Polêmica de novo
No outro dia acendeu-se a polêmica por causa dos recém-lançados livros infantis que têm personagens gays. Muita gente a favor, muita gente contra, a maioria sem saber o que pensar.
Eu acho que a função social das histórias é localizar a pessoa. Fazer com que ela saiba em que mundo vive. Nossa sociedade moderna ocidental vive e convive com o homossexualismo cada vez de maneira mais clara e tolerante. Muitos países já legalizaram a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Muitos casais gays adotam crianças e elas crescem e se desenvolvem bem com eles, muito melhor do que com casais hetero desajustados ou sob a guarda do Estado. Mesmo no Brasil, onde a união civil ainda não acontece.
Então essa é a realidade, não adianta espernear. Esse é o mundo onde nossas crianças vão crescer e viver. O melhor é que elas saibam que existe, que sempre existiu e sempre vai existir. Para que não seja uma surpresa preocupante ou um motivo de preconceito. Ninguém vai virar gay ou lésbica só por saber que gays e lésbicas existem. Também não acho que seja preciso ir correndo comprar os livros e, sem mais nem menos, expor a criança aos fatos da vida. É melhor deixar que as informações cheguem naturalmente e, caso alguém ache interessante, compra-se o livro, para deixar claro que não há nada de monstruoso: uns são assim, outros assado. E todos se comportando bem, todos podem ser felizes.
Houve alguns comentários que me incomodaram. Tipo gente dizendo que homossexualismo não é normal. Desculpa, mas é. Todas as populações humanas apresentam uma parcela, ainda que minoritária, de representantes homo.
O comportamento homoerótico está presente em todas as culturas humanas, em todos os tempos. Da antiguidade, China, Japão, Grécia, Índia, Egito, todos deixaram obras de arte (pinturas, relevos, afrescos) em que isso é, explicitamente, mostrado. Então não é um fator puramente cultural, é biológico. Comportamento homo já foi observado em mais de uma centena de espécies animais, principalmente aves e mamíferos.
Existem, obviamente, centenas de fatores ambientais que regulam o comportamento, mas há evidências fortíssimas de que existam, sim, genes associados ao homossexualismo, promovidos por outros genes que podem ou não se tornar atuantes ao longo do desenvolvimento embrionário. E isso não é uma aberração genética, mas pode ter um profundo significado evolutivo em termos de seleção de grupo: uma parcela da população não se reproduz porém ajuda o grupo a se manter, procurando ou produzindo alimento, protegendo o território, defendendo de ataques de predadores, etc.
Quem tiver mais interesse, leia isso aqui:
http://www.springerlink.com/content/r474023v2p056242/
http://books.google.com/books?hl=pt-BR&lr=&id=T8SMIAas3GIC&oi=fnd&pg=RA1-PR10&sig=KiGSzzz7KFFHnNuGexGkSBKd29g&dq=%22Schmidt%22+%22Archaeologies+of+sexuality%22+#PRA1-PA2,M1
http://links.jstor.org/sici?sici=0011-3204(199506)36%3A3%3C473%3ACGBEBC%3E2.0.CO%3B2-U
Eu acho que a função social das histórias é localizar a pessoa. Fazer com que ela saiba em que mundo vive. Nossa sociedade moderna ocidental vive e convive com o homossexualismo cada vez de maneira mais clara e tolerante. Muitos países já legalizaram a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Muitos casais gays adotam crianças e elas crescem e se desenvolvem bem com eles, muito melhor do que com casais hetero desajustados ou sob a guarda do Estado. Mesmo no Brasil, onde a união civil ainda não acontece.
Então essa é a realidade, não adianta espernear. Esse é o mundo onde nossas crianças vão crescer e viver. O melhor é que elas saibam que existe, que sempre existiu e sempre vai existir. Para que não seja uma surpresa preocupante ou um motivo de preconceito. Ninguém vai virar gay ou lésbica só por saber que gays e lésbicas existem. Também não acho que seja preciso ir correndo comprar os livros e, sem mais nem menos, expor a criança aos fatos da vida. É melhor deixar que as informações cheguem naturalmente e, caso alguém ache interessante, compra-se o livro, para deixar claro que não há nada de monstruoso: uns são assim, outros assado. E todos se comportando bem, todos podem ser felizes.
Houve alguns comentários que me incomodaram. Tipo gente dizendo que homossexualismo não é normal. Desculpa, mas é. Todas as populações humanas apresentam uma parcela, ainda que minoritária, de representantes homo.
