Escritos
Na garupa do tempo foi-se a vida
Fechada em velhos livros de não-dormir.
Entre o que se esqueceu: a saída,
E o que se desaprendeu: chave de entrada.
De tudo o que se foi ao que nada mais será!
Com livros, versos, tédios, se faz chá
Para tomar com barbitúricos ao jantar.
///---///---///---///
Indignação
E, afinal, por que não deixar vir a dor?
Que me torturem a alma,
me calem, me matem, seja o que for.
Abandono-me sem ruído:
é melhor morrer
do que deixar que um dia,
pensem de mim o que penso de vocês.
///---///---///---///
Museu do Louvre
Santos indiferentes
aos distantes olhares turísticos,
preocupados apenas
com dores próprias, propícias
à eternização de sagradas cenas.
Quem vive hoje transfigurações?
É a fé em que descremos
que nos faz o favor de um milagre
ao contemplar telas-poemas!
///---///---///---///
Desapego
Quem dera poder desabraçar-me daqui
e desobrigar-me do amor.
E, lemingue humano, habitar desertos plenos de mim mesma.
Cristalizar e subtrair e distanciar
e sendo menos que tudo, ser a totalidade de mim.
De mãos indiferentes corromper
convenções de infelizes idéias e partir,
deixando rastro de universo menos saudade.
E numa basílica de pouco mais que vácuo
Ser Deus, ser eu, ser nada.
///---///---///---///
Reservo-me à função mais ingrata da vida:
apenas viver.
Passo, fluido fantasma, por gentes e sentidos.
Contorno, liquejacente, sombras e sóis.
Não me agrido, nem me comprometo.
Que fiz da vida senão corte e colagem?
Que fiz de mim senão me manter inteira?
Nem sequer me revolta minha passividade...
Onde está minha coragem que não me despedaço
No abismo sem fim da minha vontade?
Nada fiz: vivi.
Nasci inútil, que meus sonhos inexistem
Mas realizo, arduamente, todos os pesadelos.
Coisas belíssimas que inda hei de fazer:
Matar, mentir, enlouquecer!
Fechada em velhos livros de não-dormir.
Entre o que se esqueceu: a saída,
E o que se desaprendeu: chave de entrada.
De tudo o que se foi ao que nada mais será!
Com livros, versos, tédios, se faz chá
Para tomar com barbitúricos ao jantar.
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Indignação
E, afinal, por que não deixar vir a dor?
Que me torturem a alma,
me calem, me matem, seja o que for.
Abandono-me sem ruído:
é melhor morrer
do que deixar que um dia,
pensem de mim o que penso de vocês.
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Museu do Louvre
Santos indiferentes
aos distantes olhares turísticos,
preocupados apenas
com dores próprias, propícias
à eternização de sagradas cenas.
Quem vive hoje transfigurações?
É a fé em que descremos
que nos faz o favor de um milagre
ao contemplar telas-poemas!
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Desapego
Quem dera poder desabraçar-me daqui
e desobrigar-me do amor.
E, lemingue humano, habitar desertos plenos de mim mesma.
Cristalizar e subtrair e distanciar
e sendo menos que tudo, ser a totalidade de mim.
De mãos indiferentes corromper
convenções de infelizes idéias e partir,
deixando rastro de universo menos saudade.
E numa basílica de pouco mais que vácuo
Ser Deus, ser eu, ser nada.
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Reservo-me à função mais ingrata da vida:
apenas viver.
Passo, fluido fantasma, por gentes e sentidos.
Contorno, liquejacente, sombras e sóis.
Não me agrido, nem me comprometo.
Que fiz da vida senão corte e colagem?
Que fiz de mim senão me manter inteira?
Nem sequer me revolta minha passividade...
Onde está minha coragem que não me despedaço
No abismo sem fim da minha vontade?
Nada fiz: vivi.
Nasci inútil, que meus sonhos inexistem
Mas realizo, arduamente, todos os pesadelos.
Coisas belíssimas que inda hei de fazer:
Matar, mentir, enlouquecer!
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