Vai passar

Quando me cortam fundo, eu grito alto. Mas cicatrizo depressa.
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Conheci recentemente alguns estudantes que fazem mestrado em Cinema. Papo inteligente do princípio ao fim, preocupações estéticas, de linguagem, de inovação. Muito bom e muito fácil criar polêmica com eles. Obviamente minha única intenção ao criar polêmica fácil é aprender. Eles têm argumentos sólidos e exemplos singulares. Eles estudam o assunto, eu não.
Ninguém se altera ou exalta perante a minha inequívoca falta de conhecimento ou compreensão. Exceto os outros, que como eu, não são da área. Os que sabem tão pouco como eu, se tornam de imediato mais papistas que o Papa. Já defendem o saber constituído, antes mesmo de sabê-lo. E ficam furiosos por eu desafiar dogmas que eles, há cinco minutos atrás, nem sabiam que existiam.
Eu teria vontade de rir se estivesse com mais paciência.
Aliás, que mania de se procurar sempre a unanimidade burra. Que festinhas mais sem graça teríamos se todos concordassem que o culpado dos males do mundo é o Bush e mais ninguém.
Adoro aqueles que dizem em alto e bom som o contrário do que todos afirmam.
Adoro quem defende a monarquia, quem defende o Paulo Coelho, quem defende a pena de morte, quem defende o indefensável. Adoro quem de livre e espontânea vontade se coloca como advogado do diabo e nos obriga a repensar nossas escolhas sempre tão sensatas e lógicas. Se o advogado do diabo é bom, no mínimo, vai reforçar nossas certezas, mas de maneira ainda mais criteriosa.