Reunião

Reunião com gente importante, ou seja, tomadores de decisões, implementadores de políticas públicas, financiadores de pesquisa. E tinha um figurão muito elegante, senhor já entrado em anos, gravata lindíssima, terno tipo jaquetão, bengala encastoada em prata e marfim. Ex-secretário de estado, atual presidente de fundação rica. E ele calçava crocs pretos!




Adorei! Mesmo sabendo que não se trata de modismo mas da dificuldade de locomoção causada pela idade, achei que havia ali um espírito fashionista enrustido sob a carapaça de sisudez e afogado em responsabilidades de ordem técnico-administrativas.
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Economistas realmente de vanguarda não pensam mais em Produto Interno Bruto, mas em Produto Interno Suave. Ainda que a expressão seja dúbia, significa que há uma corrente de pensamento que propõe que a riqueza não pode e não deve ser medida unicamente em valores monetários, mas sugere outras métricas, relacionadas a variáveis de difícil valoração, que incluem bem-estar pessoal, social e ambiental. Um avanço, na minha humilde opinião de leiga.
O que me fez lembrar aquelas poucas vezes em que preenchi um formulário/questionário padrão sobre poder aquisitivo: eram só questões relativas a quantas tvs/ geladeiras/ freezeres/ carros/ aparelhos de som/ banheiros/ computadores/ etcs havia na minha residência.
Claro, me classificaram lá na classe B, a meio caminho da C. O que me deixou espantada, porque me considero altamente consumista e materialista. Mas é que o meu padrão de consumo deve ser bem diferente mesmo. Se tivessem perguntado quantos livros leio por mês, quantos filmes assisto, a quantas exposições vou, quantos quadros tenho na parede, quantas receitas novas experimento, quantos lugares novos conheço, etc, acho que eu tinha ficado melhor na fita.
Enfim, enquanto o mundo não muda, continuo pobretona.