Mesa de Bar

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

sábado, outubro 14, 2006

Adolescência e feminismo

Adolescência

Outro dia, na mesa de um bar, rolou uma discussãozinha respeito da adolescência, dos riscos da erotização precoce, dos conflitos de geração, esse tipo de tema.
Eu já li alguns antropólogos afirmarem e concordei: a adolescência é um fenômeno recente, inventado pela nossa moderna sociedade ocidental capitalista e industrializada.
Explico-me: nas sociedades tradicionais, tribais, não existe esse período de transição entre a vida de criança e a vida adulta. Um menino é um menino até o dia em que ele é capaz de matar e carregar para casa a sua própria caça. Nesse momento realizam-se os cerimoniais e rituais de passagem e pronto: ele é um homem. Com todas as responsabilidades que se exigem dos homens: lutar pra defender a tribo, formar e alimentar sua família, fazer parte do conselho e da tomada de decisões, resolver seus próprios problemas e querelas, etc.
Da mesma maneira, uma menina é uma menina até o dia da sua primeira menstruação. Daí tem-se os rituais e cerimoniais de praxe de cada tribo e pronto: ela é uma mulher. Com tudo o que isso exige: casar, parir, cuidar da família, serviços domésticos, etc. E nem precisamos ir tão longe. Há 100, 150 anos atrás, as mulheres ocidentais costumavam ser casadas ainda garotas, com 12, 13 ou 14 anos. Pobres ou nobres, todas casavam assim que se tornavam núbeis.
Esse prolongamento da infância a que se chama adolescência veio da necessidade que a economia industrial, e de serviços, tem de mão de obra treinada. Precisam-se de trabalhadores em larga escala com um mínimo de conhecimento e trabalhadores em pequena escala com o máximo de especialização. Daí que não interessa que os jovens se casem tão cedo e se tornem independentes tão rápido. É melhor retardar o momento de sair da casa dos pais, enquanto se preparam para atender às necessidades do mercado, fazendo pelo menos até o segundo grau, e uns poucos indo para o ensino superior.
A adolescência atual é um período de transição entre a dependência paternal e a dependência patronal.
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Feminismo

Há mais tempo ainda rolou uma discussão sobre feminismo. Eu me arrepio de vontade de criar polêmica sempre que ouço a frase: “nas últimas décadas as mulheres conquistaram o mercado de trabalho”.
Contesto essa frase: não foram nas últimas décadas, não foram todas as mulheres e não foi uma conquista.
Explico-me: essa “conquista” abarcou apenas uma proporção reduzida de mulheres. As mulheres pobres, imensa maioria do universo feminino, sempre trabalharam fora, desde que o mundo é mundo. As mulheres das classes baixas sempre foram: escravas, camponesas, criadas de serviço doméstico, lavadeiras, operárias, etc. E isso não era opção, não era conquista. Ou trabalhavam ou morriam de fome junto com seus filhos.
As mulheres ricas, aristocratas ou da alta burguesia, nunca conquistaram nada, nunca precisaram de trabalhar e continuam não o fazendo, se quiserem. As que têm muito dinheiro no máximo pegam uma bolada junto ao pai ou marido e vão dedicar-se mais seriamente aos seus hobbies: abrem uma galeria de arte, um salão de beleza, uma loja de roupas ultrachique.
Quem realmente teve que enfrentar o batente nas últimas décadas foram as mulheres classe média. Durante e depois da II Guerra Mundial, com boa parte dos homens mortos ou estropiados e a economia arruinada, elas simplesmente tiveram que sair de casa, largar os filhos com alguém e ir enfrentar o trabalho. Mas não foi conquista, foi imposição social. Ou elas trabalhavam ou viviam mal, porque os salários da maioria dos homens a partir daí simplesmente já não era suficiente para sustentar uma família com um padrão de vida confortável. Mas eu não acredito que nos anos 40 e 50 as mulheres tenham ido trabalhar de 8 da manhã às seis da tarde felizes e satisfeitas, acreditando estar conquistando alguma coisa.
Atualmente a maioria das mulheres classe média gosta de trabalhar fora, eu inclusive. Nossa geração já foi educada para isso e é ótimo que o possamos fazer, caso seja uma opção pessoal. Há inúmeras vantagens em se ter o próprio dinheirinho. Mas só a partir da expressiva inserção no mercado de trabalho é que começaram a ocorrer as conquistas femininas reais: direitos trabalhistas, paridade salarial, licença-maternidade, etc.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Muito bom, gostei do que li sobre aborrecencia e sobre feminismo.

bejos

10/15/2006 2:05 AM  
Anonymous Anônimo said...

Gostei sobre o que li sobre adolecência.....mas no texto sobre feminismo concordo em partes. Acredito que as mulheres "conquistaram" um lugar pela necessidade de não estarem as margens da sociedade por serem taxadas como seres sem competência para isso.

10/15/2006 2:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

E sabemos muito bem que ainda hoje há grandes diferenças salariais e preconceitos contra as mulheres... mas... sabe... em parte, elas têm um pouco de culpa nisso! A mulher não sabe unir-se em prol de uma causa. Ao invés disso, elas competem entre si! Veja quantas representantes temos no congresso, nos estados e no país. Ao contrário da ala masculina! E, me desculpe, mas trabalhar fora, cuidar de filho, marido, cachorros e de si mesma não é pra qualuqer um não! Ser mulher nãénadafácil!!!

10/15/2006 9:34 PM  

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