No meio do mato
Por falar em trabalho ingrato, nem tudo são flores quando faço trabalho de campo. Há também espinhos e carrapichos. Nesta última viagem, por exemplo, a casa que nos serve de alojamento estava infestada de ratos e morcegos. Tínhamos que sentar à mesa com as pernas cruzadas sobre a cadeira e a cabeça baixada sobre o prato de comida porque uns corriam pelo chão e outros davam rasantes pelo ar. Mas isso nem é o pior.
Medonhos mesmo são os seres humanos. A vez em que tive mais medo no meio do mato (tirando o ataque de abelhas, mas conto esse caso em outro momento) foi quando topei com um grupo de jagunços mal-encarados que veio assuntar o que eu fazia. Estávamos no médio Jequitinhonha, região de muito garimpo clandestino onde o povo não é pra graças e mata só pra ver pra que lado o outro cai, a uns bons 50 km de estrada de terra do lugarejo mais próximo. Paramos na beira do rio e eu fui começar a coleta quando vários motoqueiros aparecem do nada e cercam o carro com as motos. Eu já estava no rio, com água pelos joelhos e quando olho pra margem, estão lá sete sujeitos de braços cruzados, cara amarrada, olhando fixamente para mim. Não vi nenhuma arma de fogo, o que não quer dizer que eles não as tivessem.
Fui fazendo as contas mentalmente: “três deles dão conta do motorista (que era grande e parrudo), um só basta pra liquidar o R. (o estagiário magrelo que me acompanhava), outro é suficiente para acabar comigo e ainda sobram dois.” Cheguei a cogitar em me atirar à água e ir a nado até a Bahia, apenas uns 100 km de corredeiras. Aí, fiz a minha cara mais boazinha, dei o meu sorriso mais meigo, e fui puxando papo, explicando o que estava fazendo, nada de ouro nem pedras, só bichinhos, só pesquisa, etc. Eles foram relaxando, descruzaram os braços, alguns chegaram a ensaiar um sorrisinho, perceberam que eu era inofensiva, mas não deram nenhuma explicação sobre quem eram ou o que faziam ali naquele ermo. Provavelmente estavam a serviço dos donos das terras ou de um grileiro, sei lá.
Na volta, ainda fizeram questão de acompanhar o nosso carro por cerca de 20 km.
Medonhos mesmo são os seres humanos. A vez em que tive mais medo no meio do mato (tirando o ataque de abelhas, mas conto esse caso em outro momento) foi quando topei com um grupo de jagunços mal-encarados que veio assuntar o que eu fazia. Estávamos no médio Jequitinhonha, região de muito garimpo clandestino onde o povo não é pra graças e mata só pra ver pra que lado o outro cai, a uns bons 50 km de estrada de terra do lugarejo mais próximo. Paramos na beira do rio e eu fui começar a coleta quando vários motoqueiros aparecem do nada e cercam o carro com as motos. Eu já estava no rio, com água pelos joelhos e quando olho pra margem, estão lá sete sujeitos de braços cruzados, cara amarrada, olhando fixamente para mim. Não vi nenhuma arma de fogo, o que não quer dizer que eles não as tivessem.
Fui fazendo as contas mentalmente: “três deles dão conta do motorista (que era grande e parrudo), um só basta pra liquidar o R. (o estagiário magrelo que me acompanhava), outro é suficiente para acabar comigo e ainda sobram dois.” Cheguei a cogitar em me atirar à água e ir a nado até a Bahia, apenas uns 100 km de corredeiras. Aí, fiz a minha cara mais boazinha, dei o meu sorriso mais meigo, e fui puxando papo, explicando o que estava fazendo, nada de ouro nem pedras, só bichinhos, só pesquisa, etc. Eles foram relaxando, descruzaram os braços, alguns chegaram a ensaiar um sorrisinho, perceberam que eu era inofensiva, mas não deram nenhuma explicação sobre quem eram ou o que faziam ali naquele ermo. Provavelmente estavam a serviço dos donos das terras ou de um grileiro, sei lá.
Na volta, ainda fizeram questão de acompanhar o nosso carro por cerca de 20 km.
9 Comments:
Na charneca, isso não se vê.
Como faziam para dormir?
É desse bicho que eu tenho mais medo , Meg, do bicho-homem.
K
Não gostei, ui!
Nesta fase, então... estou querendo convocação para deitar num resort...
Credo! Que medo! Não sei o que eu iria fazer!
É por essas e outras que prefiro trabalhar quietinha em uma sala...
Nú! Terror e pânico!
Eu dormia com a cabeça tapada pelos lençóis e a luz acesa.
K., eu também. No campo não tenho medo de cobras, nem aranhas, convivo com os morcegos e ratos e tudo bem. Mas me pélo de medo de encontrar gente.
Alena, vc e a bebê merecem um resort de luxo, 5 estrelas, pra ela já nascer no bem-bom!
Muxi, Simone, Ivich, a palavra mais adequada para o que eu senti: c*gaço.
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