Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quinta-feira, junho 30, 2011

Todo Dia Um Look

O mais sensacional blog sobre moda de todos os tempos!
Cris Guerra, Julia Petit, Glorinha Kalil?!?! Todas chora.

Amore mio, agora descobri onde você se inspira para tirar do wardrobe todas as manhãs as produções megamaravilhosas que deixam até os mais descolados dos seus amigos roxos (roxo é sooo last season) de inveja.


Amostra:

Religião vs Ateísmo – Uma análise fashion

Muitas pessoas acusam o mundo da moda de ser superficial e irrelevante. Pois bem, abortei o look do dia e hoje vamos desvendar mais esse mito hoje através de um estudo minucioso sobre esse assunto tão polêmico: a fé. Células-tronco são cafonas? Ou gafe mesmo é fazer a egípicia e ignorar Aquele que morreu pelos nossos pecados? Independente se você for ateu ou evangélico, segure seu aborto ou seu crime de ódio contra gays, let’s talk fashion.

Cá entre nós: a igreja Católica é o Hans Donner das religiões. Ouro, estampas com patterns rupestres, pirotecnia nas celebrações: fica difícil distinguir um traje papal de um show do Elton John. Nem todos tem o gene trendhunter, mas até para mim é difícil acompanhar como uma barba, uma toga e sandálias pelo deserto geraram um look tão Lady Gaga. Sorte do papa Bento esse papo de celibatário, já que com esse chapéu e cajado de cosplayer de D&D, ele nunca perderia seu santíssimo cabaço.

Já no time dos ateus temos o Carl Sagan, dono de bilhões e bilhões de looks. Sua leather jacket mostra que, além de cientista, Carl também é um bad boydisplicente, um Zombie Boy pronto para desfilar pelos nove círculos do Inferno. Sua gola rolê mostra que os cosmos não são a única coisa que ele quer explorar, garota. Então vá desabotoando seu tailleur todo e venha para baixo do meu soft king size, pois hoje vamos fazer amor como se o mundo fosse um editorial do Terry Richardson.

Ah, os amish. Vocês são cool e vocês sabem. Entusiastas do handmade: fazem sua própria manteiga. Hipsters anti a cultura vigente: não assistem TV. Não sei se devo esperar crenças religiosas ou CD-R’s da banda lo-fi de neo-folk que vocês montaram. Vocês entenderam o conceito de pretinho básico e levaram o conceito de “look divino” para outro patamar. São preppy, são sóbrios e certamente são amigos íntimos do The Sartorialist.

Astronautas são o raison d’être da moda moderna. Yuri Gagarin é um exemplo claro de como é possível fashionizar seus gadgets, seja para um jogging no fim da tarde ou para um get togheter no satélite natural mais próximo. Despojado e ao mesmo tempo precavido para não morrer com a pressão da atmosfera, Yuri parece um modelo de Alexandre Plokhov, fazendo referência pop à CCCP muito antes dos VJ’s da MTV começarem a usar.

E você, qual a sua Vogue? A Bíblia (onde uma cobra fala) ou A Origem das Espécies (onde as coisas fazem sentido)?

terça-feira, junho 28, 2011

Super Flying Bibi

Churrasco na casa dos pais de uma amiga querida. Adultos sentados no terraço, comendo, bebendo, conversando. Crianças na varanda e dentro de casa, brincando.

Uma das meninas vem me pedir a máquina fotográfica emprestada "pra tirar fotos dos nenêns fofos". Tudo bem, empresto. A tarde vai caindo, a noite vai chegando, elas me devolvem a máquina, vamos embora pra casa. Só então vou ver as tais fotos.

E me deparo com isto...


E isto...


E isto...


E isto...


E isto...


Vergonha, vexame, horror.

Enquanto eu estava lá, calma e tranquila, sentada, relaxando com os amigos, as minhas filhas tocavam o terror na sala alheia. Brincando de "Super Bibi Voadora" ou coisa assim, pulando do sofá, fazendo bagunça, registrando o fato. Até onde apurei, elas não quebraram nada, nem danificaram coisa alguma, mas estou mortificada até agora, me sentindo dentro do post da Fridoca Monix sobre mães que não controlam as crianças em eventos coletivos.

