Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quarta-feira, abril 30, 2008

Onírico

Esta noite sonhei que entrava em casa e tinha um cavalo doente, agonizando, deitado na minha sala de visitas. E um policial da cavalaria veio bater na minha porta querendo saber o que o cavalo dele estava fazendo ali!

Herr Doktor, eu sou normal?

terça-feira, abril 29, 2008

Abstrato


(Maria Helena Andrés)

Por que tantas pessoas têm tantas restrições à arte contemporânea, principalmente em relação à pintura abstrata, justamente a que mais me agrada?
Posso antecipar algumas respostas, como a falta de um significado óbvio: "Isso (a tela) não me diz nada."


(Fernando Lucchesi)

Discordo dessa necessidade de significado. Uma obra de arte não tem necessariamente que dizer nada. Sua função pode ser apenas estética, no sentido de agradar aos sentidos (notadamente a visão), de emocionar pela beleza, pela harmonia, ou pela feiúra, pelo caos que evoca. Mas de alguma maneira provocar sensações e através delas, quem sabe?, despertar emoções e sentimentos.


(Celso Renato)

E questiono mais ainda a necessidade do óbvio. Por que uma obra de arte deveria ser óbvia?
Um quadro com uma criança chorando, com olhos do tamanho de pires, é tão absurdamente óbvio que deixa a desejar num outro quesito básico da função da arte: nos instigar, intrigar, deixar perplexos, fazer-nos procurar conexões e referências dissimuladas. Quem nunca quis saber nada sobre arte moderna pode estranhar o que vê numa galeria, mas se tentar entender a trajetória do artista e do período em que produziu determinada obra vai ser capaz de apreciá-la.


(Maria Helena Andrés)

E mesmo que não queira tentar entender nada, tudo bem.
As telas têm luz, têm cor, têm movimento, têm leveza, graça. Isso não basta para serem agradáveis aos olhos, para serem apreciadas como coisas belas?
Quando se ouve música instrumental não se exige que a música "diga" alguma coisa, que tenha significado direto. Ou alguém sabe o que Chopin e Bach estão dizendo em suas sonatas e noturnos? A música simplesmente entra pelos ouvidos e nos faz bem, nos dá prazer, nos traz sensações agradáveis.

O mesmo com um bom quadro abstrato: entra pelos olhos adentro e ilumina a mente e a alma e me deixa feliz.

segunda-feira, abril 28, 2008

Answer

Escutem, muito lindo!

Answer (Sarah McLachlan)

I will be the answer
At the end of the line
I will be there for you
While you take the time
In the burning of uncertainty
I will be your solid ground
I will hold the balance
If you can't look down

If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth it
Worth it in the end
Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all gone out
You'll still be burning so bright

Cast me gently
Into morning
For the night has been unkind
Take me to a
Place so holy
That I can wash this from my mind
The memory of choosing not to fight

If it takes my whole life
I won't break, I won't bend
It will all be worth itWorth it in the end'
Cause I can only tell you what I know
That I need you in my life
When the stars have all burned out
You'll still be burning so bright

Cast me gently
Into morning
For the night has been unkind
///---///---///---///

Esta música é a única coisa que se salva do filme Valente, aquele último com a Jodie Foster.
Aliás, ando com um azar terrível para escolher filmes. Os que tenho visto foram todos péssimos e isto inclui o incensado Juno, a aberração Casanova, o pretensioso Elizabeth e mais uns poucos de cujo nome não me quero recordar.

sexta-feira, abril 25, 2008

No meio do mato

Por falar em trabalho ingrato, nem tudo são flores quando faço trabalho de campo. Há também espinhos e carrapichos. Nesta última viagem, por exemplo, a casa que nos serve de alojamento estava infestada de ratos e morcegos. Tínhamos que sentar à mesa com as pernas cruzadas sobre a cadeira e a cabeça baixada sobre o prato de comida porque uns corriam pelo chão e outros davam rasantes pelo ar. Mas isso nem é o pior.

