz questão de me perguntar: “isso é saudável ou é porcaria?” O que não a impede de comer, caso seja uma porcaria apetitosa...
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E finalmente chove...

segunda-feira, outubro 22, 2007

Domingão, literatura e arte

Crianças + Piscina + Tarde de Sol = garantia de sono tranqüilo por 14 horas
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Barthes e George Orwell

Um bocado de gente que eu admiro admira Roland Barthes. Então lá fui eu me aventurar no desconhecido e ler esse importante escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês. E me deparo com parágrafos assim:

“Há demasiado heroísmo em nossas linguagens; nas melhores - penso na de Bataille -, há certo heroísmo insidioso. O prazer do texto (a fruição do texto) é, ao contrário, como que uma obliteração súbita do valor guerreiro, uma descamação passageira dos esporões do escritor, uma parada do “coração” (da coragem).”

Mas, hein? heroísmo insidioso, obliteração do valor guerreiro, descamação passageira dos esporões do escritor? Que diacho ele quis dizer com isso? Isso não faz sentido, nem isoladamente, nem no contexto junto com os demais parágrafos criptografados. Achei, claro, que o problema era comigo. Fui procurar quem já leu tudo dele e pedi pra me traduzir a citação acima. Recebi uma aula sobre teoria da Literatura e da Linguagem, mas aquilo ali especificamente ninguém conseguiu me dizer ainda o que significa. Deve ser coisa simples e até interessante, se fosse dito de maneira clara e acessível.

Mas ainda assim achei muito interessante ler Barthes criticando a juventude francesa por ler pouco, assim como George Orwell com os jovens ingleses (o que diriam eles dos brasileiros?). A diferença é que Orwell temia que a nova geração inglesa se tornasse mal-informada, alienada e perdesse o senso crítico. Já Barthes lamentava que a França se tornasse uma nação frígida, incapaz de apreciar um dos grandes prazeres da vida que é o da leitura.
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A Fal está abrindo inscrições de novo para o seu curso virtual! Recomendo muito.
Não perca a chance de se tornar ainda mais refinado.
Ou de deixar de ser tosco.
Olha a ementa das aulas e corre .

ARTE NA HISTÓRIA
Aula I
Arte. Que é isso?
Algumas teorias sobre o surgimento da arte.
Pedra lascada, pedra polida.
A vida como nós a conhecemos: as primeiras civilizações
No princípio era o verbo
Dos tijolos sumerianos aos jardins suspensos da Babilônia, passando pelos gatinhos do Egito.
Os números da Maloca
Tantos povos, tantas histórias: persas, minóicos, micênicos, hititas, lídios,
edos, dóricos fenícios, cartaginenses e, ufa, hebreus
Aula II
Se oriente rapaz I: China e Índia
As crianças da Grécia
Os geniais etruscos
Roma e a não-arte
Aula III
Balaio de gatos: bárbaros germânicos, arte românica, gótica e a Idade Média
Construindo catedrais com a Ana Paula
Se oriente rapaz II: Japão
Aula IV
Humanismo
Grandes navegações: o mundo diminui
A terra é mui graciosa, tão fértil eu nunca vi
Apertem os cintos, o Papa sumiu
Aula V
O barroco francês, Rembrandt, Bach e outras coisas do século XVII que fazem meu coração sorrir
Bebendo café com o Mauro
Aula VI
Carneirinho, carneirão: o Arcadismo
Born in the USA
Eu sou Napoleão Bonaparte
Linha de montagem
Aula VII
Vizinhos Reais
Noutras palavras, sou muito Romântico
Romantismo Português, ó pá!
Eu te amo, porra! - Romantismo no Brasil
Evolução: 'Sua mãe pode até descender dos macacos, mas a minha não'
Aula VIII
A vida como ela é: O Realismo
A Natureza é tão natural
Simbolismo
Lerê Lerê
República ou morte
Impressionante
Freud, explica!!
Aula IX
Século novo, vida nova
Espartilhos e grandes bigodes: a Primeira Guerra Mundial
Futurismo, cubismo, dadaismo: é ismo que não acaba mais
Modernismo: Brasil e Portugal
Derretendo relógios
Fazendo moda, fazendo arte
Nós cantamos na chuva
A Segunda Grande Guerra
Baby boom
O anjo pornográfico
Aula X
Flower Power, o passaporte pra revolução
As veias abertas da América Latina
Coca-cola é isso aí: a publicidade e o divino, e as malas da Carla San
Moda, cinema, literatura, poesia, arquitetura, teatro, pintura, escultura, publicidade, rádio: stress puro ou seu dinheiro de volta.
O Havaí seja aqui : internet, a nova arte e o diário coletivo
De volta à pintura de paredes: os novos urbanos

