Só preu não esquecer
Desde que vim parar na Biologia, caloura em 1991, já vi pelo menos 5 doidos neste curso. Não estou falando de alopradinhos que querem causar e fazem o curso pelos côcos, vivem bebendo e fumando a erva e talz. Estou falando de gente doida diagnosticada, esquizofrênicos, paranóicos, psicopatas; uma moçada que tomava remédios pesados e de vez em quando surtava. E eu sempre senti um certo medo deles.
Eu tive um aluno assim. Tinha esquizofrenia, controlada com medicação. Num fim de semana, levei a turma inteira para fazer trabalho de campo num reservatório do Triângulo Mineiro. Sábado à noite, coletas terminadas, todo mundo foi tomar cerveja no alojamento onde estávamos hospedados. O aluno em questão me avisou que não podia beber por causa dos remédios. Tudo bem.
Em determinado momento da noite, eu olho pela janela e no gramado ao lado do alojamento lá estava ele, correndo em círculos em alta velocidade, com os braços estendidos à frente do corpo como se segurasse um volante de automóvel. Brincando de carrinho. Apavorei: "o Fulaninho surtou, deve ter bebido"! Eu era a única professora presente em meio a mais de 20 estudantes ainda semi-adolescentes, a mim cabia a responsabilidade pela segurança e bem-estar de cada um. Entrei em pânico, não sabia o que fazer. Juntei toda a minha coragem e mais dois alunos grandes e parrudos e fui lá perguntar o que se passava.
"Sabe o que é, fessôra, é que eu tenho que gastar energia e ficar cansado antes de tentar ir dormir. Senão, fico muito ansioso e passo a noite rolando na cama. Preocupa não, fessôra, eu tô bem", disse sem parar de correr. Profundo suspiro de alívio.
Até hoje, quando fico ansiosa e não consigo dormir de madrugada, eu me pergunto se não é o caso de sair de casa e ir correr em círculos na garagem do prédio. Será que os vizinhos vão me achar muito louca?
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O último maluquinho de que tive notícia foi através de uma professora da Genética. Ela foi chamada pelo diretor do instituto. Chegou na sala dele e estava presente também um de seus alunos. O diretor anunciou: "o seu aluno Fulano de Tal tem uma interessante sugestão de pesquisa para a área de Genética Humana que eu gostaria que você ouvisse."
O menino, todo sério, disse que queria que ela tirasse sangue dele e fizesse uma análise de DNA, pois ele estava certo e seguro de ser descendente direto de Jesus Cristo. (!!!???) E ela: "Ah sim, certo, muito interessante. Você então fica aqui com o diretor enquanto eu vou buscar o material para a coleta da amostra, tá?"
Pois ela correu no colegiado, pediu para entrarem em contato com a família e virem buscá-lo.
Não voltou até hoje, coitado.
Eu tive um aluno assim. Tinha esquizofrenia, controlada com medicação. Num fim de semana, levei a turma inteira para fazer trabalho de campo num reservatório do Triângulo Mineiro. Sábado à noite, coletas terminadas, todo mundo foi tomar cerveja no alojamento onde estávamos hospedados. O aluno em questão me avisou que não podia beber por causa dos remédios. Tudo bem.
Em determinado momento da noite, eu olho pela janela e no gramado ao lado do alojamento lá estava ele, correndo em círculos em alta velocidade, com os braços estendidos à frente do corpo como se segurasse um volante de automóvel. Brincando de carrinho. Apavorei: "o Fulaninho surtou, deve ter bebido"! Eu era a única professora presente em meio a mais de 20 estudantes ainda semi-adolescentes, a mim cabia a responsabilidade pela segurança e bem-estar de cada um. Entrei em pânico, não sabia o que fazer. Juntei toda a minha coragem e mais dois alunos grandes e parrudos e fui lá perguntar o que se passava.
"Sabe o que é, fessôra, é que eu tenho que gastar energia e ficar cansado antes de tentar ir dormir. Senão, fico muito ansioso e passo a noite rolando na cama. Preocupa não, fessôra, eu tô bem", disse sem parar de correr. Profundo suspiro de alívio.
Até hoje, quando fico ansiosa e não consigo dormir de madrugada, eu me pergunto se não é o caso de sair de casa e ir correr em círculos na garagem do prédio. Será que os vizinhos vão me achar muito louca?
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O último maluquinho de que tive notícia foi através de uma professora da Genética. Ela foi chamada pelo diretor do instituto. Chegou na sala dele e estava presente também um de seus alunos. O diretor anunciou: "o seu aluno Fulano de Tal tem uma interessante sugestão de pesquisa para a área de Genética Humana que eu gostaria que você ouvisse."
O menino, todo sério, disse que queria que ela tirasse sangue dele e fizesse uma análise de DNA, pois ele estava certo e seguro de ser descendente direto de Jesus Cristo. (!!!???) E ela: "Ah sim, certo, muito interessante. Você então fica aqui com o diretor enquanto eu vou buscar o material para a coleta da amostra, tá?"
Pois ela correu no colegiado, pediu para entrarem em contato com a família e virem buscá-lo.
Não voltou até hoje, coitado.
5 Comments:
1: Cuidado para não abalroar os outros carros na garagem. Mas talvez a melhor solução contra a ansiedade seria encher o tanque de álcool.
2: Santo Graal, Batman! Dan Brown já ouviu falar desse rapaz?
Ih! Na astrofísica, já teve um cara que surtou quando estava eu e o Pará no lab! Foi estranho!! Depois o cara teve que ficar um tempo internado, mas agora, aparentemente, voltou ao normal... Ainda o vejo pelo ICEx, mas desistiu da astrofísica desde o acontecimento insólito! :P
"2: Santo Graal, Batman! Dan Brown já ouviu falar desse rapaz?"(2)
Nada melhor do que isso pra expressar minha opinião no momento, hahah.
E sobre seu comentário no meu blog, nãaaaao, né neném novo não. Estou curtindo tanto meu corpo só meu de novo... saber que ninguém me habita me deixa feliz, rss.
Pra ter mais louco que a Biologia, acho que só a Psicologia.
Ahahahahaah, adorei o post!
Mas o negócio é grave demais , mesmo. Uma amiga tava me contando que o enteado, 18 anos, é esquizofrênico e ela já teve que enfrentar altas barras com ele dentro de casa...ele cismou que é o dono dela, queria matar o pai pra ficar com ela e depois cismou que saiu de dentro dela..como diria Narcisa Tamborindeguy: "aaai, que loucuraaaaa" !
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