Continuo passada por não ter percebido o pandemônio. Aleta, please, pede mil desculpas à sua mãe, sim? Por mim e por elas.

sexta-feira, junho 24, 2011

No photos, please!

Coisa que nos irritou na Itália: turistas tirando fotos em lugares proibidos.


Apesar das minhas crises egocêntricas diante de uma ou outra obra-prima (vontade de pôr aquela gente toda pra fora e apreciar sozinha as maravilhas do Uffizi ou do Vaticano), consegui conviver bem com as hordas.

Mas achei o fim do mundo a moçada que, na maior cara-de-pau, tirava fotos dentro dos museus, apesar das placas com avisos e apesar de advertidos pelos seguranças. Na Capela Sistina foi um horror mesmo, a cada 10 segundos um segurança tinha que dar um berro de "NO PHOTOS, PLEASE" e o pessoal nem aí, continuavam a fotografar sem o menor constrangimento.

Por outro lado, acredito na boa-fé da humanidade e acho que os turistas fazem isso por ignorância e não por maldade. A maioria dos turistas acha, acredito eu, que são proibidos de fotografar apenas para serem obrigados a comprar os postais à venda nas lojinhas dos museus. Eles não sabem que estão danificando as pinturas. Ninguém ensinou a eles que a luz do flash das máquinas provoca uma reação de foto-oxidação nos pigmentos das tintas e que isso, ao longo do tempo, vai descolorindo e destruindo os belos quadros que eles tanto admiram.

Falta um verdadeiro programa de Educação para o Turismo nos principais destinos do mundo. Numa bela igrejinha de Roma, uma americana tirava fotos sem parar, a despeito da placa na entrada. Não havia nenhum segurança. O Boêmio ficou irritadíssimo, quase foi bater boca com a mulher. Mas, sendo a igreja de Santa Maria da Bondade, achei que uma briga era ainda pior que os flashes.

Então, fica o meu pedido aos meus poucos leitores: nunca tirem fotos de quadros antigos (nem modernos, aliás) com flash. Orientem e expliquem aos seus amigos e companheiros de viagens porque não devem fazê-lo. O patrimônio histórico e cultural da humanidade agradece.

quinta-feira, junho 16, 2011

39, hoje.

Estou pensando em acrescentar ao projeto "Entrada Gloriosa nos Enta" um subprograma intitulado "Quarenta em Paris". Não seria sensacional comemorar os 40 com todo o glamour?
Agora é começar a batalhar para realizar.

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Para me levantar o astral em pleno aniversário, Bibi se oferece para me fazer um penteado. Aceito. Ela me faz um meio-rabo-de-cavalo e contempla o resultado:

-Ficou linda, mamãe, tá até parecendo uma daquelas mulheres jovens!

terça-feira, junho 14, 2011

Agradecimentos

Devemos a várias pessoas a nossa ótima viagem!
Quero deixar aqui registrada a minha enorme gratidão por tanta felicidade:

-aos meus pais e meu sogro que contribuíram com quantias muito significativas como presente de casamento, ajudando a viabilizar a nossa lua-de-mel,

-à minha sogra e aos primos e amigos queridos Rodrigão e Cidinha, que nos deram suas diárias da Bancorbrás, reduzindo muitíssimo os custos com estadia e fazendo com que ficássemos em lugares ótimos sem dívidas eternas,

-aos amigões Léo e Aleta, Bala e Dani, que nos ajudaram enormemente dando de presente muitos euros em notas pequenas e nos livrando de passar aperto sem dinheiro trocado.

Vocês todos nos deram de presente a melhor lua-de-mel que alguém poderia ter!
Muito obrigada, de coração!

Mais da Itália


Eu, imitando a Tina, com a indecifrável placa de anjinho.


A praça do prato em Pádua. (Agora fala bem rápido)


O GPS.


Jardins de Boboli, de onde estamos tirando inspiração para incrementar o nosso.