domingo, outubro 21, 2007

Primeiro Encontro Ideal

O google me traz montes de leitores através da busca pelas palavras-chave: “primeiro encontro ideal”. Então, para que os que aqui vêm não saírem de mãos abanando e já que parece que tem muita gente insegura em relação a esse momento terrível mas vital, vou dar uma ajuda.

O cenário

Vocês estão só se conhecendo, ainda não rolou nada ou quase nada além de um climinha. Nesse caso, escolha um lugar onde se possa conversar. Nada de multidões, nada de turma de amigos, nada de barulho infernal. Esqueça os restaurantes, bares e baladas super na moda e vá para um lugar mais tranqüilo. Sugestão: combine um cineminha antes. Só pra garantir que não vai faltar assunto.

O figurino

Óbvio, vista-se de acordo com o lugar, a hora e a temperatura. E preocupe-se com a imagem que você quer passar. Se quer fazer o estilo romântico, não se esqueça do vestido de babados. Se quer fazer o estilo sexy e fatal, AHAZE no modelão. Só não vale propaganda enganosa, não perca a autenticidade. Por exemplo, se vc é bicho-grilo não force a barra pra parecer um executivo com carreira em ascensão. Se você é perua, assuma, não se disfarce de modernete só porque acha que é isso que vai agradar.

O roteiro

O natural é que vcs falem de vcs. Cada um diz do que gosta e não gosta e conta um pouco da sua história pessoal. Comente assuntos da atualidade e dê sua opinião (leia um jornal antes, se preciso for). Mas ò, é diálogo, viu? Um fala, outro fala. Nada de ficar horas discorrendo sobre sua maravilhosa pessoa, pra isso servem os blogs e os analistas. E faça perguntas, demonstre curiosidade, não tem quem não goste de ser alvo do interesse alheio. Cuidado só pra não ficar parecendo interrogatório.

The question

Sexo no primeiro encontro? (tem gente que ainda se preocupa com isso)
Se o encontro foi realmente O IDEAL, sim. Se não foi, talvez. Se passou longe do ideal, deu tudo errado e vocês se detestaram, claro que não.

Ou então

Sei lá, faça tudo ao contrário. Pra essas coisas não existem regras, falou?
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E tenho o prazer de anunciar que o visitante № 10.000 deste blog foi alguém de Ubatuba SP, que veio parar aqui procurando por “cotas universitárias”, não ficou nem um segundo e provavelmente não vai voltar.

(10.000 desde março deste ano que foi quando eu coloquei esse contador)
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Frase da Semana

“Nanotecnologia é a desculpa dos físicos para fazerem química.”

Isso foi num seminário sobre nanotubos de imogolita. Interessantésimo!

sexta-feira, outubro 19, 2007

Mais dois dias fora

Estava quente e seco em BH esses dias pra trás, mas ninguém consegue imaginar o braseiro que estava de Curvelo pra cima. Eu não suava em bicas porque o suor pura e simplesmente evaporava antes de me encharcar, deixando a pele salgada e curtida. A minha linda cútis ficou com o aspecto de uma banana-passa. E olha que, de hora em hora, eu parava para beber água, suco, água de côco e passar hidratante com protetor solar.

Do que vi, me agradou:


- o canto do avestruz. Eu não fazia idéia que esses bichos emitissem ruídos, mas quando fui tirar fotos nessa fazenda de avestruzes, um macho enorme veio pra perto do cercado, inflou o pescoço e cantou! Não consigo descrever bem como é o barulho que ele faz, algo entre um uivo e a sereia de um barco; ou melhor, uma buzina. É isso: os avestruzes buzinam!

- a tendência ao exotismo de certas pessoas. Não bastassem as criações de avestruzes, de pôneis e de vacas miniatura, desta vez eu vi uma fazenda de...lhamas! Não sei é como esses animais, feitos para as altitudes dos Andes, suportam bem o sertão mineiro.