Medonhos mesmo são os seres humanos. A vez em que tive mais medo no meio do mato (tirando o ataque de abelhas, mas conto esse caso em outro momento) foi quando topei com um grupo de jagunços mal-encarados que veio assuntar o que eu fazia. Estávamos no médio Jequitinhonha, região de muito garimpo clandestino onde o povo não é pra graças e mata só pra ver pra que lado o outro cai, a uns bons 50 km de estrada de terra do lugarejo mais próximo. Paramos na beira do rio e eu fui começar a coleta quando vários motoqueiros aparecem do nada e cercam o carro com as motos. Eu já estava no rio, com água pelos joelhos e quando olho pra margem, estão lá sete sujeitos de braços cruzados, cara amarrada, olhando fixamente para mim. Não vi nenhuma arma de fogo, o que não quer dizer que eles não as tivessem.

Fui fazendo as contas mentalmente: “três deles dão conta do motorista (que era grande e parrudo), um só basta pra liquidar o R. (o estagiário magrelo que me acompanhava), outro é suficiente para acabar comigo e ainda sobram dois.” Cheguei a cogitar em me atirar à água e ir a nado até a Bahia, apenas uns 100 km de corredeiras. Aí, fiz a minha cara mais boazinha, dei o meu sorriso mais meigo, e fui puxando papo, explicando o que estava fazendo, nada de ouro nem pedras, só bichinhos, só pesquisa, etc. Eles foram relaxando, descruzaram os braços, alguns chegaram a ensaiar um sorrisinho, perceberam que eu era inofensiva, mas não deram nenhuma explicação sobre quem eram ou o que faziam ali naquele ermo. Provavelmente estavam a serviço dos donos das terras ou de um grileiro, sei lá.

Na volta, ainda fizeram questão de acompanhar o nosso carro por cerca de 20 km.

Profissões ingratas

1- Atendente de telemarketing.
Ok, eles são chatos e inconvenientes. Mas com certeza não fazem aquilo por gosto, precisavam de emprego e pegaram o que apareceu. Já imaginaram ficar o dia inteiro sentado na mesma cadeira, repetindo a mesma coisa vezes sem conta? E os desaforos que eles devem ouvir? Morro de dó!


2- Distribuidor de panfletos nos sinais.
Também são chatos, enchem meu carro de lixo todos os dias. Mas já não tenho coragem de recusar porque eles ganham por número de papéizinhos que entregam. São vigiados por fiscais e não podem simplesmente jogar a pilha de papel no lixo nem distribuir de dois em dois ou três em três (coisa que eu certamente faria). Imagina o que é ficar andando 20 metros pra cima e pra baixo o dia inteiro, faça bom ou mau tempo e encarar a janela e a cara fechada dos motoristas? Ruim demais, coitadinhos.


3- Anunciante vestido com fantasia tosca dançando no meio da rua.
No caminho pro meu trabalho todo dia encontro três dessas criaturas. Um está vestido com uma fantasia felpuda de cachorro, anunciando os serviços de uma empresa de vigilância; outro usa uma fantasia de pelúcia de baleia orca, anunciando uma concessionária de carros e o último pobre coitado veste-se de COLCHÃO!!! O mico e o calor que eles devem sentir ali dentro, dançando e acenando pra todo mundo... O único pensamento consolador que devem ter é: “pelo menos ninguém me reconhece”.

Senhores publicitários e marketeiros, tenham pena dos seres humanos ao elaborar suas estratégias de publicidade.

quinta-feira, abril 17, 2008

Good news

Então, finalmente uma boa notícia: semana que vem vou pro Parque do Rio Doce!
Vou sair desse caos, dessa lama, dessa poluição, desse barulho, desse trânsito e vou ficar toda-linda, toda-tuda, refestelada em meio às lagoas da Mata Atlântica, sem celular, sem televisão, sem internet!!!
Urbanizem-se de inveja!
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Outra ótima novidade: tem gente nova e bacana na blogsfera!
Vão lá conhecer o blog da minha amiga Muxibox.

quarta-feira, abril 16, 2008

Pronto, emburrei.

Duas vezes ao dia atravesso esta cidade e todas as suas horas.
Em uma vida não há tantas esquinas e sinais.
Estou mais perto da velhice que da minha casa.

