Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

domingo, novembro 05, 2006

Saiu no jornal

Um fato qualquer, por mais ínfimo que seja, pode suscitar bons textos e até boas matérias jornalísticas; assim como a mais corriqueira das idéias pode servir de estímulo intelectual a quem se der ao trabalho de pensar. Mas para tanto é necessário acrescentar uma dose, ainda que mínima, de reflexões originais ou inusitadas.
Então, o quê dizer das seções permanentes, colunas assinadas, dos jornais mineiros?
Os eventos que noticiam são de uma banalidade extravagante, se é que tal é possível, e os ditos colunistas nada têm a dizer sobre eles.
Cyro Siqueira gasta toda uma página do caderno de Cultura para nos contar sobre a inebriante viagem que fez à Itália, anos atrás, ao lado de Pelé e como este foi homenageado em Roma, Milão, etc. Alguma novidade? Alguma revelação sobre o ídolo do futebol? Alguma análise sobre a idolatria das massas, a nível de internacionalidade, enquanto fenômeno? Foi ao menos uma viagem pitoresca e histórica? Não, nada.
E aquela dona Anna Marina, perua deslumbrada, que flana pelos bulevares parisienses fingindo sentir-se em casa, vem nos dar a saber a dantesca notícia de que nas ruas da Cidade-Luz existem feiras de produtos orgânicos! C’est épatant!!! Como se em BH, a cada dia da semana não houvesse uma feira orgânica instalada em um bairro diferente (dona Anna, às sextas-feiras funciona na praça JK, viu?). A colunista também conta que na feliz capital francesa a prefeitura permite que se feche o trânsito de algumas ruas para fazer festas, o que seria impensável aqui em BH. Como assim?! E os festivais de jazz no coração da Savassi? E as “ruas do lazer” nos bairros? E as festas juninas na rua, promovidas por escolas ou paróquias? A dona Anna, venerável senhora, deveria conhecer melhor a sua própria cidade e, em Paris, babar apenas pelas coisas certas: o Louvre, o George Pompidou, a Rue Montaigne e quetais. Ah! E ela também fornece o precioso dado de que, nas bancas de lá, uma sacolinha plástica para carregar os jornais custa 0,10 euro. Eu, que amo cultura inútil, não sei como vivi até hoje sem essa preciosa informação. Alguma reflexão sobre agroecologia? Sobre cultura popular? Ou erudita? Sobre reciclagem de sacolinhas plásticas para carregar os jornais? Não, nada.

O único jornalista que já li capaz de falar sobre trivialidades de maneira genial foi o Rubem Braga. Vocês outros façam o favor de se esforçar mais. Matérias cujo único objetivo é contar que os autores são habituées do Velho Mundo não vão render anúncios nem leitores.

Atenção editores do Estado de Minas: interessados em uma colunista que escreva bem (ou pelo menos, corretamente), que seja inteirada dos fatos e cheia de opinião própria? Olha eu aqui! Aproveitem a promoção que é por tempo limitado, já que a continuar assim, eu mesma me recusarei a fazer parte de um veículo de tão baixa qualidade.
Mas, em nome da minha imparcialidade, tenho a dizer que o caderno “Pensar” é quase sempre muito bom , às vezes, excelente.

Ah! Sr. Editor-geral do jornal O Tempo: sua excelentíssima mulher escreve mal pra burro. Me ponha no lugar dela (na coluna, na coluna, fui clara?) que eu sei fazer muito melhor (escrever, estou falando de escrever).

PS: O cargo de ombudsman que tanta falta vos faz, é perfeito para mim!

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Os jornais mineiros sao dureza. Quantas vezes ja li materias sobre ciencia, tanto no O Tempo quanto no Estado de Minas, que me fizeram arrepiar todo.
Nao esqueco uma vez que o no caderno de ciencias do EM foi anunciado que o telescopio Hubble (aquele que ta' la' no espaco, longe daqui) pertencia ao observatorio da Serra da Piedade. Lembro que tivemos dor de barriga de tanto rir.

11/06/2006 6:32 PM  

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