Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quinta-feira, abril 29, 2010

Ontem

Atlético x Santos.
Jogão, cês viram? Até eu, que não me entusiasmo com futebol, adorei assistir!
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Laurinha está em semana de provas. O que significa que eu tenho que fiscalizar o estudo, senão a espertinha leva na flauta. E tendo dificuldades com a matemática, lá vou eu tentar ensinar, ajudar, orientar o raciocínio. E me chateia muito ter que ouvir o tempo todo: "não é assim, vc está me ensinando errado, a professora falou que é pra fazer de outro jeito, etc."

Perco a boa vontade, acabo dando bronca, ela se estressa, eu me estresso.
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Hora de começar a juntar caixas de papelão.
Fefê, vamos ser vizinhas!
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Os irmãos K ficaram de recesso ontem. Peguei, meio sem querer, um livro sobre as organizações revolucionárias pós-AI5, a Ação Popular principalmente, que me prendeu a atenção. É um livro-reportagem muitíssimo interessante: As Moças de Minas, de Luiz Manfredini.

Bastante panfletário, sem dúvida, mas fascinante para mim, que nunca entendi bem como essas organizações se organizavam: como recrutavam novos militantes? se eram clandestinas, como agiam? como os caras iam para cidades onde não conheciam ninguém e começavam a arregimentar a população para a causa?

Muito bacana acompanhar os detalhes da trajetória dessas militantes mineiras. Muita informação nova. E em cenários próximos: boa parte dos acontecimentos se passa aqui em BH, em bairros que eu frequento, locais por onde já andei. Fantástico!

terça-feira, abril 27, 2010

A novelona

O dia do julgamento ainda não chegou, só amanhã.

Então, Smierdiakóv confessou o crime a Ivã. Diz que foi induzido por ele, porque achou que ele estivesse dando seu consentimento ao assassinato.
(Detalhe eletrizante: Smierda pode muito bem ser filho bastardo do Fiódor, o falecido).

Mas Ivã não tem como provar nada disso diante de um tribunal e o Smierdiakóz está com um pé na cova e não vai falar nada ao juiz.


Ivã está quase enlouquecido com a situação, Katharina Ivanôva (ex-noiva do Mítia) também e a pseudonamorada do Aliócha já era doidinha desde sempre.
(que coisa, as pessoas passam a vida enlouquecendo nesses romances russos)

E agora, quem poderá nos ajudar?

segunda-feira, abril 26, 2010

Na tv grandona

Assistir televisão num aparelho 42 polegadas, com sinal digital, imagem perfeita e tudo o mais...

CARAMBA!
como aquelas pessoas são feias! como estão envelhecidas! como estão carregadas de maquiagem! cada pele mais horrível!

Sempre foi assim e eu que não vejo nada na minha tevêzinha de 19'', sem cabo, nem antena?
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Os irmãos K.

Mítia será julgado amanhã.
Ansiedade e expectativa.

Ivã está sumido.

Aliócha se entretém com os meninos da escola.
(Se tais diálogos fossem modernos, acusavam Dostoiévski de ped0filia.)

O tradutor, ai, o tradutor. Um moleque atentado de treze anos, por mais russo e CDF que seja, não usa uma mesóclise em cada frase.

quinta-feira, abril 22, 2010

Egocêntrica

Quando criança, eu tinha essa ideia alucinada: o mundo era uma representação encenada. Nada existia de verdade. Todos os lugares e paisagens eram cenários extremamente bem-feitos e habilidosamente montados e desmontados à minha passagem. Assim como as pessoas (TODAS as pessoas, meus pais incluídos) eram atores ensaiados para me testar, ou me enganar, ou me ensinar/provar alguma coisa.

O autor/diretor desse grande teatro: uma entidade poderosíssima com propósitos obscuros (Deus, né?).

Como consequência dessa, havia uma segunda outra grande viagem: o passado nunca teria existido! Tudo se criou quando EU comecei a existir! O que me contavam os mais velhos e os livros de História era pura mistificação para ajudar a me convencer que o mundo, tal como o via, era verdadeiro.

Portanto, minha percepção da realidade, até o início da adolescência, era assim uma mistura mística de Matrix com o Show de Truman.

Outra coisa na qual eu não acreditava era na possibilidade de morrer. Não, a morte era uma coisa que não ia me acontecer. Eu era imortal naquela época. Lembro de ter pensado várias vezes: "se não morri até agora, não morro nunca mais." Isso com 8, 9 anos. E essa sensação se prolongou por muito, muito tempo. Só comecei a considerar (e temer) a morte como um evento de alta probabilidade quando tive filhos. Ser mãe me pôs, definitivamente, os pés no chão...

terça-feira, abril 20, 2010

Católicos e Coerentes

Ontem no telejornal, o Ratzinger pede desculpas às vítimas dos padres pedófil0s. Diz que a igreja vai investigar. Vai, sim. No sofá, o desconforto me rói. Fico pensando em quem ainda se diz católico. Em geral, são pessoas normais. Mas que não devem pensar muito no assunto. Porque, se pensarem bem no que significa ser católico, praticamente ninguém pode ostentar tal orientação religiosa e levar isso a sério.