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São apenas 8 e 15 da manhã.
E se hoje tiver mais alguma notícia ruim eu juro que vou emburrar.

terça-feira, abril 15, 2008

Sempre tem

na geladeira:

Leite desnatado pra mim
Leite integral para as meninas
Frutas que podem ser comidas com a mão
Verduras variadas, menos as muito amargas
Manteiga, que eu detesto margarina
Peixe

na despensa:

Café
Chás de mil coisas (camomila, erva-doce, hortelã, erva-cidreira)
Bolachas doces para as meninas
Água e sal para mim
Farinha de trigo integral
Pipoca para microondas

Nunca entra:

Refrigerante
Salgadinho de pacote
Bebida destilada
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O fato é que ninguém sabe nada de nada. Desde sempre ouvi falar que alongamento e aquecimento eram indispensáveis antes de se fazer exercício físico. Pois agora a professora de natação das meninas vem me contar que pesquisas recentíssimas da Medicina Esportiva indicam que estirar os músculos pouco antes de contraí-los numa atividade que exige força é prejudicial ao desempenho e à eficiência da prática.

Então tá, fico aqui esperando pelo dia em que os pesquisadores da área de saúde descubram que cigarro faz é bem!

Recados com destinatários certos

Destinatário 1
Você não entendeu nada mesmo. Mas estou cansada de explicar de novo.
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Destinatário 2
Quando te digo "boa sorte" eu quero é que você quebre a perna.
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Destinatário 3
Sei que tá difícil. Por favor, não desista.
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Destinatário 4
Não se sinta mal por não gostar de mim. Eu também não vou muito com a sua cara.
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Se ficar na dúvida é porque o recado não é seu.

segunda-feira, abril 14, 2008

Eu tinha intenção de escrever alguma coisa sobre os livros que li nestas últimas semanas:
O Homem Lento, do nobelizado Coetzee
A Doença da Morte, O Homem Sentado no Corredor e O Amante, os três da Marguerite Duras.

São muito bons e me deixaram com vontade de discorrer sobre algumas questões. Mas, já viram, peguei agora o Anedotas do Destino da Karen Blixen, então estou muito ocupada, fica pra outra vez.
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A conjuntivite da Bibi fez que ia melhorar e deu uma piorada.
Não aguento mais médicos que não resolvem nada, remédios que não resolvem nada e doenças que nada resolve.

sábado, abril 12, 2008

Esgrima

Uma equipe de esgrimistas foi se apresentar na escolinha das meninas. E a Laura me aparece com um papel no qual estão os autógrafos de todos. Achei meio demais esse lance das crianças pedirem autógrafos, não gosto de culto a celebridades.
Mas quando vi os atletas, quase sugeri a ela: "Da próxima vez, pede também o telefone!"
:)

sexta-feira, abril 11, 2008

Morango com xuxu


Tenham um ótimo fim-de-semana!

quarta-feira, abril 09, 2008

Sou mulherzinha.

Fiquei com essa questão na cabeça, sabem? Que tipo de mulherzinha lê Cláudia e que tipo de mulher sou eu.
Fazendo uma auto-crítica muito severa, tenho que confessar que eu não sou muito diferente das mulherzinhas que lêem essas revistas femininas. De fato, algumas das preocupações e interesses da minha vida pessoal (vou deixar o lado profissional de fora) estão descritas ali, embora de forma muito estereotipada e superficial. Somente por isso eu não leio as revistas femininas: não porque os assuntos não me interessem, mas porque a linha editorial é sempre mal-conduzida.

-quero criar bem minhas filhas, sendo que nesse "bem" estão incluídos desde os bons modos à mesa até a consciência social.
-quero ter um bom relacionamento com um companheiro e isso inclui uma vida sexual ativa e prazeirosa.
-quero consumir, óbvio. Quero (e preciso) me vestir, comer, um meio de transporte, lazer. E de preferência coisas de qualidade.
-quero me manter saudável e, se possível, bonita. Não vou fazer extravagâncias, mas alimentação saudável e pouco calórica me interessa sim.

(há alguém que não queira nada disso?)

Embora eu não me limite somente a estes assuntos, não dá pra dizer que eles não são significativos para mim. E aí? Eu me torno uma pessoa execrável por isso? Ou somente são execráveis as mulheres que só se ocupam desses assuntos? Existe alguém que só se ocupa disso, ou essas revistas não servem justamente para dar um desafogo temporário e parcial às mulheres que, como eu, têm outros trocentos milhões de coisas mais importantes para pensar?

