Mesa de Bar

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Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

segunda-feira, março 05, 2007

XI Congresso Brasileiro de Limnologia

O tema do CBLimno deste ano é: Integrando Ciências Aquáticas e Sociedade.
E quem disse que num congresso científico não cabe um pouco de poesia, ainda mais com um tema desses?
Aí eu, que nunca fiz análise literária na vida, que nunca estudei Letras, que nem entendo nada de Humanidades, resolvo mandar este resumo e apresentar o seguinte trabalho na área de Educação Ambiental:


Os Recursos Hídricos na Poesia de Língua Portuguesa

Maria Margarida Marques
Instituto de Ciências Biológicas/ UFMG.
mmarques@icb.ufmg.br

Neste trabalho procurou-se investigar as relações afetivas e emocionais dos seres humanos com os sistemas de água doce, através da literatura, e como essas relações evoluíram ao longo do tempo. A poesia é o gênero literário por excelência que prima pela expressão dos sentimentos e emoções humanas e foi, portanto, o gênero escolhido para o desenvolvimento do objetivo. Considerou-se também que a poesia é uma expressão cultural popular, tendo o poder de representar e universalizar sentimentos comuns a todo um povo em determinado momento de sua história e tem sido utilizada atualmente, na área de Educação Ambiental, como um instrumento de sensibilização e ferramenta promotora de reflexão sobre o meio ambiente.
Esta pesquisa restringiu-se a autores de língua portuguesa, na sua maioria de nacionalidade brasileira, mas também portugueses e de países africanos de língua oficial portuguesa. Foram procurados poemas cuja temática estivesse centralizada na figura de ambientes de água doce (rios, córregos, lagos, açudes, reservatórios e outros). O universo da amostragem foi todo o acervo da biblioteca da Faculdade de Letras/UFMG, da Biblioteca Central/UFMG e coleções particulares, abrangendo cerca de 1000 volumes e 200 autores, além de pesquisas na internet.
Encontrou-se um número muito grande de obras em que se fazia referência direta aos sistemas hídricos, mas em que estes eram usados apenas como metáforas ou analogias. Somente 51 poemas de 40 autores tinham como tema central o ambiente aquático. Nestes, a grande maioria referia-se a ambientes lóticos, ocorrendo apenas uma referência a sistemas lênticos e duas às águas em geral. Poucos poemas anteriores ao século XX foram selecionados, uma vez que neles os ambientes aquáticos eram apenas mencionados como elementos da paisagem sem, no entanto, terem maior relevância. Acredita-se que, no decorrer do século XX, a crescente urbanização e ameaça aos recursos naturais tornou as pessoas sensíveis, saudosas e desejosas de maior proximidade com os cursos d’água, elevando-os ao status de temas de interesse para uma obra poética.
A análise dos poemas registrou a ubiqüidade de sentimentos e emoções positivas em relação aos corpos d’água (amor, afeto, amizade, identificação, tranquilidade), não tendo sido verificado nenhum caso de sentimentos negativos, como temor ou hostilidade. Há, por parte dos poetas, uma grande sensação de familiaridade e intimidade com os rios, havendo vínculos históricos entre a vida dos autores e a presença do rio. Em muitas obras, os autores declaram ser sua a propriedade dos mesmos, tão forte é o laço afetivo que os une. Um grande número de poemas homenageia os rios por sua beleza e pelos seus serviços prestados aos humanos, refletindo o sentimento de gratidão e reconhecimento da sua importância para a manutenção da vida. Observou-se também uma tendência atual, iniciada a partir da segunda metade do século XX, de obras nas quais se denuncia o estado de degradação ambiental a que os recursos hídricos estão sujeitos. Nestas últimas, é freqüente o lamento dos autores pela perda de um importante recurso, expressa como a morte de um ente querido.

Palavras-Chave: recursos hídricos, sistemas aquáticos continentais, literatura, poesia, língua portuguesa.

Queridos, eu não tenho nem noção se isto está bom ou se está uma droga. Por favor, dêem sugestões, corrijam, critiquem, mandem poemas. Eu espero não passar muita vergonha na frente dos outros. Se bem que o público vai ser todo de biólogos, hidrólogos, sanitaristas, gente que não entende muito do assunto mesmo. No máximo, alguns professores que se dedicam a educação ambiental, mas sem muita ênfase em literatura.
Na apresentação, eu coloquei vários exemplos de versos para ilustrar cada um dos pontos que menciono, mas estou com medo que a coisa fique muito tipo "sarau poético".

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eu adorei essa idéia, mulher, é muito original. Acho que vai bombar, eu ia adorar, apesar de, claro, ser muito mais da literatura que da biologia. Manda logo !!!

3/05/2007 5:36 PM  
Blogger Unknown said...

Que legal, Meg!
muito bom, que lindo!

3/05/2007 9:30 PM  
Anonymous Anônimo said...

Meg, em minha leiga opinião achei excelente.Acho que você escreve divinamente e essa relação água-poesia é muito interessante.Tenho um livro de poesias que se chama Águas - Díptico e meu amigo Marcelo(eu também tenho um),escreveu sobre a presença da água na literatura feminina em sua tese de mestrado.
Vá em frente que certamente será um sucesso!

3/06/2007 5:28 PM  
Anonymous Anônimo said...

Que coragem a sua, ser original entre técnicos! Mas temo que você não saiba ser diferente. rsrsr. Excelente idéia e tenho certeza de uma boa apresentação.
Mas tenho uma dúvida, na verdade acho que não teremos falta de água e que estas reservas são imensas. Não entendo muito o terrorismo sobre a falta de água. Que realmente temos é uma incapacidade de tratar e canalizar a demanda.
É isso ou estou enganado?

Abs

Ganso

3/07/2007 2:56 PM  
Anonymous Anônimo said...

Ganso querido,
desculpa, mas vc está enganado.
A falta de água é uma realidade em muitos lugares do mundo e está prestes a alcançar muitos outros.
Temos muitas reservas, mas estão mal distribuídas no planeta. Tratar e canalizar é um dos menores problemas, já que a tecnologia existe e é acessível. O maior problema é que a população humana não pára de crescer e por isso a demanda é cada vez maior, enquanto a oferta não varia, já que a quantidade de água doce disponível é sempre a mesma. Vou fazer um post sobre o assunto para esclarecer melhor.
bjos, Meg

3/08/2007 9:46 AM  

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