O comportamento homoerótico está presente em todas as culturas humanas, em todos os tempos. Da antiguidade, China, Japão, Grécia, Índia, Egito, todos deixaram obras de arte (pinturas, relevos, afrescos) em que isso é, explicitamente, mostrado. Então não é um fator puramente cultural, é biológico. Comportamento homo já foi observado em mais de uma centena de espécies animais, principalmente aves e mamíferos.
Existem, obviamente, centenas de fatores ambientais que regulam o comportamento, mas há evidências fortíssimas de que existam, sim, genes associados ao homossexualismo, promovidos por outros genes que podem ou não se tornar atuantes ao longo do desenvolvimento embrionário. E isso não é uma aberração genética, mas pode ter um profundo significado evolutivo em termos de seleção de grupo: uma parcela da população não se reproduz porém ajuda o grupo a se manter, procurando ou produzindo alimento, protegendo o território, defendendo de ataques de predadores, etc.
Quem tiver mais interesse, leia isso aqui:
http://www.springerlink.com/content/r474023v2p056242/
http://books.google.com/books?hl=pt-BR&lr=&id=T8SMIAas3GIC&oi=fnd&pg=RA1-PR10&sig=KiGSzzz7KFFHnNuGexGkSBKd29g&dq=%22Schmidt%22+%22Archaeologies+of+sexuality%22+#PRA1-PA2,M1
http://links.jstor.org/sici?sici=0011-3204(199506)36%3A3%3C473%3ACGBEBC%3E2.0.CO%3B2-U
6 Comments:
Concordo ipsis literis. É o que eu sempre digo, se o cara nasce viado, morre viado. Sem preconceito, viu!
Deixa ele, pô! (A expressão "pô" precisa ser urgentemente reabilitada!)Bye, Paulo.
Meg, como sempre escreveu brilhantemente, adorei sua colocação sobre o tema. Adorei também o post "Homem meu não usa", hohoho, muito bom. Um beijo, aviso que já ando mais animadinha, viu? Brigadão pelo colo quentinho.
O conceito de normal está ligado á curva de Bell, à distribuição normal dos dados segundo um determinada função. Estatísticamente o comportamento homossexual foge da distribíção normal.
Pode ser considerado natural, o que é muito diferente.
Também matarmos os nossos inimigos, roubar, pilhar, ter vários parceiros sexuais são comportamentos naturais.
Atualmente não são comportamentos normais.
A maioria dos nossos comportamentos, dentro da nossa sociedade, são comportamentos aprendidos.
Os meninos nas favelas aprendem que traficar e matar dá status e dinheiro.
Ensinar as nossas criancinhas que tanto podem ser lésbicas, gays como hetero, que é tudo igualmente bom também não pode ser um comportamento normal.
É o que estão (quem?) querendo que as mothern aprendam e depois ensinem.
Por favor, mais raciocínio crítico.
A variação da frequência de homossexuais autodeclarados em ambientes urbanos vai de 1% em cidades com menos de 50.000 habitantes até cerca de 5% dos indivíduos de cidades acima de 1 milhão de habitantes. Número provavelmente subestimado.
De qualquer forma, encontra-se dentro do intervalo da normalidade.
Ao se sortear ao acaso qualquer indivíduo de uma grande cidade tem-se uma probabilidade p > 0,05 desse indivíduo ser homossexual.
(Dados fornecidos pela Dra. Maria Raquel de Carvalho, Prof. de Genética Humana e Médica ICB/UFMG, comunicação pessoal)
Quanto ao que ensinar às criancinhas: que elas devem ter bom caráter e responsabilidade, serem honestas e trabalhadoras, não mentirem, não fingirem e não enganarem. No mais, devem procurar aquilo que as faz felizes, seja em termos de carreira profissional, seja em termos de parceiros amorosos.
Quanto à pergunta "quem?", a resposta é meio óbvia: a comunidade gay, claro, que quer ser respeitada e aceita, assim como qualquer outra pessoa, independente do que faz, e com quem faz, entre quatro paredes.
Meg,
Adorei o post.
Cometei com a professora do João sobre os contos homossexuais e adorei a resposta dela “temos que ensinar nossas crianças a respeitar o outro, aceitar as diferenças sejam elas quais forem”. Tudo tem seu tempo e sua hora.
Digo de novo a reportagem sobre a companheira da Cássia Eller e do filho na revista Piauí e tudo de bom. Descobri a revista este mês e agora não fico mais sem, bom demais!
Não gosto de quem posta como anônimo, é preciso assumir abertamente nossas posições.
Beijos
Brilhante e definitivo!
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