Bar Xixi.
Bar de chineses em Veneza.









domingo, junho 12, 2011

Resumão de Roma

Primeiro dia:
Chegada, tomada de posse e reconhecimeto do apê, fazer compritchas de supermercado para café da manhã e jantar (almoço, sempre um lanche na rua. Aliás, experiência ótima essa de ir aos supermercados dos lugares! Queijos brie e emental com preço de queijo Minas aqui no Brasil! Vinhos excelente ao preço de cerveja!). Reconhecimento do bairro Trastevere, um dos lugares do mundo onde eu moraria feliz da vida!

Segundo dia:
Foro Romano
Palatino
Coliseu
Piazza Veneza- Monumento ao rei Vitorio Emanuelle
Museu Vitoriano-Exposição da pintora modernista Tamara de Lempicka
Monte Capitolio-escadaria do Michelangelo
Elefante de Bernini e seu obelisco
Pantheon
Area Sacra do largo Argentina

Terceiro dia:
Piazza del Popolo
Parque Borghese
Galeria de Arte Moderna
Museu Nacional Etrusco-Villa Giulia
Piazza della Republica
Igreja de Santa Maria della Vitoria (O êxtase de Santa Teresa D'Avila, de Bernini)
Piazza de Spagna
Igreja de Santa Trinita del Monte
Fontana de Trevi- esquecemos de jogar moedinha

Quarto dia:
Museus do Vaticano: Pinacoteca, Coleção de Arte Moderna, Aposentos dos Bórgia, Salas de Rafael, Capela Sistina, Museu Egípcio, coleção Pio Clementino, Galeria das Carruagens, das Tapeçarias, dos Mapas, etc, fomos a tudo, menos ao Museu Etnográfico e ao Museu Lapidário que estavam fechados ao público. Aos jardins também não fomos, já não tínhamos mais pernas.

Praça de São Pedro e Basílica.

Quinto dia:
Mercado das pulgas e feira de antiguidades,
Igreja Santa Maria de Trastevere,
Flanar pelo Trastevere
À noite, Teatro della Opera di Roma, assistir "A Batalha de Legnano"

Sexto dia:
Piazza Navona
Igreja de San Nicola
Piazza della Sapienza
Igreja Santa Maria Sopra Minerva
Igreja Santo Inácio de Loyola
Igreja San Luigi dei Francesi
Campo dei Fiore
Piazza Colonna- a coluna de Marco Aurélio
Piazza Montecitorio
Museu Leonardo da Vince- exposição interativa (pouco interativa, na verdade) "As grandes máquinas de Leonardo da Vince"

Sétimo dia:
Castelo Sant'Angelo
Termas de Caracala
Igreja de Santa Maria de Cosmedin
Boca da verdade
Templo de Portunus
Templo de Hércules
Ponte Roto
Isola Tiberina
Igreja de San Francesco in Apia

Oitavo dia:
Villa Borghese
Museu e Galeria Borghese
Flanar pelas praças já conhecidas

Nono dia:
Voltar pra BH.
Buáááááá


Nosso apê em Roma.

Trastevere, nosso bairro em Roma.

Piazza Navona

Boca da verdade. Diz a lenda que a boca se fecha na mão dos mentirosos. Então serve como um teste de fidelidade para os casais. Eu e o Boêmio passamos com louvor. Sei de gente que ficaria sem o braço.

Teto do Panteão.

Agora, Roma

Saímos, com uma pontadinha de tristeza, de Cinque Terre e pegamos um trem para Roma, a cidade eterna, a capital do mundo antigo, essas coisas todas. Ficamos ao todo oito dias em Roma, fazendo como os romanos. Como não ficamos em hotel, mas em apartamento alugado no Trastevere, fizemos compras de supermercado, cozinhamos em casa, preparamos piquenique pra comer durante o dia, até recebemos amigos em casa com queijos e vinhos!

Vimos coisas demais, fomos a lugares demais. Me dá uma certa preguiça comentar uma por uma, com nossas impressões e observações. Vou fazer assim um resumão dos oito dias, adiantando que adoramos praticamente tudo e, se pudéssemos voltar no tempo, faríamos muito pouca coisa diferente.

