Outra coisa

Ano que vem eu faço 40 anos, ano que vem eu faço 40 anos, ano que vem eu faço 40 anos, ano que vem eu faço 40 anos, ano que vem eu faço 40 anos, ano que vem eu faço 40 anos. Vocês já entenderam, ok, mas fico repetindo para convencer a mim mesma que, de fato, ano que vem eu faço 40 anos.

Até pouquíssimo tempo atrás eu ainda achava que só gente muito velha fazia 40 anos. E eis-me aqui, às vésperas dos 40, e me achando tão jovem e faceira... Nisso, por isso e com isso, resolvi desenvolver o projeto "Entrada Gloriosa nos Enta".

A primeira providência foi entrar pra academia. Lá estou. A despeito de viver uma fase em que sou capaz de quase qualquer coisa para me sentir bem, menos deixar de fazer aquilo que me faz mal: cigarro, cerveja, sedentarismo. Já estou encarando academia, qualquer dia já serei capaz de encarar cirurgia plástica (cruzes, morro de medo).

Mas não era nada disso que eu queria falar. O que eu queria falar era sobre depilação a laser. Que também faz parte do "Entrada Gloriosa nos Enta". Eu, mulher-ursa peluda e felpuda, sempre sofri horrores com depilação a cera e ainda mais com lâmina. E resolvi encarar essa maravilha tecnológica da medicina estética que se chama depilação a laser. E nunca como agora sofri tanto e nem nunca estive tão mal-servida de pêlos . Explico-me.

Cera, quente ou fria, é aquela coisa. A gente faz, fica com a pele lisinha e bonita por, no máximo, duas semanas nas quais se pode pôr as pernocas de fora com saias, vestidos, bermudas, e etcs. Depois, mais duas semanas com pêlos crescendo, encravando, enfeiando, até eles terem tamanho suficiente para depilar de novo. Ou seja, metade da vida se passa depilada, a outra metade esperando poder depilar. Isso não é vida pra ninguém.

(podem me criticar e me chamar de fútil e dizer que isso não é coisa que se reclame diante do que está passando a população do Haiti e eu vou concordar)

Aí, pensando em termos de qualidade de vida e glamour aos quarenta, fui à clínica de depilação a laser, tirei até dinheirinho da poupança pra pagar o pacote de sessões e me preparei para o pior. Mas eu não tinha noção de que o pior que eu tinha imaginado era até bem bonzinho diante do que estou passando. Porque o esquema é o seguinte: entre uma sessão e outra do laser não se pode usar nenhum método que arranque o pêlo pela raiz. Tem que deixar crescer, pode ir raspando se quiser e, no dia da sessão, tem que ir recém-raspada; o raio de laser tem que alcançar bem a raiz do pêlo para matá-la, então tem que estar bem rente à pele e, claro, se a raiz estiver arrancada não funciona. Começam os problemas porque o intervalo entre as sessões é longo (45 a 60 dias, o que significa mais de ano para finalizar o tratamento) e só se pode usar gilete para tirar o que vai sobrando e crescendo após cada sessão, o que me deixa com a pele irritada, machucada e com milhões de encravos. Só tenho as opções de andar por aí com as pernas ou cabeludas, ou perebentas.

E a porcaria dói, viu? Olha que eu sou uma pessoa humana com pouca frescura com dor. Mas a cada sessão eles aumentam a potência, ou intensidade, ou sei lá, a força do raio laser. E a cada vez dói mais que na vez anterior. Estou ainda na terceira sessão e já pensei em desistir de tanta dor. Mas não desisto nunca, não por ser brasileira, que por acaso nem sou, mas porque já paguei à vista todas as 10 sessões (aimeussais, ainda faltam sete!!!) pra ganhar descontinho e pra me impedir de saltar fora da parada antes de terminar.

Espero que o resultado final valha a pena e não desaconselho ninguém, mas se você está pensando em fazer também, prepare-se para ter um ano ruim.