- o habilidoso boiadeiro que, com meia dúzia de manobras a cavalo e uns pares de gritos, juntou todo um rebanho que se espalhava na pista asfaltada, enfileirou o gado no acostamento e ainda fez os animais darem meia-volta-volver e caminharem na direção certa. Não deve ser qualquer um que é capaz disso!

- o exímio manobrista de escavadeira que desimpediu de troncos e toras uma estrada para nós. Manipulando ao mesmo tempo as duas “conchas” (a grandona da frente e a pequena de trás) e aquelas “pás” laterais, ele era capaz de movimentos absolutamente precisos e delicados, capaz de pegar até mesmo gravetos. Fiquei com a impressão de que ele poderia comer um sushi com aquela máquina enorme.
-o senhor de idade que passou por nós num cavalinho em marcha e me cumprimentou pondo o chapéu ao peito. Achei lindo!

Do que vi, não me agradou de jeito nenhum:

- o mau-cheiro e a cor da água do rio das Velhas a partir de Corinto.


-os muitos peixes mortos nas margens. Num trecho de apenas 100 metros ao longo do rio eu contei mais de 50.

Depois, eu que sou alarmista, os ecólogos que são todos terroristas, né?
Vai vendo onde a gente vai parar...

quarta-feira, outubro 17, 2007

Trivial variado

Nunca simpatizei com a mania dos pediatras e enfermeiras me tratarem por “mãe” quando estou com as minhas filhas. Mas ser chamada de “mamãe” pelo veterinário do gato foi demais! Ou será que ele estava me achando uma “gata”?
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Na última semana,
Terminei de ler "Deus: um Delírio", do Richard Dawkins: razoavelmente bom
Comecei e terminei "Goa ou o Guardião da Aurora", do Richard Zimler. Achei muito mais ou menos. Achei péssima a reconstituição da época, ao contrário do que alguns outros leitores falaram por aí.
Comecei e ainda não terminei "O Último Encontro", da Catherine Clement. Também estou achando mais ou menos. Na verdade, é o piorzinho dela que li até hoje.
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Andam rolando altos barracos por aqui. Ambiente de trabalho tenso. Como não é comigo, não interfiro. Mas avisei ao Chefe que não ia me envolver mais com o projeto da barraqueira-mór. Tirei o meu da reta mesmo.
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Vão, sem perda de tempo, assistir ao filme da Piaf. Pela primeira vez na vida vi a platéia de um cinema bater palmas após o filme!
Vão, vão, vão, e deliciem-se, inspirem-se, emocionem-se! Eu ri, chorei, cantei (baixinho pra não incomodar ninguém) e saí de lá com vontade de ir dançar no Elite!

segunda-feira, outubro 15, 2007

Celebrity Show

Não conheço de perto nenhuma pessoa famosa, tipo estrela da televisão. Já vi o Jô Soares e o Ângelo António (quem?) de longe no aeroporto, já me apresentaram o Tom Zé e o Emílio Santiago em shows, e só. O máximo de intimidade que já cheguei com uma celebridade foi com aquela gatinha preta que aparecia na abertura da novela A Gata Comeu, nos idos dos anos 80, lembram? Essa eu peguei no colo e fiz carinho.
Mas a empresa de transporte que presta serviço para o meu projeto de pesquisa também é contratada com freqüência por produtoras de televisão e cinema e agências publicitárias. Os motoristas que me levam em viagem conheceram e conviveram por algum tempo com atores e atrizes conhecidos do grande público. Eles têm histórias escabrosas de bastidores para contar e, claro, adoram contá-las. Então, ando sabendo de cada bafão dos globais que vcs não imaginam: quem fuma, quem cheira, quem dá e pra quem, quem é arrogante, estúpido e maltrata os motoristas e outros prestadores de serviços.
Mas como eu não estou aqui pra falar mal de ninguém e, muito menos, ser processada, vou contar só o que ouvi de bom. Segundo os motoristas, aqueles que são educados, gentis, sem frescura e ultraprofissionais são: Irene Ravache, Patrícia Pilar, Pedro Bial, Daniel de Oliveira.