No Teatro da Ópera de Roma, de camarote, terceiro andar, pertinho do palco. O espetáculo era "A batalha de Legnano", de Verdi.

Guarda gatinho suíço.


A catedral de São Pedro. Monumental. Olhando a foto até parece que estou perto, mas estou superlonge, do outro lado da praça. Reparem na fila com pessoas microscópicas na entrada.


Ruínas do Foro do Senado antigo. A pedra onde está o gato branco marca a entrada do foro, local onde Júlio César foi assassinado. Especulamos que o gato é o espírito do velho Júlio, querendo justiça.



O gladiador Rubius Boemiano em momento de concentração antes de entrar na arena do Coliseu.

Mais de Cinque Terre

Pra entender a geografia da região: eu estou tirando a foto da Via del Amore, na cidade de Riomaggiore que, portanto, não aparece na foto. No segundo promontório, está a cidadezinha de Manarola, dá pra ver uns prediozinhos no alto do penhasco. Atrás de Manarola, no terceiro promontório, está Corniglia. Atrás de Corniglia, está Vernazza, mas não aparece, está escondida pelos penhascos. Lá no fundão da foto está Monterosso Al Mare, a última das cinco vilas, onde há o maior balneário.

No centro de Riomaggiore.

Na praia de Monterrosso Al Mare. Notem que não tem areia, só cascalho e do grosso. Nisso qualquer uma das nossas praias dá de 10 neles.

Viela de Monterrosso.


As janelas são quase todas assim.

quinta-feira, junho 09, 2011

Notas esparsas de viagem ou, Os Hereges

Na Piazza della Signoria, em Florença, foi enforcado e queimado Girolamo Savonarola por se indispôr com o Papa, acusando-o de levar vida pouco santa. Lá estivemos procurando por algum monumento à sua memória e nada. Em outro local da cidade, há uma praça chamada Piazza Savonarola, com uma estátua em sua homenagem. Parece que os florentinos não querem se lembrar que o queimaram.



Savonarola


Já na Piazza Campo dei Fiore, Roma, fomos ao local onde também se queimou, desta vez vivo, outro herege famoso, Giordano Bruno, por suas teorias cosmológicas semelhantes às de Copérnico. Ali, fizeram uma bela estátua. Eu e o Boêmio, em frente a ela, lhe prestamos nossa homenagem em um minuto de silêncio solene.



Giordano Bruno


Mas, vocês sabem, solenidade não é nosso negócio.

Logo após, prestamos outra homenagem, inventando uma musiquinha para os dois:

(para ser cantada como Maria Betânia em "negue que me pertenceu")


Diga o que eu quiser,

Negue o que escreveu,

E eu cancelo a fogueira na praça.

Outra coisa que você faça,

Já pode dizer adeuuuus

Do que sinto mais saudade

Da viagem, tenho saudades de tudo ser novidade, da boa comida, das belas paisagens, dos excelentes programas culturais, da ausência de preocupações.

Mas do que sinto mais falta, muito muito muito, é de ficar o tempo todo, 24 horas por dia, sete dias por semana, do lado do meu benzinho.

Cinque Terre, ah, Cinque Terre



Veneza é vermelha, Florença é amarela, Siena é marrom e Cinque Terre é gay!

Não há mesmo muito o que dizer. Ficamos sem palavras, os dois. Olhando embasbacados um mar absurdamente azul e transparente, ao lado de penhascos rochosos, onde casinhas coloridas se encarapitavam umas em cima das outras, bem juntinhas. De comover.



Cenário de cinema. E olha que não há muitos filmes com cenário tão bonito.



Cinque Terre são cinco pequenas vilas que compõe um Parque Nacional Marinho para proteção da biodiversidade aquática. As vilazinhas são separadas umas das outras por uns poucos quilômetros, uma caminhada de meia hora, mais ou menos, entre uma e outra pela Via del Amore. Dá pra ir de trem também. De carro é altamente recomendável não ir. Estradinhas perigosas, muito estreitas, muito inclinadas, baixa visibilidade.



