E é por isso que a gente sofre...
"A sociedade contemporânea, regida acima de tudo por leis de mercado que disseminam imperativos de bem estar, prazer e satisfação imediata de todos os desejos, só reconhece o amor e a realização sexual como fundamentos legítimos das uniões conjugais. A liberdade de escolha que esta mudança moral proporciona, a possibilidade (real) de se tentar corrigir um sem número de vezes o próprio destino, cobram seu preço em desamparo e mal estar. O desamparo se faz sentir porque a família deixou de ser uma sólida instituição para se transformar num agrupamento circunstancial e precário, regido pela lei menos confiável entre os humanos: a lei dos afetos e dos impulsos sexuais. O mal estar vem da dívida que nos cobramos ao comparar a família que conseguimos improvisar com a família que nos ofereceram nossos pais. Ou com a família que nossos avós ofereceram a seus filhos. Ou com o ideal de família que nossos avós herdaram das gerações anteriores, que não necessariamente o realizaram. Até onde teremos de recuar no tempo para encontrar a família ideal com a qual comparamos as nossas?
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A família tentacular contemporânea, menos endogâmica e mais arejada que a família estável no padrão oitocentista, traz em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados, projetos abandonados e retomados, esperanças de felicidade das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser portadores. Pois cada filho de um casal separado é a memória viva do momento em que aquele amor fazia sentido, em que aquele par apostou, na falta de um padrão que corresponda às novas composições familiares, na construção de um futuro o mais parecido possível com os ideais da família do passado."
Dica ótima da Dani. Leia o texto inteiro aqui. É pra dar esperança.
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A família tentacular contemporânea, menos endogâmica e mais arejada que a família estável no padrão oitocentista, traz em seu desenho irregular as marcas de sonhos frustrados, projetos abandonados e retomados, esperanças de felicidade das quais os filhos, se tiverem sorte, continuam a ser portadores. Pois cada filho de um casal separado é a memória viva do momento em que aquele amor fazia sentido, em que aquele par apostou, na falta de um padrão que corresponda às novas composições familiares, na construção de um futuro o mais parecido possível com os ideais da família do passado."
Dica ótima da Dani. Leia o texto inteiro aqui. É pra dar esperança.
3 Comments:
Ai Meg, o seu post foi tão profundo que estou sem palavrar...Até me sinto arrependida de ter escolhido pp pra fazer na facul..Fiquei triste, queria te ver na tv...Beijão e bom fim de semana!!
Winnicott “listed some eighteen reasons why the ordinary, loving mother might hate her infant–daughter or son. (For example: The baby endangers her body during pregnancy and delivery. He may be cranky and implacable all morning, and then go out and ‘smile at a stranger.’) Winnicott maintained that mothers who could acknowledge the discomfiting fact that love, even for babies, is ambivalent would be less likely to do harm than the disavowers” (p. 3
Essa tal "família normal" é um dos muitos mitos que se propagam.
Não existe.
Começa pela exemplar família de Nazaré: o pai nunca dormiu com a mãe, que casou grávida de um desconhecido o que era tão comentado na cidade que chegaram a avisar José, em consequência (?) o filho foi incapaz de constituir família, andava com pescadores e outros desqualificados, sem ter residência fixa, provocou as autoridades e morreu sob tortura.
Na nossa família nenhum dos casais felizes (oficialmente) me pareceu feliz! Ou que fosse uma felicidade que eu quisesse para mim.
Exemplos: 1. F casou com V, foram muito felizes embora F vivesse 16 anos seguidos na Índia como oficial do Exército e V continuou sempre na Europa. 2. E casou com A e foi muito feliz apesar de E ter 16 anos, A ter 40 e tal e ser rico, nunca se terem visto antes do casamento a não ser por fotografia, E bordou a frase "é melhor comer umas ervas com amor que um bezerro gordo com ódio"... que sempre achei significativa. 3. L casou com H, foi muito feliz, quando foi visitar uma das filhas deixou-se ficar em casa da filha por 7 anos seguidos, sem voltar a ver H que entretanto morreu.
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