Os amantes soterrados
Há dois milênios que somos
os amantes soterrados
E nesse ponto de há pouco
eternizados ficámos
Somos assim um do outro
há dois milénios ou quase
saboreando o tesouro
da eternidade no auge.
Ao profundíssimo poço
até hoje inviolado
que no chão se abriu e onde
vivos ainda tombámos
chegam-nos vagos rumores
do que por cima se passa
todo o sonho todo o logro
que por cima tem passado
(...)
Antes o fim que nos coube
Se é que fim pode chamar-se
a este abraço em que somos
um só astro uma só estátua
uma só chama um só tronco
por toda a eternidade
mais livres porque um do outro
um ao outro acorrentados
Ninguém nos venha em socorro
Ninguém nos deslace os braços
David Mourão Ferreira, em Romance de Pompéia
(depois ponho o poema inteiro, é lindo)
os amantes soterrados
E nesse ponto de há pouco
eternizados ficámos
Somos assim um do outro
há dois milénios ou quase
saboreando o tesouro
da eternidade no auge.
Ao profundíssimo poço
até hoje inviolado
que no chão se abriu e onde
vivos ainda tombámos
chegam-nos vagos rumores
do que por cima se passa
todo o sonho todo o logro
que por cima tem passado
(...)
Antes o fim que nos coube
Se é que fim pode chamar-se
a este abraço em que somos
um só astro uma só estátua
uma só chama um só tronco
por toda a eternidade
mais livres porque um do outro
um ao outro acorrentados
Ninguém nos venha em socorro
Ninguém nos deslace os braços
David Mourão Ferreira, em Romance de Pompéia
(depois ponho o poema inteiro, é lindo)
2 Comments:
O Prof. Mourão Ferreira foi professor das minhas amigas que foram cursar "Letra". Era extremamente bitolado ao ponto de dar notas baixas a todas as mulheres morenas (a grande maioria dos alunos de Letras. As alunas então iam para as aulas e provas (naquele tempo as provas eram orais) de cabelo pintado de loiro e vestidas de azul claro, a cor que ele preferia, e assim conseguiam boas notas.
No meu tempo ninguém da minha geração tinha a menor consideração pela obra dele por se saberem estas coisas.
Beijos,
Mãe
Tb achei impressionante o casal de 5000 anos. Dá uma pequena esperança quando ao destino da humanidade.
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