Ficamos dois dias na vila de Riomaggiore, a primeira delas, e fomos passear pela outras a pé ou de trem. Comemos frutos do mar como dois nababos. Amore mio nadou no Mediterrâneo, eu só molhei os pés. Brindamos a nós com o bom vinho local num belvedere da Via del Amore, fomos saudados pelos passantes e pichamos uma das suas colunas. Subimos e descemos escadinhas o tempo todo (não há nem cinco metros de terreno plano por ali). Tomamos sorvete o tempo todo. Passamos muito calor. Fizemos uma breve amizade com um casal de chineses. A mocinha que atendia no hotel era brasileira e se encantou com o Boêmio (não a culpo, ninguém resiste ao meu marido). Fomos embora quase tristes.


quarta-feira, junho 08, 2011

Pisa

Pisa, hoje em dia, é uma grande cidade portuária, moderna, agitada, poluída, com um trânsito pior que péssimo. Completamente descaracterizada do que deve ter sido no passado e sem grande interesse turístico a não ser pela famosíssima torre inclinada, que é o campanário da catedral.

Sabendo o que sei hoje, se eu tivesse que escolher uma cidade para não recomendar a visita escolheria Pisa. Não que não seja bonito, o conjunto arquitetônico todo (batistério, catedral, campanário e cemitério), conhecido como Campo dos Milagres, é muito lindo, sim. Mas achei que a relação custo/benefício, entendendo como custo principalmente o gasto de tempo, não compensou muito.

A Torre está aberta à visitação, mas só entra um número limitado de visitantes a cada 30 min. Ao comprar o ingresso, vc tem que marcar a hora da subida. Estivemos lá às 13:00h e só tinham vaga para mais visitantes às 16:30h. Não quisemos esperar, até porque tínhamos que devolver o carro na locadora até às 16:00h.

O que tem para se ver na cidade além da torre? Pouco. Uma pequena igrejinha gótica não muito perto dali e dois museus cujo conteúdo, lido através do guia da Folha, não nos chamou muito a atenção. Não fomos.

Em primeiro plano, o batistério, depois a catedral e, ao fundo, a torre inclinada.

terça-feira, junho 07, 2011

Monteriggione



Cidade murada da Toscana, é uma versão menor, ainda mais fofa e bucólica do que San Gimignano. É possível passear pelo alto das muralhas em alguns trechos. É possível sentar na pracinha e imaginar como seria feliz e tranquilo viver ali a vida inteira.




É a mais perfeita tradução da música "Vilarejo" da Marisa Monte.




Ali, eu cultivaria rosas, amassaria pão, criaria gatos, aprenderia fotografia, acenderia lareira, escreveria pouco, amaria muito.




















Passamos apenas uma manhã neste lugar, vindos de Siena, a caminho de Pisa. Mas sua lembrança estará sempre comigo, tatuada em minhas retinas.

Montaperti

Passamos a noite em Siena, na verdade numa cidadezinha vizinha a Siena: Montaperti. Num hotel megabacana (o melhor da viagem toda), todo modernoso, com móveis de design cheios de estilo, piscina coberta, etc. Mas quase não aproveitamos sua infraestrutura, queríamos mesmo era rodar pela vizinhança, o que valeu muito a pena: achamos o nosso lugarzinho!

O escritor L.F. Veríssimo, numa de suas crônicas, garante que cada viajante descobre um lugarzinho único e especial, cheio de charme, que não está nos guias, que ninguém mais conhece, que tem uma comida fantástica a preços inacreditavelmente baixos. E a pessoa nunca mais pára de falar nesse seu lugarzinho e recomendá-lo a todo mundo. Pois é, é assim mesmo.

Numa das idas e vindas descompromissadas pelas estradinhas do interior, vimos esse casarão, remetendo às antigas sedes de tradicionais propriedades agrícolas: paredes de pedra grossíssima, moinho d'água, estrada de chão, faixa de pano identificando o local como Ristorante.

