Terra arrasada
A agricultura em clima tropical é uma das práticas econômicas mais desafiadoras que há:
pragas aos montes, solos pouco férteis, chuvas torrenciais concentradas em curto período de tempo, sol inclemente e secas prolongadas.
Mas não só a produção de alimento, também o cultivo de um simples jardinzinho como o nosso proporciona várias pequenas alegrias para compensar as mil frustrações encontradas entre obstáculos e escolhos.
Hoje à noite, por exemplo, cheguei em casa e encontrei o nosso minifúndio (ou melhor, nanofúndio) devastado pela granizada do fim da tarde. As violetas, os cravos, as onze-horas, os beijinhos, o orégano, a pimenteira, a orquídea, o jasmim, a bouganvílea, o antúrio, todas as flores quebradas e jogadas ao chão. Tudo o que as formigas não levaram, as lesmas não devoraram, o Nelson Rodrigues não destruiu, o granizo fez questão de desmantelar.
Sem querer dramatizar a perda de puros ornamentos, mas senti o aperto na garganta de um lavrador que vê os frutos do seu trabalho e suor, os brotos nascidos de mãos calejadas e encardidas, os seres alimentados também pelo olhar cuidadoso, pelas horas gastas de costas curvadas, espalhados por terra, irremediavelmente arrasados. Estou muito triste.
5 Comments:
Ânimo! Vamos plantar tudo outra vez!
Recomece. http://revistacasaejardim.globo.com/Revista/Common/0,,EMI208837-16939,00-QUINTAL+DOS+SENTIDOS.html
Anônimo, recomeçar é minha especialidade.
Sim, amore, quantas vezes for preciso!
É isso aí!!! Recomeçar sempre. A experssão "força na peruca" aprendi com você! :)
Ah, que puxa. Recomeçar, claro, mas com todo direito de ficar tristinha.
:-(
Beijocas.
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