Prazeres comprados
No passado, comprei os prazeres que pude. Era infeliz e tinha dinheiro.
Comprei uma bela varanda de azulejos hidráulicos. Comprava vinhos caros (20 garrafas de uma vez!) e puro malte escocês. Vestidos bonitos de grifes famosas. Comprei jantares magníficos em restaurantes elegantes. E presentes bacanas que eram sempre desprezados (não disse que era infeliz?). E comidas: codornas, salmão, camarões do tamanho da minha mão, pernis de porco defumados, bolos de nozes. E coisas mais baratas também: bombomzinhos, camisetinhas, agrados e mimos para meninas, passeios aqui e ali e à Europa também.
Agora não tenho mais dinheiro e sou feliz (há momentos de tensão intermeados, como em toda a felicidade verdadeira). Meus prazeres são de graça e ainda mais deliciosos. A gargalhada que explode depois do ato falho, o passo de dança improvisado e bem-executado, o tilintar de chaves do outro lado da porta, as conversas que nunca têm fim, os jogos de palavras, as músicas inventadas, as piadas internas, a companhia serena, o cheiro de criança no quarto das crianças, a leitura em voz alta, o enfiar das contas coloridas num barbante, os gritinhos agudos, o vozeirão grave, dormir a sesta na casa do meu pai, coreografias apalhaçadas, planos de passeios futuros, fazer contas com os dedos, acalentar, dar colo e leite morno, lembrar casos engraçados, amar e ser amada.
E não gasto quase nada.
Comprei uma bela varanda de azulejos hidráulicos. Comprava vinhos caros (20 garrafas de uma vez!) e puro malte escocês. Vestidos bonitos de grifes famosas. Comprei jantares magníficos em restaurantes elegantes. E presentes bacanas que eram sempre desprezados (não disse que era infeliz?). E comidas: codornas, salmão, camarões do tamanho da minha mão, pernis de porco defumados, bolos de nozes. E coisas mais baratas também: bombomzinhos, camisetinhas, agrados e mimos para meninas, passeios aqui e ali e à Europa também.
Agora não tenho mais dinheiro e sou feliz (há momentos de tensão intermeados, como em toda a felicidade verdadeira). Meus prazeres são de graça e ainda mais deliciosos. A gargalhada que explode depois do ato falho, o passo de dança improvisado e bem-executado, o tilintar de chaves do outro lado da porta, as conversas que nunca têm fim, os jogos de palavras, as músicas inventadas, as piadas internas, a companhia serena, o cheiro de criança no quarto das crianças, a leitura em voz alta, o enfiar das contas coloridas num barbante, os gritinhos agudos, o vozeirão grave, dormir a sesta na casa do meu pai, coreografias apalhaçadas, planos de passeios futuros, fazer contas com os dedos, acalentar, dar colo e leite morno, lembrar casos engraçados, amar e ser amada.
E não gasto quase nada.
4 Comments:
Que linda declaração de felicidade...Fico feliz por você !
Este comentário foi removido pelo autor.
Não nasci poeta
Tampouco esteta
Nem tenho din-din
Mas dentro de mim
Há tanto que nem sei...
Tostões? Ou tesouros?
A contento ou poucos:
O que for, eu te darei
O bolso não tem poder
Para comprar o prazer
Já que meu maior mérito
É a aptidão para o débito
E daí que já fali? E daí que já errei?
Prazer de verdade não está à venda.
Se felizes, importa se nossa merenda
For paçoquinha com guaraná Del Rey?
Enfim, perdoe a pobre poesia,
Construto de má engenharia
Edificada com pressa, suor e calor .
Quanto valem os versos de um tosco?
Nada, talvez! Mas, se te der meu amor
Tu me devolverias um beijo de troco?
Ah, Rubão que lindo !!!
Meg ,já deu lhe o beijo ?
Pois é , há pouco descobri que os anos mais felizes da minha vida foram aqueles com as contas vencidas, a luz cortada e a janta esquentada.Pena que já passaram.
K
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