As patricinhas do Anchieta
Daí que as menininhas não estão acostumadas a andar no centro da cidade de BH. Já foram ao Parque Municipal e ao Palácio das Artes uma ou outra vez, já foram ao Mercado Central um número igualmente pequeno de vezes. E não passa disso. Hipercentro, nem pensar. São garotas da Zona Sul (embora nascidas no Barreiro) e seu território de atuação se restringe ao Anchieta, Mangabeiras, Serra, Sion, Savassi, Buritis e eventuais visitinhas à Cidade Nova quando os avós maternos estão na cidade. Mas fui fazer a carteira de identidade das duas e bora lá pra Praça Sete providenciar o documento! Uma menina em cada mão, cortando caminho entre transeuntes, apertando o passo na travessia de pedestres, desviando dos passantes apressados. Me divertiu o olhar de espanto e perplexidade delas diante da variedade de tipos urbanos aos quais ainda não tinham sido expostas: -olhos arregalados do tamanho de pires pro pastor evangélico que pregava aos berros com a bíblia na mão e as perguntas que se impõe: "quem é esse homem? o que está fazendo? porque tem que gritar tanto?" -queixo caído e quicando três vezes no chão ao verem um frade franciscano vestido e tosquiado a caráter: "ele tá fantasiado?" -susto com o ceguinho batendo bengala no chão e trombando com a gente -medo dos mendigos, dos pedintes, dos aleijões em frente à igreja Mas não quero que minha filhas cresçam numa redoma chamada Zona Sul, guardadas de um mundo com o qual deveriam interagir e do qual não deveriam sentir receio. Eu e o Boêmio estamos marcando uma visita de busão (outra coisa que elas não conhecem) ao centro da cidade, com direito a pastel frito na hora e refresco por 1,00 real, com direito a moedinhas no bolso para dar a quem as peça, com direito a entrar nas lojinhas baratas pra comprar qualquer coisinha, com direito principalmente a descobrir que o Centro é um lugar muito legal, vivo, constrastante, pulsante, engraçado e sem frescura.
9 Comments:
Curti!
Meg, eu conheço mulheres de mais de 30 que nasceram e viveram em BH a vida toda e nunca pegaram um ônibus, nunca foram ao centro e nunca passaram pela Praça Sete a pé. A iniciativa é muito bacana porque não as deixa alheias ao mundo dos "diferentes", dos menos favorecidos, do "povão" em geral. A Praça Sete rende uma tese de doutorado em qualquer área das ciências humanas... eu trabalho exatamente na esquina, em frente ao obelisco, e me divirto, me espanto e me emociono todos os dias. Beijo!
Hahaha. Adorei!
Minha filha tem 4 anos e igualmente não conhece o centro da minha cidade - Curitiba - nem tampouco anda de ônibus. Pois fomos pra Bahia, de férias, em janeiro, e ela estrou no busão de linha em Salvador! Se divertiu e achou o máximo. Claro que não era na hora do rush, né? Mas...
Preciso levá-la também pra comer um pastel no centro (que aqui também se come pastel bom e barato nessas bandas).
bjos
Eu morei por 9 anos em BH e sempre andei de onibus. Segundo grau e faculdade todo dia....mas o dia que marcou foi primeiro dia que andei de metrô. Bem diferente. Adicione este passeio a sua lista de afazeres populares Meg. Bjao
Eu trabalhei no centro de Bh e fui assaltada umas 3 vezes, quase todos os colegas tb... Boa sorte!
Anônimo, eu morei no centro da cidade por alguns anos e nunca me aconteceu nada. Nem quando chegava em casa da farra, de madrugada, de ônibus, dividindo a calçada com as travecas. Não tenho do que reclamar. Acho que pode ser uma questão de acaso, sorte ou azar...
Meg, os meus já tem problemas com carro.Só andam de ônibus, então quando entram num carro, principalmente com ar condicionado,estranham pra caramba, reclamam de dor de cabeça , enjoo...
E já foram ao centrão várias vezes já que nunca tive com quem deixá-los e se precisava ir, iam junto.Mesmo assim contunuam se espantando a cada vez.
Jujuba adora um pastel e Valon não deixa de comer o cachorro quente das Lojas Americanas.É praxe nas idas ao centro.
Minha maior diversão na infância era passar férias em BH e acompanhar minha vó nas visitas aos bancos e imobiliárias no centro da cidade. De ônibus, claro! Até hoje me lembro do número da linha que pegávamos...
Simone (Casinha de Boneca)
Acho muito legal essa iniciativa, andar de ônibus em BH é uma aventura que faz qualquer criança aprender a se virar no mundo, rsss. Quanto a assaltos, trabalho há 18 anos por aquelas bandas, e fui furtada uma vez (levaram minha bolsa enquanto eu experimentava sapatos numa loja boa) e no mais é transitar pra lá e pra cá na hora do almoço e quando tenho que ir a alguma instituição ali em volta...
Se a gente fica de bobeira, em qualquer lugar do mundo corre o risco de ser abordada por meliantes, mesmo em Roma, NY, Londres ou Paris...
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