Aqui me tens de regresso
Estive em Lelivéldia e lembrei de vocês.
///---///---///---///
Eu tinha pensado em vários posts engraçadinhos e espirituosos para rirmos juntos. Mas, de Araçuaí para cima, fui perdendo a vontade de brincar.
Por causa das muitas queimadas que vi. E dos rios secos. E da miséria absoluta e degradante que corrói a bela paisagem. E dos vários acampamentos de sem-terra onde a indigência se aglomera. E da pobreza generalizada. E por causa de Itinga, a cidade com menor Índice de Desenvolvimento Humano de MG, onde as pessoas bebem a água do poço de dessedentação de animais. E das muitas adolescentezinhas grávidas ou com bebês de colo. E dos homens e rapazes na porta dos bares desde as dez horas da manhã, sem emprego, sem trabalho, sem serviço, bebendo para esquecer que no pó seco não cresce nada. E das mulheres que seriam ainda jovens e bonitas se tivessem ao menos os dentes da frente. E das criancinhas nuas com o rostinho manchado pelas verminoses. E das escolas abandonadas. E das vacas magrinhas, que parecem estar ruminando pedra, tal é a aridez das pastagens. E das lavadeiras batendo roupa na água suja. E por causa do velhinho, montado num jegue, que quis saber o que eu fazia e, ao me ouvir, perguntou: "e vai ter melhoria pra nós aqui?" e eu engasguei com a resposta.
Porque, saber, todo mundo sabe que o vale do Jequitinhonha é uma região pobre, mas estar lá e ver é muito diferente.
Desculpa aí moçada, mas fiquei sem vontade de rir.
///---///---///---///
Eu tinha pensado em vários posts engraçadinhos e espirituosos para rirmos juntos. Mas, de Araçuaí para cima, fui perdendo a vontade de brincar.
Por causa das muitas queimadas que vi. E dos rios secos. E da miséria absoluta e degradante que corrói a bela paisagem. E dos vários acampamentos de sem-terra onde a indigência se aglomera. E da pobreza generalizada. E por causa de Itinga, a cidade com menor Índice de Desenvolvimento Humano de MG, onde as pessoas bebem a água do poço de dessedentação de animais. E das muitas adolescentezinhas grávidas ou com bebês de colo. E dos homens e rapazes na porta dos bares desde as dez horas da manhã, sem emprego, sem trabalho, sem serviço, bebendo para esquecer que no pó seco não cresce nada. E das mulheres que seriam ainda jovens e bonitas se tivessem ao menos os dentes da frente. E das criancinhas nuas com o rostinho manchado pelas verminoses. E das escolas abandonadas. E das vacas magrinhas, que parecem estar ruminando pedra, tal é a aridez das pastagens. E das lavadeiras batendo roupa na água suja. E por causa do velhinho, montado num jegue, que quis saber o que eu fazia e, ao me ouvir, perguntou: "e vai ter melhoria pra nós aqui?" e eu engasguei com a resposta.
Porque, saber, todo mundo sabe que o vale do Jequitinhonha é uma região pobre, mas estar lá e ver é muito diferente.
Desculpa aí moçada, mas fiquei sem vontade de rir.
8 Comments:
Eu também me entristeço e desespero .Não precisava ser assim, não nesse país.
Dura realidade! E pensar que nas propagandas do governo de Minas aparecem só sorrisos com o desenvolvimento do nosso Estado.
OT: querida, sua prenda chegou, eu adorei! Tem agradecimento público lá no Dufas. 'Brigadão!
Nossa, deu um nó na garganta...
Filhinha
Foi exatamente com esse quadro que nos deparamos quando chegamos de Lisboa e fomos morar em Dolabela, sertão de Montes Claros.
Tu tens recordações felizes de Dolabela, apesar de tudo.
Quer dizer que em 30 e tal anos tudo cada vez mais na mesma?
Que coisa triste! Fiquei chateada...não que eu achasse que seria diferente, mas a descrição sua foi dorte! quando será que esse país vai ter um pouquinho de jeito heim?
Parabéns por esse seu espaço.. gostei!Vou aparecer sempre .
Bj
Ops.. eu quis escrever forte...
Pois é, a gente sabe que é assim, mas quando vai e vê, é diferente.
Postar um comentário
<< Home