Viajar muito a trabalho é interessante, enriquecedor e tudo o mais. Mas cansa. Este feriado, por exemplo, todo mundo descansando e eu na estrada. E minha casa anda ao Deus-dará, não consigo manter nada em ordem. E não tenho mais vida social, porque nos fins-de-semana que não estou com as filhas, estou em trabalho de campo. Não consigo ir aos encontros com as amigas, perdi a festa de aniversário da amiga-irmã, quase não vou mais ao cinema. E o biorritmo fica todo descompassado por causa da irregularidade do sono e das refeições, ou seja, estou engordando. Enfim, nada pode ser perfeito.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Criancices e armações

Bibi estava toda entretida no quarto mexendo com suas panelinhas.
- Brincando de comidinha, filhinha?
- Não, mãe. Tô preparando um veneno.
- !!!!!

As duas vêm ter comigo na sala:
- Você não gosta de zangar com a gente, né mãe? Nem de ter que brigar com a gente, né?
- Claro que não, meus amores.
- Então não entra no nosso quarto agora, tá?
- !!!!!
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Parece que tudo neste país é uma farsa, em tudo tem armação.
No outro dia, um rapaz me contava de um tio dele que explora essas máquinas de caça-níqueis. Eu, toda-boba, toda-ingênua, comentei: "Nossa, mas e se a polícia descobre e apreende as máquinas? Seu tio tá perdido!"
E ele: "Que nada! Tá tudo esquematizado. Eles vão lá de tempos em tempos e recolhem tudo, mas nesse tempo dá pra ele recuperar o investimento, juntar dinheiro pras máquinas novas e pras multas e ainda tirar um bom lucro."
E meu queixo, mais uma vez, caiu no chão e quicou 3 vezes.

terça-feira, outubro 09, 2007

Surto materno e delírio.

E eu que achava que me preocupava demais...
Perguntei por uma antiga conhecida que teve bebê há uns poucos meses. Me contam que a moça surtou, está paranóica com a saúde da criança que, felizmente, é normal e está muito bem. Pelo menos por enquanto.
A recém-mamãe não deixa ninguém, exceto ela e o marido, pegar o bebê no colo. Nem as avós. Ela usa uma máscara, como a dos médicos, para cuidar da filha. Nas consultas de rotina mensais vai a três pediatras diferentes, para ter três opiniões. A criança raramente sai do quarto. Ela desistiu de trabalhar e quer passar o resto da vida se dedicando à menina.
Pobre criaturinha. Essa sua mãe precisa de ajuda urgente, mas não aceita conselhos e sugestões de ninguém. Fiquei com dó.
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Estou lendo "Deus, um Delírio".
E acho que Richard Dawkins, como historiador e filósofo, é um ótimo biólogo.

domingo, outubro 07, 2007

Emma Zunz

Não sei por quais critérios os professores de literatura escolhem esse ou aquele conto (ou romance, ou poema) de um autor para discutir com seus alunos. Mas o prof Idelber Avelar propôs “Emma Zunz” do Jorge L. Borges e convidou quem quisesse a falar sobre ele.
Eu nem me lembrava mais do conto, tive que reler. E pela segunda vez tive a impressão que era um dos mais fracos da obra, ou um dos que menos gostei. Não é um conto “fantástico”, não tem nem tigres ou labirintos, pareceu-me que Borges quis tentar algo mais sólido, algo allanpoeniano de que ele tanto gostava. Enfim, acho que ele quis fazer uma história policial mais tradicional e não se saiu tão bem quanto de costume. Porque a única coisa totalmente irreal é a protagonista ter saído impune do seu crime.
Vejam bem:
1-Emanuel Zunz não era um funcionário qualquer da fábrica, visto ter acesso ao caixa da empresa.
2- Nada no conto dá a entender que a vítima costumeiramente molestasse suas empregadas, pelo contrário, “Aaron Loewenthal era, para todos, um homem sério;...”
3- Emma não trocou o seu sobrenome, era conhecida pelo patrão como “operária Zunz”.

Nesse caso como pôde a polícia, e as pessoas de modo geral, não associar de imediato o nome da operária Emma Zunz ao nome do funcionário graduado Emanuel Zunz, acusado de desfalque do caixa apenas 6 anos antes, ou pouco mais que isso, já que Emma tinha lembranças exatas do período, sendo à época do crime uma moça de 19 anos incompletos? O evento do desfalque não deve ter sido coisa de pouca monta; pelo contrário, deve ter causado escândalo público, tendo havido auto de prisão e fuga do suspeito para o Brasil.
Ora, então uma operária cujo pai esteve envolvido há pouco tempo numa falcatrua financeira mata o patrão de ambos, “homem sério”, e ninguém desconfia de nada?!
Ainda de um ponto de vista ultra pragmático, há mais um motivo para o conto não funcionar para mim. Se Emma tivesse matado Aaron antes de ter sido violentada podia ser inocentada com base em legítima defesa. Mas tendo matado após o suposto defloramento isso seria considerado como vingança pela justiça e ela deveria ir para a cadeia.