Eu não sou um exemplo de coerência. Me contradigo a cada passo. Mas tento, juro que tento, o tempo todo, coadunar o que penso, o que falo e o que faço. E então não posso me considerar católica (nem de religião nenhuma, aliás), simplesmente porque o que penso, o que falo e o que faço não são nada católicos. A Igreja não me quer entre seu rebanho e eu quero me manter coerente, na medida do possível.

Se eu uso qualquer método de anticoncepção (fora a tabelinha), estou fora.
Se eu sou favorável ao aborto, a Igreja quer é me excomungar.
Se eu aceito o divórcio, idem.
Se me recuso a discriminar homossexuais.
Se mais um monte de coisinhas.

Só podem ser realmente católicos aqueles que se declaram homofóbicos, que só fazem sexo para engravidar, que aceitam viver até a morte mesmo um casamento extremamente infeliz e que jamais, por motivo algum, mesmo os permitidos pela lei do Estado, fariam ou ajudariam alguém a fazer um aborto.

Há algum católico aí? Católico de verdade?

Lá vou eu pra fogueira.

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Tinha um amigo meu, conhecido pela extravagância, que se converteu ao islamismo. Dizia que era uma questão de convicção pessoal, que havia uma série de propostas no islamismo com as quais ele se identificava, etc.

Aí eu perguntava:
"Você reza seis vezes por dia virado para Meca?"
"Não."
"Você faz jejum no Ramadã?"
"Não."
"Você bebe álcool?"
"Sim."

Bom, então fica fácil, né? Você pega só o que te for conveniente e faz o que quiser.
Coerência, please, coerência.
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Esse mesmo amigo, um extravagante.

Dedicava-se ao cultivo de rosas raras. E tinha umas belíssimas na casa dele.
Gostava tanto de futebol que fez curso para.... árbitro.
Enquanto todos corriam ou caminhavam na pista de jogging, ele fazia marcha atlética!

Futebol

Se os jogadores que vão à Copa representam um país, não seria justo que o povo daquele país elegesse por eleição direta a sua delegação futebolística?

Minha proposta: cada jogador se candidata a uma posição no gramado. Teríamos um programa eleitoral gratuito, onde eles apresentariam as suas vantagens e seu currículo. Vamos às urnas e votamos (só os interessados, não pode ser obrigatório) em atacantes, zagueiros e goleiro. Sendo uma escolha democrática, ninguém poderia reclamar demais, nem xingar o técnico de burro.

O Boêmio diz que não ia funcionar, que as grandes torcidas (Flamengo, Corínthias) iam votar só nos jogadores do seu time e não ia dar boa coisa. Eu já não tenho certeza: time é uma coisa, seleção é outra. Qual corintiano ou flamenguista não gostaria de poder torcer pela tríade Neymar, Gans0 e R0binh0? Que são tão bons quanto, mas muito mais simpáticos que Wagner L0ve e Adrian0.

Com certeza, a ideia não é original, alguém já deve tê-la proposto e os cartolas vetaram. Isso tiraria boa parte do seu poder. Mas, e se houvesse grande pressão popular? E se começássemos um grande movimento pelas Diretas Já no futebol? Hein?

sexta-feira, abril 16, 2010

Os irmãos K

A cada capítulo, sofro os impulsos alternados de comprar uma garrafa de vodka e beber até a sarjeta, ou me retirar a um mosteiro e viver recolhida em oração.

Porque, como humanidade, somos inviáveis.

segunda-feira, abril 12, 2010

Como vai?

Dizer que estou bem seria exagero. Dizer que estou mal seria outro. Estou levando. Há momentos em que me sinto naufragar, há outros em que venho à tona. O Boêmio e as meninas têm sido a tábua de salvação. Me agarro a eles, às suas necessidades de alegria e carinho (e de normalidade) para me manter a salvo da depressão. Porque, sim, ela chegou. Eu achei que poderia escapar, mas os hormônios são implacáveis. Hormônios que aumentam, outros que diminuem, trazendo caos ao meu corpo e subvertendo a minha alma. Não consigo me concentrar no trabalho, porque tudo me parece inútil. Não consigo responder aos email amorosos da Helê e da Kathinha, porque começo a me engasgar com as lágrimas (desculpem, queridas). Tenho que fazer força para sorrir quando as meninas me perguntam porque ando com cara tão séria.

Mas insisto, vou trabalhando mesmo sem render quase nada, vou sorrindo mesmo sem muita vontade, vou escrevendo mesmo sem motivação. Sei que a questão é esperar, que o tempo é amigo e as coisas se normalizam.

Tenho que ter paciência comigo. Até lá, vou indo.

sexta-feira, abril 09, 2010

Saííída pela direiiiita

Vai rolar aqui ao lado, no Mineirão, e daqui a pouquinho, uma coisa que eu acho que se chama Axé Brasil. Um pesadelo gigante onde todos os micareteiros se encontram para suar litros e dançar suas músicas horrendas sob os comandos de "mãozinha pra cima" e "tira o pé do chão". Ou seja, o trânsito vai ficar ainda mais insuportável do que já é, multidões tomarão as ruas e corremos o tremendo risco de ouvir a voz da Ivete.