Recomendamos muito esse lugarzinho fora de mão, no meio do nada, de estrada de terra, onde se come o melhor possível, se bebe o Chianti mais gostoso (é o vinho da casa), tem-se a vista mais linda, a atmosfera mais aconchegante, a decoração mais pitoresca e bucólica. O atendimento é feito pelo próprio dono e seu filho, o cardápio não tem uma infinidade de opções: é apenas uma dúzia de pratos típicos, feitos primorosamente, o que nos levou a lamentar não termos mais tempo por ali para voltarmos e experimentar de tudo.

Fica a dica: Ristorante AcquaBorra, mais ou menos entre Montaperti e Caseta.



Ristorante AcquaBorra. Maravilhoso!

Siena



Siena, a cidade marrom.


Não chegou a ser uma decepção, longe disso. É uma cidade interessante, culturalmente muito rica e, a seu modo, até bonita. Mas uma conjunção de fatores nos impediu de apreciá-la corretamente, eu acho.




O calor foi um dos fatores. Estava muito quente mesmo, bem no meio da tarde não dava vontade nenhuma de sair andando pelas ruas. A gente só queria saber de sombra e água fresca. Nos obrigamos a passear pelo centro histórico e arredores. E pouco mais fizemos além disso. Derreados.


Outro fator foi o anterior encantamento com Veneza e Florença. Já tínhamos visto tanta coisa e coisas tão maravilhosas que Siena nos pareceu, assim..., pouco atraente. Mas a sensação de estar sendo injusta com essa cidade não me larga, acho que não lhe demos a devida chance de nos encantar.



Praça principal da cidade onde ocorrem as corridas do Palio, festa histórica anual.

Fotos dispersas


Paisagem do trem Pádua-Florença: campos de papoula.



Paisagem típica da região toscana: restaurantes, vinhedos e ciprestes.



Florença, moça fantasiada de "Primavera" numa exposição intitulada "Os perfumes de Boboli" no Palazzo Pitti.



Florença vista do alto do Palazzo Vecchio.





Florença vista de mais alto ainda, na Piazzale Michelangelo.

segunda-feira, junho 06, 2011

San Gimignano

Após tomarmos posse do nosso possante Cinquecento, saímos felizes e encalorados (que calor fazia!) pela Toscana afora, desfrutando a paisagem rumo à pequena e charmosa San Gimignano.

Cidadezinha medieval rodeada por muralhas quase intactas, bastante visitada, onde se come e bebe do melhor que há na Itália. Antigamente as famílias de posses da cidade tinham como ponto de honra construir ao lado de suas casas torres enormes, como símbolo de seu poder e prosperidade. Há muitas torres, mas apenas uma aberta à visitação. Estava tanto calor, eram tantos degraus, que desistimos de subir lá em cima. Flanamos pela cidade durante a manhã e descobrimos uma feirinha de antiguidades, coisa que muito agrada ao meu amantíssimo marido. Por ali ficamos, procurando pechinchas para enfeitar nossa casinha e/ou presentear família e amigos.


O Cinquecento, carrinho que gostamos muito e lamentamos ser tão caro no Brasil.



Ruas, vielas e pracinhas medievais. Gostamos muito daqui.

Considerações sobre a pizza



Para o paladar brasileiro, a primeira dentada numa pizza italiana pode causar estranheza. São bastante diferentes, mas dificilmente eu saberia dizer qual a melhor.

A nossa pizza tupiniquim tem mais massa, a deles lá é bem mais fina.
A nossa tem apenas uma lambiscada de molho de tomate sobre a rodela de massa, a deles é realmente "molhada" em molho de tomate.
A nossa tem muito, muito queijo. A deles tem bem menos.

Tudo isso faz com que a nossa pizza, embora muito saborosa, seja mais pesada, mais gordurosa, mais salgada. A deles é bem mais leve, o sabor do recheio é mais sutil. Isso faz com que sejamos capazes de comer uma quantidade maior da pizza italiana sem ficarmos imediatamente empanturrados. O que é bom porque na Itália as pizzarias não oferecem as opções de tamanho brotinho, média, grande e gigante como aqui. Lá, a pizza só tem um tamanho e é grande. E é individual, não existe isso de dividir pizza entre duas ou mais pessoas. Cada um pede a sua e come tudo sozinho.

