Dia 11: Livro preferido de animal
O Chamado Selvagem, de Jack London. Escrito em 1903, é uma história de ação e aventura do começo ao fim, com pouco, ou nenhum, rococó filosófico-intelectual. Um cachorro é o protagonista e todos os fatos são narrados sob seu ponto de vista.
Buck, um belo cão forte e vigoroso, é roubado de seus donos e levado para o Alasca, para puxar trenós, durante a corrida do ouro na junção dos rios Yukon e Klondike, em fins do século XIX. Ele tem que enfrentar os maus-tratos dos broncos garimpeiros, frio, fome, brigas com outros animais, exaustão física. Adapta-se à duríssima vida de um ambiente ainda primitivo e seu instinto ancestral de lobo vem à tona, fundando uma dinastia de cães-lobos livres.
O que me fez gostar demais do livro foi, novamente, a aura de independência, autonomia e auto-suficiência completas que rodeia todos os personagens. É preciso ser forte num ambiente hostil, mas a liberdade adquirida compensa. O que está em questão ali são valores como civilidade e lealdade, em contraponto com a natureza de cada indivíduo e o ambiente que o cerca.
Uma curiosidade: este era um dos livros preferidos de Christopher McCandless, o rapaz do livro "Na natureza Selvagem", de Jon Krakauer, (e filme homônimo de Sean Penn, em 2007) que em 1990 decide abandonar a boa vida na Califórnia e se embrenhar no mato em busca da comunhão com a natureza selvagem e pura.
"Certa noite, despertou sobressaltado, os pêlos eriçados, os olhos ansiosos, as trêmulas narinas farejando o vento. O chamado vinha da floresta, distinto e definido como nunca o fora. Assemelhava-se a um íntimo, longo e dolorido uivo, diferente de qualquer som produzido por cão nativo, mas que lhe soava estranhamente familiar, como um lamento muitas vezes ouvido. Atravessou correndo o acampamento adormecido e silenciosamente precipitou-se na escuridão da mata. O som crescia de intensidade à medida que se aprofundava na floresta e Buck, movendo-se com cautela, em breve atingia uma clareira. À sua frente, uivava um magro lobo da floresta, ereto sobre os quadris, apontando o focinho para o céu."
2 Comments:
As Cobras, do Verissimo.
Diacho. Não consigo me livrar dos quadrinhos.
hahahahaahah Rubão =)
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