Significa que hoje todo mundo vai embora do trabalho mais cedo. Tô passando a mão nas minhas coisas e picando a mula.

Mamãezinhas

Assisti, até hoje, apenas uns poucos episódios da Supernanny e esses poucos foram mais que suficientes para que eu confirmasse o que já intuía: crianças muito mal-educadas são filhos de pais também muito mal-educados. E por mal-educados não quero dizer necessariamente pessoas rudes ou grosseiras (embora também aconteça), mas pessoas indisciplinadas, desregradas e com péssimos hábitos. Em relação a tudo: alimentação, horários, tipo de lazer, etc.

Como querem que as crianças respeitem a hora das refeições, sentadinhas na mesa, se os pais pegam cada um o seu prato e sentam, um na frente da tv, outro na cozinha, e em momentos diferentes embora estejam juntos em casa?
E por aí vai...

Mas não era aí onde eu queria chegar. O fato é que entendi porque as amigas das minhas filhas que frequentam a minha casa são tão chatinhas na hora de comer: não comem salada, não comem verdura, não comem carne se tiver molho, não comem arroz se tiver alho, não comem feijão se tiver bacon, não comem omelete se tiver ervinhas como tempero, e muitos etcs mais.

É que ontem teve festinha infantil e serviram rodízio de pizza. E as mães, ao meu lado na mesa, iam pondo na borda do prato a cebola, o pimentão, a azeitona, o tomate seco, a rúcula, o manjericão e sei lá o quê mais vinha na comida. Explicado: mau exemplo vem de cima.

Fizesse eu uma coisa dessas quando criança, levava logo um tapa na mão e recebia a ordem expressa e inquestionável de "comer tudo o que está no prato". Sem querer criticar outras pedagogias mais livres, mas para mim ficou a noção de que ter mil frescuras e restrições à mesa é simplesmente mais uma forma de má-criação, que se estende ao longo da vida adulta.
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Outra coisa interessante da festinha de ontem: o Boêmio foi e se exasperou. Tomou uma overdose do que eu chamo de "conversinha de mamãezinha". O banal do banal elevado à enésima potência: "minha filha gosta mais de rabo-de-cavalo do que de maria-chiquinha, e a sua?", e coisas do tipo.

O curioso é que, individualmente, as outras mães não são, em geral, pessoas estúpidas ou demasiado fúteis. Conversando com uma de cada vez, separadamente, nota-se que são mulheres inteligentes, esclarecidas, a maioria tem bons empregos, interesses variados e talz. O problema é que, quando juntas, rola uma sinergia ruim. Acho que ficamos todas (eu me incluo nessa, infelizmente) cheias de dedos, com medo de levantar qualquer assunto mais pesado do que as futilidades do dia-a-dia, com medo de expressar opiniões mais contundentes que possam ofender alguém, afinal ninguém se conhece bem, ninguém sabe em que político o outro vota, qual ideologia o outro defende. Enfim, ninguém quer ousar ser diferente, com medo principalmente que isso reverbere sobre a sua criança e que esta passe a ser (mal) vista como "a filha daquela esquisita".

Isso me faz gostar ainda mais do pequeno grupo de amigas-motherns que ainda se encontra (embora não tenhamos conseguido nos encontrar tanto quanto gostaríamos). Ali, não se tem medo do julgamento alheio. Ninguém tem obrigação de concordar, pode-se criar polêmica, pensar diferente e expressar isso. Ali, pode-se realmente interagir de maneira franca e livre, que é a única que vale a pena.

quarta-feira, abril 07, 2010

A. Camus

"No mais profundo inverno, finalmente aprendi que existe em mim um verão invencível ."

Friozinho bom, este que nos resfresca agora em BH.
Seja muito bem vindo, outono!
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Casa de Bonecas, de Ibsen.
Das piores decepções literárias que já tive. O tema não envelheceu, a submissão e infantilização femininas ainda são atuais. Mas o texto é ruim, superficial, a trama não convence, a personalidade da protagonista é mal-resolvida, ora é capaz de grandes decisões temerárias, ora é uma bobinha pueril.
Ou então sou eu que, definitivamente, não sou capaz da fruição de ler dramaturgia.

Teatro, só no Teatro.
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Os Irmãos Karamázov, de Dostoiévski.
Finalmente, e ainda estou só no comecinho, Gruchenka entrou na história. Agora as coisas vão começar a se animar.
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Admirações erradas, como bem disse o Boêmio.
Quando se conhecem bem os interlocutores, certas "gracinhas" podem ser divertidas. Quando não é o caso, pegam mal. E quando vêm em momentos delicados, como o que vivemos nas duas últimas semanas, tornam-se realmente estúpidas.
Não sei se foi proposital, se foi padrão para todos, se foi descuido, desconhecimento, mas causou-nos mal-estar.
Não elogio mais, não admiro mais, não quero nem saber. Embora para o envolvido isso pouco importe.
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Muito medo dessa chuva carioca.

segunda-feira, abril 05, 2010

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Com otimismo, de preferência.