Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quarta-feira, maio 28, 2008

Prazeres comprados

No passado, comprei os prazeres que pude. Era infeliz e tinha dinheiro.

Comprei uma bela varanda de azulejos hidráulicos. Comprava vinhos caros (20 garrafas de uma vez!) e puro malte escocês. Vestidos bonitos de grifes famosas. Comprei jantares magníficos em restaurantes elegantes. E presentes bacanas que eram sempre desprezados (não disse que era infeliz?). E comidas: codornas, salmão, camarões do tamanho da minha mão, pernis de porco defumados, bolos de nozes. E coisas mais baratas também: bombomzinhos, camisetinhas, agrados e mimos para meninas, passeios aqui e ali e à Europa também.

Agora não tenho mais dinheiro e sou feliz (há momentos de tensão intermeados, como em toda a felicidade verdadeira). Meus prazeres são de graça e ainda mais deliciosos. A gargalhada que explode depois do ato falho, o passo de dança improvisado e bem-executado, o tilintar de chaves do outro lado da porta, as conversas que nunca têm fim, os jogos de palavras, as músicas inventadas, as piadas internas, a companhia serena, o cheiro de criança no quarto das crianças, a leitura em voz alta, o enfiar das contas coloridas num barbante, os gritinhos agudos, o vozeirão grave, dormir a sesta na casa do meu pai, coreografias apalhaçadas, planos de passeios futuros, fazer contas com os dedos, acalentar, dar colo e leite morno, lembrar casos engraçados, amar e ser amada.
E não gasto quase nada.

4 Comments:

Blogger Unknown said...

Que linda declaração de felicidade...Fico feliz por você !

5/28/2008 10:21 AM  
Blogger Rubão said...

Este comentário foi removido pelo autor.

5/28/2008 11:02 AM  
Blogger Rubão said...

Não nasci poeta
Tampouco esteta
Nem tenho din-din
Mas dentro de mim

Há tanto que nem sei...
Tostões? Ou tesouros?
A contento ou poucos:
O que for, eu te darei

O bolso não tem poder
Para comprar o prazer
Já que meu maior mérito
É a aptidão para o débito

E daí que já fali? E daí que já errei?
Prazer de verdade não está à venda.
Se felizes, importa se nossa merenda
For paçoquinha com guaraná Del Rey?

Enfim, perdoe a pobre poesia,
Construto de má engenharia
Edificada com pressa, suor e calor .

Quanto valem os versos de um tosco?
Nada, talvez! Mas, se te der meu amor
Tu me devolverias um beijo de troco?

5/28/2008 3:31 PM  
Blogger K said...

Ah, Rubão que lindo !!!
Meg ,já deu lhe o beijo ?

Pois é , há pouco descobri que os anos mais felizes da minha vida foram aqueles com as contas vencidas, a luz cortada e a janta esquentada.Pena que já passaram.
K

5/28/2008 9:14 PM  

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