Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

terça-feira, março 06, 2007

"Não quero crescer nunca."

Bibi não quer crescer, tem medo de ser gente grande. Ela me pede pra deixá-la ser sempre criança. Eu falo que deixo, mas que não depende de mim. Conto que é bom crescer. Tento mostrar o que é bom no lado adulto da vida, explicando que tudo tem suas vantagens. Digo que, sendo grande, a gente pode comer só o que quiser, ir dormir na hora que tiver vontade. Que a gente pode dirigir carro e, melhor de tudo: ter filhos!
Mas ela não se deixa convencer. Não quer crescer nunca. Ela percebe a verdade atrás das minhas palavras confortadoras. Ela sabe bem que eu não faço só o quero. Ela vê que eu não levo a vida que planejei e desejava. Ela intui o quanto choro sozinha no quarto. Ela sente a minha frustração de sonhos falhados. Ela entende a dor, tristeza e raiva após aqueles telefonemas.
E por mais que eu disfarce e não me exponha, por mais que eu cante, que ria, que conte piadas, que leia historinhas, que faça cócegas, que invente distrações, ela sabe que a mãe não está feliz. E não quer crescer, não quer ser como eu, o modelo mais próximo que tem do que é ser uma mulher adulta.
Isso me deixa arrasada. Mas também me dá a intensa certeza de que é preciso fazer tudo e qualquer coisa para voltar a ser feliz, nem que seja para que minha filhinha não tenha mais medo de crescer.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Meus filhos também não querem crescer,também se assustam c/ o mundo adulto e eu me pergunto onde erro.Se pudesse é claro que eu também moraria em Neverland.

3/06/2007 11:54 AM  
Blogger Juliana Sampaio said...

Ai, que post mais doído, minha linda. Alegria, alegria, para você e a Bibi!

3/06/2007 6:21 PM  
Blogger Unknown said...

Ah Meg! Pode nem ser por isso. Quando eu era criança não queria crescer por que achava os adultos falsos, desagradáveis e tolos. vai ver sua filha também acha alguma coisa chata e feia em ser adulto, pode não ter nada a ver com você, pelo menos assim direto.

3/06/2007 7:50 PM  
Anonymous Anônimo said...

Tava doendo mesmo, Ju. Eu andava super pra baixo e preocupada com essa história dela não querer crescer, achando que a culpa podia ser minha. Ontem à noite fui no consultório da psicóloga que atende as meninas e ela me deu uma tranquilizada legal.
Disse que é muito comum as crianças terem medo de crescer, tal como os da Kathia, tal como a Leila quando criança. De um modo geral é porque as crianças não gostam muito de mudanças, elas se sentem tranquilas e seguras vivendo de um jeito e não querem que mude nunca. É a mesma coisa quando elas pedem vezes sem conta que se conte exatamente a mesma história, exatamente do mesmo jeito, ou querem ver o mesmo filminho todos os dias.
E a estratégia que eu tava usando é a mais adequada mesmo. Mostrar a elas que não há do que ter medo, que mudanças podem ser bem legais.
Enfim, foi um alívio conversar com ela!
Beijos, queridas, obrigada pela força!
Meg

3/07/2007 11:47 AM  
Blogger Isabella said...

Ai, Meg, como essas dorezinhas delas doem na gente, né? Eu te entendo, acho isso o mais difícil de ser mãe, sabe? Querer ser um exemplo a ser seguido e ver espelhada na Beatriz a realidade, que não é exatamente a que eu queria que ela visse. Beijo grande, viu?

3/08/2007 9:18 AM  
Blogger zamorim said...

Pois diga a ela que a gente pode crescer no tamanho, mas continuar criança por dentro. Diga a ela que a gente também chora, mas por outros motivos (ou pelos mesmos) e que a gente só troca a obrigação de ira à escola, pela obrigação de ir ao trabalho.

Diga a ela que as mulheres treinam cuidar dos filhos com as bonecas e que quando esse dia chegar já saberão o que fazer. Ou nem sempre, mas depois se vai descobrindo ;-)

E mostre a ela que os adultos também brincam, gritam, correm e pulam. Só mudam, as vezes, os brinquedos.

3/14/2007 2:52 PM  

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