Outra diferença é na variedade de sabores. Eles têm muito menos sabores de pizza. Não se vê em nenhum cardápio pizza de frango, ou de milho verde, ou portuguesa, ou tropical, ou essas novidades malucas que inventaram recentemente: pizza de strogonoff e de carne de sol. As pizzas na Itália são as tradicionais: marguerita, ao pomodoro, funghi, calabresa e pouco mais que isso.

Confesso que a primeira fatia não me agradou.
Mas me acostumei rapidinho e agora estou até com saudades de uma boa pizza italiana.

domingo, junho 05, 2011

Florença

Ficamos quatro dias em Florença e foi o trecho mais rico e intenso, cultural e artisticamente falando. Vimos quase tudo o que o Firenze Card dava direito. Era muita coisa, demos prejuízo ao cartão, mas nós saímos no lucro.


No primeiro dia, fizemos um reconhecimento geral da cidade como um todo, andando muito a pé e usando o transporte público (aliás, não pegamos um único táxi a viagem inteira, só andamos de ônibus, trem, metrô e bonde elétrico). Rodamos pelo centro, fomos ao Museu Galileo (um museu sobre a história da Ciência, bem legalzinho), passamos pela Ponte Vecchio, Piazza della Signoria, fomos à Piazzalle Michelangelo, afastada do centro, bem no alto, onde se tem a mais bela vista da cidade e onde se encontra uma das igrejas mais antigas, pequena e bonita da cidade, a São Miniato al Monte. Nessa igreja, os monges que vivem enclausurados rezam missas em canto gregoriano. Chegamos bem a tempo de ouvir o começo da missa. Belíssimo. Boêmio cochilou logo às primeiras notas. Com medo que roncasse alto, acordei-o e fomos embora ainda antes do credo.



Na volta para o centro, descemos pelo Giardino delle Rose, coisa muito linda, com espécies e híbridos raríssimos, o que nos encheu os olhos de beleza e os corações de vontade de lotar a nossa casinha ainda mais de flores.




Ponte Vecchio, ao fundo. Acima das lojinhas pode-se ver uma sequência de janelinhas equidistantes. É o corredor Vasari, que ligava o palácio dos Medicis à catedral e por onde os Medicis passavam quando iam ao centro da cidade, sem ter que se misturar com a gentalha das ruas. Atualmente abriga uma preciosa coleção de arte, mas só está aberta alguns meses por ano. Não fomos.




Cópia do Davi de Michelangelo, na piazza della Signoria. O original está protegido das intempéries e dos vândalos na Galleria dell' Academia.



Segundo dia. Dia de Galeria Uffizi, a maior coleção de arte da Itália e portanto uma das maiores do mundo. Programa prum dia inteiro, ou quase. Aqui meu queixo caiu no chão e quicou três vezes. Várias vezes. As obras-primas dos grandes artistas não são consideradas assim à toa. Os grandes artistas não são considerados grandes à toa. É um tremendo impacto visual estar frente à frente a uma das grandes telas de Botticcelli. E de Tintoretto. E de Michelangelo. E de Da Vince. E de tantos outros. Há que segurar as lágrimas, pois de olhos marejados não se enxerga direito e tudo o que se quer é devorar com os olhos tanta beleza.



Lágrimas enxutas, emoções recompostas, ainda deu tempo de ir ver o Davi verdadeiro na Academia. Vale a pena, nem que seja só por ele (e tem muito mais!). Ficamos impressionadíssimos. Com a imponência, com a expressividade, com a perfeição. Só vendo. É muito diferente de ver por foto.



No caminho para o hotel, voltinha pela Piazza della Republica, ver o enorme javali de bronze. Os pés latejavam, as pernas tinham cãimbras, os tendões repuxavam, precisamos de um descanso. Pois à noite tinha uma exposição muito legal e didática no Palazzo Strozzi sobre Picasso, Dalí e Miró, os pontos convergentes iniciais, as rupturas, a identidade estética alcançada por cada um, etc. Fora o Palazzo que é belíssimo.



