Velhinhas, forma e conteúdo
- Mãe, vamos brincar que nós somos três velhinhas, bem velhinhas?
- Vamos!
- Então tá. Faz de conta que você tem 29 anos, eu tenho 25 e a Bibi 23.
Eu sou um relicto pleistocênico.
///---///---///---///
E tem aquele velho debate sobre Forma X Conteúdo.
Para pesquisadores e cientistas o conteúdo sempre foi prioritário, por razões óbvias. Embora também todos reconheçam que a forma determina o quão clara e corretamente o conteúdo será percebido. Nesse caso específico, Parberry (1989) disse tudo:
"It is sometimes said (particularly by undergraduates) that the details of technical writing are beneath the notice of a scientist of any worth. The implied contrapositive, that scientists who are concerned with such details are not first rate, has obvious counterexamples. It is the belief of a non-trivial subset of our community, including Knuth (Mathematical Writing, Stanford University, 1988), that writing skills are a necessary part of the training of a scientist."
Já no caso da literatura e outras formas artísticas, é que eu acho que esse debate se torna importante. Precisamente porque é aí que a forma pode alterar substancialmente o conteúdo, ou mais: a forma tem conteúdo, ou seja, pelo menos parte do conteúdo se expressa na forma como ele é passado adiante. Ex: a qualidade de um filme não está somente na história que é contada por ele mas na maneira como a história é mostrada (ou escondida).
Assim, quando aquele quadrinista diz que não importa se seu traço é tosco, desde que se entenda a piada, eu fico pensando que a piada só é boa justamente porque o traço dele é tosco. Tivesse ele um traço mais refinado, seus quadrinhos não seriam risíveis, talvez ridículos.
Para vocês que são da área, isso é o óbvio ululante. Para mim, é um admirável mundo novo!
- Vamos!
- Então tá. Faz de conta que você tem 29 anos, eu tenho 25 e a Bibi 23.
Eu sou um relicto pleistocênico.
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E tem aquele velho debate sobre Forma X Conteúdo.
Para pesquisadores e cientistas o conteúdo sempre foi prioritário, por razões óbvias. Embora também todos reconheçam que a forma determina o quão clara e corretamente o conteúdo será percebido. Nesse caso específico, Parberry (1989) disse tudo:
"It is sometimes said (particularly by undergraduates) that the details of technical writing are beneath the notice of a scientist of any worth. The implied contrapositive, that scientists who are concerned with such details are not first rate, has obvious counterexamples. It is the belief of a non-trivial subset of our community, including Knuth (Mathematical Writing, Stanford University, 1988), that writing skills are a necessary part of the training of a scientist."
Já no caso da literatura e outras formas artísticas, é que eu acho que esse debate se torna importante. Precisamente porque é aí que a forma pode alterar substancialmente o conteúdo, ou mais: a forma tem conteúdo, ou seja, pelo menos parte do conteúdo se expressa na forma como ele é passado adiante. Ex: a qualidade de um filme não está somente na história que é contada por ele mas na maneira como a história é mostrada (ou escondida).
Assim, quando aquele quadrinista diz que não importa se seu traço é tosco, desde que se entenda a piada, eu fico pensando que a piada só é boa justamente porque o traço dele é tosco. Tivesse ele um traço mais refinado, seus quadrinhos não seriam risíveis, talvez ridículos.
Para vocês que são da área, isso é o óbvio ululante. Para mim, é um admirável mundo novo!
1 Comments:
Descobri que sou pós-geriátrica. E andava desconfiando disso...
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