Revista feminina

A Frida Monix mais uma vez levantou um ponto interessante a ser discutido: em que era geológica as revistas especializadas no público feminino acham que estão?
Eu folheio essas revistas sempre que vou ao salão, o que tem sido cada vez menos frequente, mas ainda assim tenho uma boa idéia do que elas contêm.
Adoro as minhas amigas, mas não me sinto obrigada a concordar com elas em tudo, portanto lá vão os meus palpites:

Primeiro, não quero parecer preconceituosa afirmando que apenas essas revistas apresentam um conteúdo barbaramente de baixo nível. As revistas especializadas no público masculino (Playboy, Men´s Health e quetais) também são puro lixo. Alguns defendem as famosas entrevistas da Playboy, mas só podem estar brincando. Lixo. Também nas Cláudias da vida volta e meia entrevistam ou fazem matérias com/sobre personalidades/assuntos importantes, mas o conteúdo sempre é raso.

Segundo, certeza que na escolha das matérias há uma forte influência dos anunciantes e complacência dos editores. Claro, os principais anunciantes são a indústria de cosméticos e a indústria têxtil feminina. Quer coisa melhor para vender lingerie caríssima do que ter ao lado do seu anúncio uma matéria, teoricamente não-paga, dizendo que aquilo é tudo o que você precisa para "aquecer", "apimentar", "requentar" sua relação? (e quem sabe salvar seu casamento?) E do ponto de vista do editor, se seu maior anunciante vende calcinhas, não tem porque estender muito uma reportagem sobre biocombustíveis, tem?

Terceiro, sob certo ponto de vista essas publicações são feministas sim. Com décadas de retardo, mas são. Elas falam abertamente de sexo (em termos de bom-gosto, até demais) e de como a mulher deve ser responsável ativamente pela “conquista do prazer e do direito de desfrutar do seu corpo”. Isso é um avanço notável em relação aos anos 50, quando o Correio Feminino apresentava as mulheres como seres passivos e submissos. Tá, para aquelas que já viveram a liberação sexual parece bobagem ficar dando muita atenção a isso, dá vontade de conversar outras coisas. Mas o público-alvo dessas revistas não somos nós, as blogueiras-classe-média-com-curso-superior-que-já-conquistaram-a-emancipação.

Quarto, sim, eu acho que a vida de boa parte das mulheres ainda orbita em torno da realização afetiva. O que não quer dizer que boa parte das mulheres é bobinha, pouco capaz, pouco inteligente. Isso quer dizer basicamente que para a maioria da população feminina deste país e de muitos outros, ter um homem a seu lado é garantia de segurança material e status social. A maioria das mulheres ainda tem empregos inferiores e ganha menos que os homens, agarrar um marido (e seu salário) e mantê-lo a seu lado ainda significa conforto, acesso à saúde e educação para si e para os filhos. E não, não estou dizendo que elas são um bando de interesseiras que querem dar o golpe em um macho bem posicionado na vida. Mas imaginem o que representa, emocional e materialmente, para uma mulher que ganha menos de mil reais e tem dois filhos ser abandonada pelo marido. Essa ainda é uma questão-chave para muitas mulheres, por razões históricas, sociais, econômicas e talz.

Por último, mas não menos importante: a segmentação de mercado. Seja homem ou mulher, quem quer ler assuntos sérios (política, finanças, saúde, arte, ciência) procura periódicos especializados, que hoje há muitos no mercado. Para as publicações tipo Nova, Cláudia e etc. sobraram os assuntos mais fúteis, ou que podem ser tratados de maneira mais leve, tipo; moda, relacionamentos, sexo. São revistas ruins intelectualmente falando, mas preenchem as necessidades de uma fração significativa de leitoras.
Fração na qual, obviamente, nem eu nem você estamos incluídas, né darling?

terça-feira, abril 08, 2008

Glitter, Gloss e Glamour


Porque a vida não pode ser só sangue, suor e lágrimas!