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Esta semana Bibi teve conjuntivite, gripou e, descobri agora, está com ... piolho, argh.
Recebi uma cartinha da escola avisando que havia uma infestação na sala da Laurinha. Catei a mais velha e não achei nada. Por desencargo de consciência, fui catar a mais nova também e lá estava um bichinho.
O que não é o poder da sugestão, não é minha gente? minha cabeça começou a coçar na hora, desesperadamente (espero que seja só sugestão...). Nesta casa vai todo mundo entrar de cabeça no kwell.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Em crise

Bateu uma crise existencial braba por causa da viagem ao Jequitinhonha.
É que sempre acalmei minha consciência pequeno-burguesa com o discurso de estar trabalhando para o bem da humanidade ao me dedicar à ciência e aos recursos hídricos. Ou seja, o meu tempo, minha energia, meu conhecimento seriam sempre usados para algo que pudesse melhorar a vida dos seres humanos de forma geral; acima de interesses pessoais, acima da luta de classes, etc.
Aí de repente, eu me vi confrontada diretamente com a pergunta que o tiozinho me fez: "vai trazer melhoria pra nós?" Eu fiquei com tanta, mas tanta vergonha... Porque eu faço pesquisa e tenho bolsa paga com dinheiro público; com dinheiro dele, do tiozinho. E como é que eu vou mentir? E como é que vou dizer a verdade? Como é que vou explicar que não, no tempo que ele ainda tem de vida, não vai ver nenhuma melhoria proveniente do meu trabalho. E talvez ninguém nunca veja, porque eu, como pesquisadora, apenas forneço subsídios técnicos, em forma de dados e análises, que podem ou não vir a embasar decisões políticas que, estas sim, podem eventualmente melhorar a vida de alguém.
Mas a tomada de decisão passa por esferas muito distantes de mim. E naquele momento eu me senti tão supérflua, tão inútil. Lá estou eu ganhando muito mais do que ele (com dinheiro dele) e sem poder dar garantia nenhuma de que aquele trabalho vai servir pra alguma coisa. E toda essa discussão é muito abstrata, muito distante da realidade de quem está todo dia batendo enxada na terra dura.
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Lojistas põem na vitrine seus melhores produtos ou aqueles que têm mais saída, né?
E você vê que tem alguma coisa muito errada numa região onde as funerárias expõem na calçada preferencialmente caixõezinhos brancos de 1 metro de altura.

terça-feira, outubro 02, 2007

Aqui me tens de regresso

Estive em Lelivéldia e lembrei de vocês.
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Eu tinha pensado em vários posts engraçadinhos e espirituosos para rirmos juntos. Mas, de Araçuaí para cima, fui perdendo a vontade de brincar.
Por causa das muitas queimadas que vi. E dos rios secos. E da miséria absoluta e degradante que corrói a bela paisagem. E dos vários acampamentos de sem-terra onde a indigência se aglomera. E da pobreza generalizada. E por causa de Itinga, a cidade com menor Índice de Desenvolvimento Humano de MG, onde as pessoas bebem a água do poço de dessedentação de animais. E das muitas adolescentezinhas grávidas ou com bebês de colo. E dos homens e rapazes na porta dos bares desde as dez horas da manhã, sem emprego, sem trabalho, sem serviço, bebendo para esquecer que no pó seco não cresce nada. E das mulheres que seriam ainda jovens e bonitas se tivessem ao menos os dentes da frente. E das criancinhas nuas com o rostinho manchado pelas verminoses. E das escolas abandonadas. E das vacas magrinhas, que parecem estar ruminando pedra, tal é a aridez das pastagens. E das lavadeiras batendo roupa na água suja. E por causa do velhinho, montado num jegue, que quis saber o que eu fazia e, ao me ouvir, perguntou: "e vai ter melhoria pra nós aqui?" e eu engasguei com a resposta.
Porque, saber, todo mundo sabe que o vale do Jequitinhonha é uma região pobre, mas estar lá e ver é muito diferente.
Desculpa aí moçada, mas fiquei sem vontade de rir.