Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Dia 19: Livro preferido de não ficção

Atualmente eu prefiro não-ficção a ficção. Ando lendo muito História, Biografias e Divulgação Científica. Enquanto a leitura de livros e artigos científicos propriamente ditos é praticamente uma obrigação profissional, a leitura de livros de divulgação científica, mesmo de outras áreas da ciência que não a minha, é puro prazer e delícia.



Em termos de divulgação da ciência para leigos, Carl Sagan, Richard Dawkins e Stephen Jay Gould são reis e senhores absolutos! (Stephen Hawking acho chato, sorry.) Entre estes, o que mais gosto é o Stephen Jay Gould. Quando digo "gosto", estou dizendo: amo, adoro, venero, idolatro e quero casar com ele (mas já morreu, não se preocupe, amore)!


Paleontólogo, evolucionista, historiador das ciências naturais, excelente escritor, professor titular de Havard, judeu de família pobre do subúrbio de Nova Iorque, agnóstico, democrata, bonachão, colunista de revistas populares semanais, Stephen Gould é tudo de muito bom!


Nos seus textos, ele procura explicar, com muita clareza e didatismo, como funciona o princípio da Evolução por Seleção Natural. Como e porque o Criacionismo é absurdo e sem sentido. Como a metodologia da ciência pode resolver questões morais polêmicas. Dono de muito bom-humor e vastos conhecimentos, ele mistura cultura pop, pesquisas de vanguarda, exemplos clássicos da Zoologia, fatos e notícias da mídia, casos antigos e modernos. Disso tudo saem as crônicas e os artigos mais sensacionais, verdadeiras aulas, divertidas e apaixonantes.


Recomendo todos os seus livros, sem restrições. Mas para quem ainda não tem muita familiaridade com o tema, sugiro começar pelo meu preferido: Dinossauro no Palheiro - Reflexões sobre História Natural, publicado no Brasil pela Companhia das Letras. Foi aí que me apaixonei pelo autor, pelo tema, pela forma de narrar, e nunca mais os abandonei!





"SE REIS PODEM SER ERMITÕES, ENTÃO SOMOS TODOS TIOS DE MACACOS


Aprendemos com nossos erros, talvez ainda mais com nossos enganos mais vergonhosos. Começo, pois, com uma história às minhas próprias custas. Muitos anos atrás, uma de minhas alunas contou-me sobre o irmão de seu pai, um homem severamente retardado, de índole quase infantil. Quando ela o descreveu como "meu tio", minha mente parou por um instante e me peguei pensando (sem nada dizer em voz alta, felizmente, de modo que a vergonha do erro permanecia interiorizada até agora): "Tios são pessoas sábias que oferecem conselhos gratuitos (nem sempre muito bons, reconheço) e nos levam a jogos de beisebol; como alguém com essas limitações pode ser um tio?". Felizmente, dei então um beliscão (metafórico) em mim mesmo e o solilóquio prosseguiu por outras linhas: "Ele é irmão do pai dela; é, portanto, pura e simplesmente, seu tio; tio é um termo genealógico de parentesco, não um conceito funcional de ação; ele é tão tio quanto qualquer outro homem que já viveu".

As relações evolutivas também são primordialmente genealógicas, não funcionais. Todos sabemos que as baleias são mamíferos por causa de ancestrais comuns, não peixes pelo fato de nadarem no oceano. Em termos genealógicos, a proximidade é definida pela posição que se ocupa numa sequência de ramificações - o que Darwin chama de propinquidade, ou contiguidade relativa. Posso ser, na aparência e nas atitudes, mais parecido com meu primo Bob do que com meu irmão Bill, mas Bill continua sendo genealogicamente mais próximo de mim. Função e aparência não precisam ter uma correlação rigorosa com propinquidade genealógica. [...] Os vertebrados terrestres ramificaram-se da linha dos primeiros peixes em algum ponto perto dos ancestrais dos peixes pulmonados modernos; as trutas evoluíram muito depois, de uma linhagem antiga remanescente de peixes. Portanto, se optarmos por classificar puramente por genealogia, os peixes pulmonados e as vacas têm que ser reunidos num grupo separado das trutas. Muitos hão de ficar contrariados com essa idéia, pois nossa classificação convencional mistura relações funcionais e relações estritamente genealógicas. Podemos dizer: "Um peixe pulmonado parece peixe, nada como peixe, age como peixe e (imagino, pois nunca tive o prazer) tem gosto de peixe. Portanto, é um peixe". Talvez. Mas, por propinquidade, os peixes pulmonados estão mais próximos das vacas."

2 Comments:

Blogger Rubão said...

Hawking é a-didático. Em outras palavras, chato pra c...

12/01/2011 2:06 PM  
Anonymous Anônimo said...

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12/07/2011 9:05 PM  

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