segunda-feira, abril 07, 2008

Últimas notícias

- perdi e achei um anel
- bebi champanhe com morangos
- passei um dia inteiro na cama, pura preguiça
- cortei o cabelo, ainda não sei se gostei
- a menina continua ruim de conjuntivite
- matei o pote de doce de leite

sábado, abril 05, 2008

Sotaque

E a propósito do sotaque moçambicano, olhem só o email que minha adorada mãe me mandou a respeito do tempo em que moramos na África:

" ...tu e o teu irmão João "aprenderam a falar" dois dialetos nativos de Moçambique, o da região de Maputo e o da região de Vila Machado (onde ficava o Metuchira). Como eram muito pequeninos, pouco falavam, mas entendiam o que os empregados diziam. Como passaste muito tempo com a tua babá , pendurada às costas dela numa capulana, e gostavas muito dela, deve ser o motivo de apreciares o sotaque moçambicano."

Doce de Leite

Estou sozinha, trancada entre quatro paredes com um pote (dos grandes) de doce de leite.
Isto está sendo uma carnificina (ou lactoficina, ou glicoseficina). A cada cinco minutos eu me levanto e o ataco, armada com uma colher (das grandes). Chamem as autoridades, um de nós não sairá vivo deste encontro. Resta pouco tempo, o pote já está pela metade.

quinta-feira, abril 03, 2008

Conjuntivite

Bibi com conjuntivite, a escola não a aceita por causa do risco de contaminação. E é justamente num dia em que nem eu nem o pai podemos ficar com ela. Compromissos profissionais, blargh.
Sábia natureza que inventou as avós.

quarta-feira, abril 02, 2008

Na fila

Única coisa boa de se pegar fila para almoçar na universidade: escutar a conversa dos estudantes moçambicanos e cabo-verdianos.
Entendo pouco mas ADORO o sotaque!

Na pet shop

Um chinchila solitário em sua gaiola na pet shop. As meninas me pedem para comprá-lo. Negativo, não quero mais bichinhos em casa e aproveito para explicar a elas para qual fim esses animaizinhos fofos são geralmente criados. Bibi fica com lágrimas nos olhos e implora: "por favor, mamãe, eu não vou matar, juro, eu nem sei fazer casaco de pele!"

terça-feira, abril 01, 2008

De mal a pior

Eu estava com uma tromba enorme por causa do pneu furado. Até chegar à borracharia. Quem me atendeu foi um velhinho mínimo, curvado, andar claudicante, arrastando os pés. Parecia que mal dava conta de segurar a chave de roda quanto mais trocar o pneu. Quase me ofereço para ajoelhar no asfalto e tirar eu mesma.

Não sou de puxar assunto com desconhecidos, mas quando alguém começa uma conversa escuto com prazer as histórias que têm a contar. Pois o velhinho me disse que tinha machucado um dos pés há pouco tempo. Foi atacado por um cachorro de rua quando chegava de manhãzinha para o trabalho e o animal estraçalhou-lhe o tendão: “o bicho mordeu oito pessoas aqui da vizinhança antes do corpo de bombeiros o pegar com uma rede. E eu fiquei aleijado pro resto da vida porque o SUS não paga a cirurgia.”

De emburrada fiquei envergonhada. Com tanta desgraça e miséria, um pneu furado lá é motivo pra amarrar a cara? E fiquei morrendo de dó daquele senhor. A essa altura da vida ainda tem que trabalhar e ainda por cima lhe acontece uma dessas. O mundo está todo errado: o SUS que não cobre cirurgias importantes, os donos de cachorro que os abandonam, a prefeitura que não os recolhe e eu que não faço nada a respeito de nada disso.

Moral lá em baixo.

Nada de novo no front

O carro mal voltou da oficina e já furou um pneu...

Ando num mau-humor que até me assusta. Ontem quase gritei com as estagiárias, quase briguei com o chefe, quase me chateei com a amiga, quase despedi a empregada. Ainda bem que consegui me manter no quase, estaria arrependidíssima disso tudo.

As meninas acordaram hoje me dizendo que a professora avisou que não ia ter aula, que elas podiam dormir até mais tarde. As inocentes realmente acharam que eu ia cair num Primeiro de Abril básico desses, tadinhas...