Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Hora da mamada!

Eu fui uma das felizardas que não teve problemas com a produção de leite. Aliás, tinha leite com a fartura de uma vaca, garanto que não faria feio em nenhuma exposição de gado. E tinha muito orgulho disso, adorava meus peitos inchados, jorrando e esguichando leite a meio metro de distância a cada vez que o bebê chorava. Eu fui a fonte exclusiva de alimento das minhas duas filhas nos primeiros quatro meses de vida e elas engordaram feito duas bacurinhas nesses meses o que me dava uma satisfação enorme. Mas não tinha como não engordarem: o leite materno é dulcíssimo! Sim, eu provei. Ordenhei meio copo e tomei uns goles pra ver como era. Gostei.

Descobri recentemente nas fotos de um livro do antropólogo Lévi-Strauss que a minha posição preferida para amamentar é a mesma das índias brasileiras: deitada de lado com o bebê à minha frente, virado para mim. Nunca gostei de dar a mamada sentada, com a criança no colo. Preferia assim, nós duas deitadinhas, abraçadinhas, cobertas com uma manta, a cabecinha dela ao alcance do meu nariz para eu sentir aquele cheirinho delicioso que só os nossos bebês têm.

Mas nem tudo foi tranquilo o tempo todo. Logo no início, os bicos dos seios racharam, ficaram divididos ao meio e doíam muito nas primeiras sugadas. Eu mordia minha própria mão para não gritar de dor e não assustar o bebê. Mas depois de três ou quatro sugadas o leite começava a fluir e a dor passava. Mesmo assim, pensei várias vezes em desistir, porque a dor inicial era quase insuportável, me fazia chorar de desespero. Nesses momentos foi muito importante ter ao meu lado o pai das meninas. Ele me consolava e estimulava a continuar, e esse carinho comigo e com as bebês fez com que eu me mantivesse ali, firme e forte para o bem da família. Isso durou mais ou menos um mês e meio, depois os seios cicatrizaram e foi só prazer, para mim e para elas.

É bom lembrar que amamentar é atividade de dedicação exclusiva. Não dá pra querer fazer muita coisa enquanto se está com a criança no peito. Não dá pra atender telefone, digitar no computador, escrever lista de compra, atender solicitações de marido, empregada, etc. Então de 3 em 3 horas eu dizia ao mundo: agora você se vire sozinho que é hora da mamada. E essa hora era sagrada: durante 30 minutos (quinze do lado esquerdo, quinze do lado direito) eu não estava para ninguém.

Sinto saudades dessa época, embora ela tenha envolvido uma boa dose de sacrifício de tempo e energia. Gostava de ver minhas meninas revirando os olhos pra trás de tão satisfeitas, dando aqueles sorrisos de bêbado feliz, com os olhos semicerrados e canto da boca repuxado. Gostava de ver gotinhas de suor se formando na testa delas à medida que a barriga enchia e o corpo esquentava.

Amamentar foi uma experiência deliciosa que eu recomendo com força a todas que puderem.

6 Comments:

Blogger Rubão said...

Via Uma
Diva
Via Uma
Dádiva.
A vida
Ávida
Duas vias
Lácteas.

8/01/2008 12:20 PM  
Blogger K said...

Ah, Meg, nunca na vida tive vontade de amamentar.Fiz por causa de um acordo com o Fabien.Foi um dos maiores prazeres da minha vida.
Tive leite em abundancia,não tive seio "empedrado" ou bico rachado.
Gostei tanto que amamentei o Jujuba até 5 anos de idade.E hoje morro de saudade quando vejo alguém amamentando um bebê.Saudade do cheiro como você disse,dos olhinhos do nosso filho pra gente, da boquinha procurando o bico...

8/01/2008 2:33 PM  
Blogger Unknown said...

Ah, minha experiência com amamentação foi traumática... Mas fico feliz quando vejo depoimentos de mães bem sucedidas na empreitada.
Beijos

8/03/2008 8:56 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu achei que meus limõeszinhos seriam minguados de leite...
Mas nunca vi, virou rio, cachoeira que durou oito meses, que alegria!

Quero te apresentar meu namorado poeta, tô numa culteza de dar gosto nas últimas semanas.
Passa lá no blog dele pra você já ir conhecendo um cadim...
http://www.papagaiomudo.blogspot.com

Comenta se você gostar.

Beijos beijos

8/04/2008 6:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Oi Meg! Fiquei emocionada de ler esse post!
Eu, agora nessa fase mãe de primeira viagem quero saber tudo de tudo! As vezes fico pensando se vou ter leite, até porque se dependesse de tamanho eu tava danada! não vejo a hora de poder amamentar!!! Um beijo!

8/06/2008 4:54 PM  
Anonymous Anônimo said...

Que texto maravilhoso, Meg! Um verdadeiro hino!

8/27/2008 1:15 PM  

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