Terceiro dia. Começamos cedo pelo Palazzo Davanzati. É um museu que recria, com peças originais, uma típica casa florentina do século 14 (casa de gente rica, claro). Muito, muito interessante. De lá, o famosíssimo Duomo de Santa Maria del Fiore, os portões de bronze do seu batistério. Sim, sim, muito lindo. Mas, vocês sabem, nada chega aos pés da catedral de São Marcos em Veneza. Esnobes, nós.




Santa Maria del Fiore. Linda, rica, suntuosa. Mas São Marcos é São Marcos.



Em seguida, numa maratona espetacular, mas não menos atenta ou interessada: Palazzo Medici-Ricardi (residência urbana da família Medici, antes do Palazzo Pitti ficar pronto), Capela dos Medici (luxuosíssimo mausoléo), almoço no Mercado Central, Capela Brancacci (recomendo muito!), Farmácia de Santa Maria Novella e Palazzo Vecchio.



Já a noite, caímos na armadilha do Museu da Tortura. Ruim como ser esfolado dentro de um barril de vinagre. Não valeu.



Mas a Farmácia foi uma agradável surpresa indicada pela agente de informações turísticas, brasileira, por sinal. Não aparece na maioria dos guias, mas eu indico como atração imperdível de Florença. no ano de 1200 e pouquinho, uns monges estabeleceram seu mosteiro nas proximidades da Igreja de Santa Maria Novela. Ali, na sua horta, eles cultivavam plantas medicinais que eram usadas na farmacinha do mosteiro para fazer xaropes, emplastros, pomadas e tal. Cerca de 1600, começaram a comercializar sua produção de medicamentos para terceiros e abriram uma lojinha. A fama dos produtos cresceu, viraram uma fábrica de verdade, venderam a fábrica para industriais que mantêm o negócio até hoje, com altíssima qualidade. E a lojinha cresceu e virou simplesmente um dos lugares mais agradáveis de se estar em Florença. É linda, linda, linda. E perfumadíssima, já que agora eles não fazem mais remédios de verdade, mas se dedicam ao setor de perfumaria em geral: sabonetes, pout-pourris, talcos, sais de banho, loções e mais milhares de produtos deliciosos e muito caros. O aroma daquele lugar me acompanha em sonhos... como eu queria que minha casa cheirasse daquele jeito...




Pôr-do-sol nas varandas do andar superior do Palazzo Vecchio, música belíssima dos artistas de rua, subindo da praça. Momento romântico.



No quarto e último dia, por fim, mas não menos importante, o Palazzo Pitti. Os Pitti, rica e importante família florentina, eram rivais dos Medici. Para se exibirem, começaram a construção do mais magnífico palácio da cidade. E foi tanta encomenda de mármore, de granitos, de vidraria, de madeiras nobres e etc que foram à falência. Adivinha quem comprou o palácio ainda não terminado? Sim, eles, os Medici. Ui, deve ter doído no orgulho. Enfim, este palácio enorme abriga hoje seis museus, todos eles grandes: a Galeria Palatina, os Apartamentos Reais, o Museu das Porcelanas, o Museu da Prata (os tesouros acumulados pelas várias gerações), a Galeria de Arte Moderna (não se engane, o que eles chamam aqui de arte moderna é a da primeira metade do século XIX), a Galeria dos Costumes (roupas masculinas e femininas, de 1500 até hoje, recomendo com força!). E ainda inclui um passeio aos Jardins de Boboli.

Programa para o dia inteiro. E para chegar exausto à noite.




Semelhante ao nosso apartamento do Buritis, esta é a área externa privativa do Palazzo Pitti, os jardins do paisagista Boboli para os Medici. Tirando as estátuas, as fontes, as grandes árvores, as escadarias, a gruta, o coreto e o belvedere, nada que nós também não tenhamos em casa.



E agora vamos para a caminha, que amanhã cedo pegamos um carro alugado e vamos passear pela Toscana.