Abstrato
(Maria Helena Andrés)
Por que tantas pessoas têm tantas restrições à arte contemporânea, principalmente em relação à pintura abstrata, justamente a que mais me agrada?
Posso antecipar algumas respostas, como a falta de um significado óbvio: "Isso (a tela) não me diz nada."
(Fernando Lucchesi)
Discordo dessa necessidade de significado. Uma obra de arte não tem necessariamente que dizer nada. Sua função pode ser apenas estética, no sentido de agradar aos sentidos (notadamente a visão), de emocionar pela beleza, pela harmonia, ou pela feiúra, pelo caos que evoca. Mas de alguma maneira provocar sensações e através delas, quem sabe?, despertar emoções e sentimentos.
(Celso Renato)
E questiono mais ainda a necessidade do óbvio. Por que uma obra de arte deveria ser óbvia?
Um quadro com uma criança chorando, com olhos do tamanho de pires, é tão absurdamente óbvio que deixa a desejar num outro quesito básico da função da arte: nos instigar, intrigar, deixar perplexos, fazer-nos procurar conexões e referências dissimuladas. Quem nunca quis saber nada sobre arte moderna pode estranhar o que vê numa galeria, mas se tentar entender a trajetória do artista e do período em que produziu determinada obra vai ser capaz de apreciá-la.
(Maria Helena Andrés)
E mesmo que não queira tentar entender nada, tudo bem.
As telas têm luz, têm cor, têm movimento, têm leveza, graça. Isso não basta para serem agradáveis aos olhos, para serem apreciadas como coisas belas?
Quando se ouve música instrumental não se exige que a música "diga" alguma coisa, que tenha significado direto. Ou alguém sabe o que Chopin e Bach estão dizendo em suas sonatas e noturnos? A música simplesmente entra pelos ouvidos e nos faz bem, nos dá prazer, nos traz sensações agradáveis.
O mesmo com um bom quadro abstrato: entra pelos olhos adentro e ilumina a mente e a alma e me deixa feliz.
8 Comments:
Amore, de todos, só não gostei do último, senti falta de um pouco de transgressão; adorei a tessitura do primeiro; o terceiro, achei bacana.
Bjs,
r
Este comentário foi removido pelo autor.
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hahahahaha, seu tosco!!!
Meg amada, como você anda mulher?? Preciso lhe dizer que nunca entendi patavinas de arte, e não sou muito chegada em quadros...E como anda a vida? Beijão
Muxi, vc tá certíssima, tem muito picareta por aí. Mas nem por isso a gente precisa de jogar tudo na mesma fogueira e achar que tudo o que se faz atualmente é lixo.
Talvez o problema com o contemporâneo abstrato seja o grau de dificuldade para separar o joio do trigo. Não é tão fácil, tão óbvio, tem que estudar um pouco o assunto, tentar entender qual a proposta e se a obra a atende, etc. E isso, claro, dá origem a muito blábláblá asneirento.
beijocas
Eu até gosto de algumas coisas na arte abstrata, principalmente a transgressão dos pioneiros: Malevich, Klee, Kandinsky. Gosto muito também do Pollock. Mas Maria Helena Andrés só me lembra hall de entrada de prédios de classe média alta, lá pelo final dos anos 80.
:-P
Gata, que saudade! A gente tem que se encontrar de novo, dessa vez pra um encontro mais duradouro do que um sinal fechado, né? Beijo.
Meg: estou encantada com a tua gama de interesses! Mal te conheço, não é mesmo? Mas o Marques, que nos é comum, ainda nos liga, através do oceano.
Até breve. Ana Maria Marques
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