Dia 15: Livro preferido de férias
É de literatura leve que se deveria aqui falar. Nada muito intenso, nada muito complexo. Algo suave como a brisa fresca de um fim de tarde praiano, à sombra de uma varanda aberta para o mar.

Mas, enquanto o cenário muito me agrada, esse tipo de literatura definitivamente não. Quando leio, leio por engano. Acontece.
Livros para férias têm que ser absorventes e intrigantes. E volumosos, com muitas centenas de páginas. Não se vai correr o risco de acabar o livro em dois dias e ficar com mais oito pela frente sem ter o que ler. Já pensou se chove? Vai fazer o quê na praia com chuva e sem um livro realmente bom?!
Há uns anos atrás comprei As Noites das Grandes Fogueiras, do jornalista Domingos Meirelles, especialmente para me entreter durante certo período de inatividade. Gostei tanto que saí recomendando aos quatro ventos, mas poucos se animaram a lê-lo. Certamente, o tamanho do calhamaço e a brevidade das férias desanimaram alguns. São 765 páginas; garantia de muitas horas de ócio bem aproveitado.

Trata-se de uma grande pesquisa-reportagem sobre a histórica Marcha da Coluna Prestes pelo Brasil afora, ao longo de quase três anos. Contextualiza e situa muito bem um período que vi muito superficialmente nas aulas do colégio, o Ciclo do Tenentismo. Tem a precisão de dados e documentos oficiais. Tem a dramaticidade dos testemunhos pessoais. Tem a força do registro fotográfico. Tem a narrativa enxuta e direta, no tempo Presente, de um bom texto informativo.
E traz ao leitor a mesma euforia que devia exaltar os revolucionários, embriagados todos pela possibilidade utópica de fazerem valer seus ideais mais nobres.
"Quinta-feira, 31 de dezembro de 1925
O Estado-Maior revolucionário é despertado com uma notícia estarrecedora. Não poderia ter ocorrido tragédia maior no último dia do ano, quando já estavam de partida: o coronel Juarez Távora caiu prisioneiro das tropas legalistas.
Ao preparar uma emboscada contra uma lancha governista que circulava pelo Parnaíba, Juarez viu-se, de repente, envolvido por um pelotão do 29o BC, sediado no Rio Grande do Norte e que chegara ao Piauí há pouco mais de dez dias. Assustado com o tiroteio, seu cavalo empacou; Juarez, reconhecidamente mau cavaleiro, não conseguiu controlar o animal e foi obrigado a se render na fazendo Angelim.
Assim que se ouviram os primeiros tiros, em vez de tomar a direção das forças rebeldes, o cavalo arrastou Juarez para o caminho oposto. Diante dos soldados legalistas surge uma figura imponente, "um homem de porte varonil", camisa branca e bombachas, lenço vermelho no chapéu. Atira no chão o revólver e o punhal que traz no cinto largo e se identifica em voz alta:
- Sou Juarez Távora e me entrego prisioneiro!"
3 Comments:
Ah, a delícia de um bom livro de não ficção! Também adoro ler sobre períodos da história brasileira pelos quais passei batida na escola. Esses livros são preciosos porque instigam, instruem e entretêm.
Este eu nunca li, mas só ouço falar bem.
Também adorei este livro! Bjs
Quando eu te devover os que cá tenho peço-te este emprestado!
Mamãe
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