Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

terça-feira, abril 20, 2010

Católicos e Coerentes

Ontem no telejornal, o Ratzinger pede desculpas às vítimas dos padres pedófil0s. Diz que a igreja vai investigar. Vai, sim. No sofá, o desconforto me rói. Fico pensando em quem ainda se diz católico. Em geral, são pessoas normais. Mas que não devem pensar muito no assunto. Porque, se pensarem bem no que significa ser católico, praticamente ninguém pode ostentar tal orientação religiosa e levar isso a sério.

Eu não sou um exemplo de coerência. Me contradigo a cada passo. Mas tento, juro que tento, o tempo todo, coadunar o que penso, o que falo e o que faço. E então não posso me considerar católica (nem de religião nenhuma, aliás), simplesmente porque o que penso, o que falo e o que faço não são nada católicos. A Igreja não me quer entre seu rebanho e eu quero me manter coerente, na medida do possível.

Se eu uso qualquer método de anticoncepção (fora a tabelinha), estou fora.
Se eu sou favorável ao aborto, a Igreja quer é me excomungar.
Se eu aceito o divórcio, idem.
Se me recuso a discriminar homossexuais.
Se mais um monte de coisinhas.

Só podem ser realmente católicos aqueles que se declaram homofóbicos, que só fazem sexo para engravidar, que aceitam viver até a morte mesmo um casamento extremamente infeliz e que jamais, por motivo algum, mesmo os permitidos pela lei do Estado, fariam ou ajudariam alguém a fazer um aborto.

Há algum católico aí? Católico de verdade?

Lá vou eu pra fogueira.

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Tinha um amigo meu, conhecido pela extravagância, que se converteu ao islamismo. Dizia que era uma questão de convicção pessoal, que havia uma série de propostas no islamismo com as quais ele se identificava, etc.

Aí eu perguntava:
"Você reza seis vezes por dia virado para Meca?"
"Não."
"Você faz jejum no Ramadã?"
"Não."
"Você bebe álcool?"
"Sim."

Bom, então fica fácil, né? Você pega só o que te for conveniente e faz o que quiser.
Coerência, please, coerência.
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Esse mesmo amigo, um extravagante.

Dedicava-se ao cultivo de rosas raras. E tinha umas belíssimas na casa dele.
Gostava tanto de futebol que fez curso para.... árbitro.
Enquanto todos corriam ou caminhavam na pista de jogging, ele fazia marcha atlética!

10 Comments:

Anonymous Leo said...

Oi Meg. Eu estava pensando algo bem parecido ontem no trânsito. Depois de ser fechado por um lunático, o reencontrei num sinal fechado a frente. E um bonito terço balançava lá no retrovisor do sociopata. Imaginei-o ajoelhado, os olhos em faíscas, diante de uma imagem do Cristo, pedindo: Ah, meu pai, mata fulano! Ah, Jesus, faz ciclano se entrevar e falir. Ai Deus, faz Beltrana dar pra mim.
Tirando o exagero, muita gente age assim. É o Deus "gênio da lâmpada", que concede desejos, que ajuda nas mazelas, mas que não cobra do sujeito uma conduta condizente com os verdadeiros preceitos religiosos. Nas suas palavras: "Bom, então fica fácil, né? Você pega só o que te for conveniente e faz o que quiser."

4/20/2010 12:23 PM  
Anonymous Mariana said...

OLá!
Sou católica. E escolhi uma paróquia que pensa igual a mim (e até mesmo igual a você). Não que esse pároco seja incoerente. Ele apenas não acha certo seguir parâmetros que são completamente inaceitáveis no mundo de hoje. Paga muito caro por pensar (e agir!!!) dessa forma. Mas segue em frente, superando todos os obstáculos que aparecem. E nós, com ele!

4/20/2010 2:54 PM  
Blogger MegMarques said...

Mas Mariana, então vc não pode dizer que é católica mesmo, mesmo, mesmo, por que vc não segue as orientações do líder máximo cátólico, que é o Ratzinger, vc segue as orientações de um padre particular, que por sua vez NÃO segue as orientações daquele que ele diz ser seu líder.
Sem querer desrespeitar suas convicções, mas isso fica me parecendo com o caso do meu amigo.

bjo

4/20/2010 4:58 PM  
Blogger MegMarques said...

