Mamãezinhas
Assisti, até hoje, apenas uns poucos episódios da Supernanny e esses poucos foram mais que suficientes para que eu confirmasse o que já intuía: crianças muito mal-educadas são filhos de pais também muito mal-educados. E por mal-educados não quero dizer necessariamente pessoas rudes ou grosseiras (embora também aconteça), mas pessoas indisciplinadas, desregradas e com péssimos hábitos. Em relação a tudo: alimentação, horários, tipo de lazer, etc.
Como querem que as crianças respeitem a hora das refeições, sentadinhas na mesa, se os pais pegam cada um o seu prato e sentam, um na frente da tv, outro na cozinha, e em momentos diferentes embora estejam juntos em casa?
E por aí vai...
Mas não era aí onde eu queria chegar. O fato é que entendi porque as amigas das minhas filhas que frequentam a minha casa são tão chatinhas na hora de comer: não comem salada, não comem verdura, não comem carne se tiver molho, não comem arroz se tiver alho, não comem feijão se tiver bacon, não comem omelete se tiver ervinhas como tempero, e muitos etcs mais.
É que ontem teve festinha infantil e serviram rodízio de pizza. E as mães, ao meu lado na mesa, iam pondo na borda do prato a cebola, o pimentão, a azeitona, o tomate seco, a rúcula, o manjericão e sei lá o quê mais vinha na comida. Explicado: mau exemplo vem de cima.
Fizesse eu uma coisa dessas quando criança, levava logo um tapa na mão e recebia a ordem expressa e inquestionável de "comer tudo o que está no prato". Sem querer criticar outras pedagogias mais livres, mas para mim ficou a noção de que ter mil frescuras e restrições à mesa é simplesmente mais uma forma de má-criação, que se estende ao longo da vida adulta.
///---///---///---///
Outra coisa interessante da festinha de ontem: o Boêmio foi e se exasperou. Tomou uma overdose do que eu chamo de "conversinha de mamãezinha". O banal do banal elevado à enésima potência: "minha filha gosta mais de rabo-de-cavalo do que de maria-chiquinha, e a sua?", e coisas do tipo.
O curioso é que, individualmente, as outras mães não são, em geral, pessoas estúpidas ou demasiado fúteis. Conversando com uma de cada vez, separadamente, nota-se que são mulheres inteligentes, esclarecidas, a maioria tem bons empregos, interesses variados e talz. O problema é que, quando juntas, rola uma sinergia ruim. Acho que ficamos todas (eu me incluo nessa, infelizmente) cheias de dedos, com medo de levantar qualquer assunto mais pesado do que as futilidades do dia-a-dia, com medo de expressar opiniões mais contundentes que possam ofender alguém, afinal ninguém se conhece bem, ninguém sabe em que político o outro vota, qual ideologia o outro defende. Enfim, ninguém quer ousar ser diferente, com medo principalmente que isso reverbere sobre a sua criança e que esta passe a ser (mal) vista como "a filha daquela esquisita".
Isso me faz gostar ainda mais do pequeno grupo de amigas-motherns que ainda se encontra (embora não tenhamos conseguido nos encontrar tanto quanto gostaríamos). Ali, não se tem medo do julgamento alheio. Ninguém tem obrigação de concordar, pode-se criar polêmica, pensar diferente e expressar isso. Ali, pode-se realmente interagir de maneira franca e livre, que é a única que vale a pena.
Como querem que as crianças respeitem a hora das refeições, sentadinhas na mesa, se os pais pegam cada um o seu prato e sentam, um na frente da tv, outro na cozinha, e em momentos diferentes embora estejam juntos em casa?
E por aí vai...
Mas não era aí onde eu queria chegar. O fato é que entendi porque as amigas das minhas filhas que frequentam a minha casa são tão chatinhas na hora de comer: não comem salada, não comem verdura, não comem carne se tiver molho, não comem arroz se tiver alho, não comem feijão se tiver bacon, não comem omelete se tiver ervinhas como tempero, e muitos etcs mais.
É que ontem teve festinha infantil e serviram rodízio de pizza. E as mães, ao meu lado na mesa, iam pondo na borda do prato a cebola, o pimentão, a azeitona, o tomate seco, a rúcula, o manjericão e sei lá o quê mais vinha na comida. Explicado: mau exemplo vem de cima.
Fizesse eu uma coisa dessas quando criança, levava logo um tapa na mão e recebia a ordem expressa e inquestionável de "comer tudo o que está no prato". Sem querer criticar outras pedagogias mais livres, mas para mim ficou a noção de que ter mil frescuras e restrições à mesa é simplesmente mais uma forma de má-criação, que se estende ao longo da vida adulta.
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Outra coisa interessante da festinha de ontem: o Boêmio foi e se exasperou. Tomou uma overdose do que eu chamo de "conversinha de mamãezinha". O banal do banal elevado à enésima potência: "minha filha gosta mais de rabo-de-cavalo do que de maria-chiquinha, e a sua?", e coisas do tipo.
O curioso é que, individualmente, as outras mães não são, em geral, pessoas estúpidas ou demasiado fúteis. Conversando com uma de cada vez, separadamente, nota-se que são mulheres inteligentes, esclarecidas, a maioria tem bons empregos, interesses variados e talz. O problema é que, quando juntas, rola uma sinergia ruim. Acho que ficamos todas (eu me incluo nessa, infelizmente) cheias de dedos, com medo de levantar qualquer assunto mais pesado do que as futilidades do dia-a-dia, com medo de expressar opiniões mais contundentes que possam ofender alguém, afinal ninguém se conhece bem, ninguém sabe em que político o outro vota, qual ideologia o outro defende. Enfim, ninguém quer ousar ser diferente, com medo principalmente que isso reverbere sobre a sua criança e que esta passe a ser (mal) vista como "a filha daquela esquisita".
Isso me faz gostar ainda mais do pequeno grupo de amigas-motherns que ainda se encontra (embora não tenhamos conseguido nos encontrar tanto quanto gostaríamos). Ali, não se tem medo do julgamento alheio. Ninguém tem obrigação de concordar, pode-se criar polêmica, pensar diferente e expressar isso. Ali, pode-se realmente interagir de maneira franca e livre, que é a única que vale a pena.
4 Comments:
A conversa de mamãezinha é o de menos. Intragável é a dondoca falando que "no sul, é outra cultura", nordestino estraga Brasília, contando a lição de moral que deu na doméstica, fazendo carinha de nojo quando lembra do povo, "sabe, tipo aquela mulher que atravessa fora da faixa de pedestres na Praça 7 com três meninos na mão".
O resto, dá até pra levar.
É, teve essa também, a dondoca escrota. O pior dos piores.
Trófeu Mula para ela.
Opa! Mesmo atravessando na faixa, já vi a cara de nojo pra mim. Porque, né, três filhos hoje em dia?? Como já ouvi, "coisa de pobre". Vou parar por aqui, pq com vcs, tenho tentado seguir à risca "É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida."
Ai, a Nina é filha da esquisita.
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