Leozinho, as piores pessoas que já conheci, mais cheias de ódio, rancores, preconceitos, desprovidos de ética e compaixão, eram as mais religiosas também. Mas não só católicas, de qualquer religião.

bjos

4/20/2010 5:01 PM  
Anonymous Mariana said...

Não sei Meg. Não sei se para ser uma coisa ou outra coisa é preciso aceitar todo o lado ruim que essa coisa nos apresenta. Abortos, divórcios, métodos anticoncepcionais, pedofilia, homofobia e toda podridão da Igreja são tão absurdas que não posso aceitar. Mas acredito na fé, na esperança, num Deus que conforta o coração. Acredito que um gesto vale mais que mil palavras. E me considero católica por achar que Jesus Cristo pregava isso que acabei de escrever. E não aquelas coisas escritas no início da mensagem que são interpretações de loucos que passaram (e passam!) por uma situação de poder e que, por isso, acham que podem tudo!
O texto do Leo está ótimo. Concordo plenamente. São por causa dessas pessoas, entre outras, (que apeser de não estarem no poder)que a religião católica está de mal a pior!

4/22/2010 9:02 AM  
Blogger MegMarques said...

Eu também não sei, não tenho muitas certezas absolutas em relação a esse assunto.
Por outro lado, eu penso que acreditar "na fé, na esperança, num Deus que conforta o coração, num gesto que vale mais que mil palavras" independe de você seguir ou não um religião específica.
Qualquer pessoa pode levar uma vida correta, honesta, de bondade e auxílio ao próximo, sendo cristão, judeu, mulçumano, xintoísta ou ateu. O que me leva a pensar que as religiões, com seu lado podre e perverso (que todas têm), são totalmente dispensáveis.

bjos

4/22/2010 12:02 PM  
Blogger K said...

Meg, por isso não batizei meus filhos.Eu me sentiria uma completa hipócrita.No momento do batizado o padre pergunta se você promete criar seus filhos nessa fé.eu juraria em vão na frente da minha filha e de testemunhas, ou pior, na frente de Deus.
Agora, como estudam num colégio católico, estou com um sério dilema.A turma da Valon (5° ano) vai fazer 1° comunhão.Como ela quer fazer parte do grupo insiste em fazer também mas não é batizada.Não imagina a confusão porque se não jurei antes não é agora que vou fazê-lo né?

4/22/2010 1:36 PM  
Blogger Unknown said...

Dica de livro....A Ordem é Amém de John Chelh um livro incrivel que fala sobre um falso pastor e o poder de Deus....é mto bom quem quiser ler ele esta no site: www.seteseveneditora.com.br

4/22/2010 2:47 PM  
Blogger MegMarques said...

Pois é, Kathinha, pra vc ver como eu posso ser incoerente: eu batizei as meninas.
Um pouco por pressão familiar (meu irmão ameaçou "sequestrar" a Laurinha, batizá-la escondido e depois devolver, hahaha), um pouco pelo medo atávico de "e se for tudo verdade mesmo, né?"

Mas também me sinto hipócrita. Eu não educo as meninas na fé católica. Não estimulo, mas também não impeço que elas rezem para o anjinho da guarda todas as noites.

Quando elas me perguntam sobre Deus, eu respondo, "uns acham assim, outros acham assado." E quando vem a inevitável: "E o que é que VOCÊ acha, mamãe?" eu tenho que ser sincera e dizer que às vezes eu acho que sim, às vezes eu acho que não.

Com essa falta de definição materna, tenho até medo que elas acabem virando hare chrishnas, vendendo incenso e distribuindo panfleto na feira da Afonso Pena, hahaha!

4/22/2010 2:54 PM  
Blogger Unknown said...

Dei risadas do "extravagante"!!
Mas minha cara, vamos todos para a fogueira...duvido até se o Papa é um católico de fato!

4/24/2010 9:36 PM  

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