Revista feminina
A Frida Monix mais uma vez levantou um ponto interessante a ser discutido: em que era geológica as revistas especializadas no público feminino acham que estão?
Eu folheio essas revistas sempre que vou ao salão, o que tem sido cada vez menos frequente, mas ainda assim tenho uma boa idéia do que elas contêm.
Adoro as minhas amigas, mas não me sinto obrigada a concordar com elas em tudo, portanto lá vão os meus palpites:
Primeiro, não quero parecer preconceituosa afirmando que apenas essas revistas apresentam um conteúdo barbaramente de baixo nível. As revistas especializadas no público masculino (Playboy, Men´s Health e quetais) também são puro lixo. Alguns defendem as famosas entrevistas da Playboy, mas só podem estar brincando. Lixo. Também nas Cláudias da vida volta e meia entrevistam ou fazem matérias com/sobre personalidades/assuntos importantes, mas o conteúdo sempre é raso.
Segundo, certeza que na escolha das matérias há uma forte influência dos anunciantes e complacência dos editores. Claro, os principais anunciantes são a indústria de cosméticos e a indústria têxtil feminina. Quer coisa melhor para vender lingerie caríssima do que ter ao lado do seu anúncio uma matéria, teoricamente não-paga, dizendo que aquilo é tudo o que você precisa para "aquecer", "apimentar", "requentar" sua relação? (e quem sabe salvar seu casamento?) E do ponto de vista do editor, se seu maior anunciante vende calcinhas, não tem porque estender muito uma reportagem sobre biocombustíveis, tem?
Terceiro, sob certo ponto de vista essas publicações são feministas sim. Com décadas de retardo, mas são. Elas falam abertamente de sexo (em termos de bom-gosto, até demais) e de como a mulher deve ser responsável ativamente pela “conquista do prazer e do direito de desfrutar do seu corpo”. Isso é um avanço notável em relação aos anos 50, quando o Correio Feminino apresentava as mulheres como seres passivos e submissos. Tá, para aquelas que já viveram a liberação sexual parece bobagem ficar dando muita atenção a isso, dá vontade de conversar outras coisas. Mas o público-alvo dessas revistas não somos nós, as blogueiras-classe-média-com-curso-superior-que-já-conquistaram-a-emancipação.
Quarto, sim, eu acho que a vida de boa parte das mulheres ainda orbita em torno da realização afetiva. O que não quer dizer que boa parte das mulheres é bobinha, pouco capaz, pouco inteligente. Isso quer dizer basicamente que para a maioria da população feminina deste país e de muitos outros, ter um homem a seu lado é garantia de segurança material e status social. A maioria das mulheres ainda tem empregos inferiores e ganha menos que os homens, agarrar um marido (e seu salário) e mantê-lo a seu lado ainda significa conforto, acesso à saúde e educação para si e para os filhos. E não, não estou dizendo que elas são um bando de interesseiras que querem dar o golpe em um macho bem posicionado na vida. Mas imaginem o que representa, emocional e materialmente, para uma mulher que ganha menos de mil reais e tem dois filhos ser abandonada pelo marido. Essa ainda é uma questão-chave para muitas mulheres, por razões históricas, sociais, econômicas e talz.
Por último, mas não menos importante: a segmentação de mercado. Seja homem ou mulher, quem quer ler assuntos sérios (política, finanças, saúde, arte, ciência) procura periódicos especializados, que hoje há muitos no mercado. Para as publicações tipo Nova, Cláudia e etc. sobraram os assuntos mais fúteis, ou que podem ser tratados de maneira mais leve, tipo; moda, relacionamentos, sexo. São revistas ruins intelectualmente falando, mas preenchem as necessidades de uma fração significativa de leitoras.
Fração na qual, obviamente, nem eu nem você estamos incluídas, né darling?
Eu folheio essas revistas sempre que vou ao salão, o que tem sido cada vez menos frequente, mas ainda assim tenho uma boa idéia do que elas contêm.
Adoro as minhas amigas, mas não me sinto obrigada a concordar com elas em tudo, portanto lá vão os meus palpites:
Primeiro, não quero parecer preconceituosa afirmando que apenas essas revistas apresentam um conteúdo barbaramente de baixo nível. As revistas especializadas no público masculino (Playboy, Men´s Health e quetais) também são puro lixo. Alguns defendem as famosas entrevistas da Playboy, mas só podem estar brincando. Lixo. Também nas Cláudias da vida volta e meia entrevistam ou fazem matérias com/sobre personalidades/assuntos importantes, mas o conteúdo sempre é raso.
Segundo, certeza que na escolha das matérias há uma forte influência dos anunciantes e complacência dos editores. Claro, os principais anunciantes são a indústria de cosméticos e a indústria têxtil feminina. Quer coisa melhor para vender lingerie caríssima do que ter ao lado do seu anúncio uma matéria, teoricamente não-paga, dizendo que aquilo é tudo o que você precisa para "aquecer", "apimentar", "requentar" sua relação? (e quem sabe salvar seu casamento?) E do ponto de vista do editor, se seu maior anunciante vende calcinhas, não tem porque estender muito uma reportagem sobre biocombustíveis, tem?
Terceiro, sob certo ponto de vista essas publicações são feministas sim. Com décadas de retardo, mas são. Elas falam abertamente de sexo (em termos de bom-gosto, até demais) e de como a mulher deve ser responsável ativamente pela “conquista do prazer e do direito de desfrutar do seu corpo”. Isso é um avanço notável em relação aos anos 50, quando o Correio Feminino apresentava as mulheres como seres passivos e submissos. Tá, para aquelas que já viveram a liberação sexual parece bobagem ficar dando muita atenção a isso, dá vontade de conversar outras coisas. Mas o público-alvo dessas revistas não somos nós, as blogueiras-classe-média-com-curso-superior-que-já-conquistaram-a-emancipação.
Quarto, sim, eu acho que a vida de boa parte das mulheres ainda orbita em torno da realização afetiva. O que não quer dizer que boa parte das mulheres é bobinha, pouco capaz, pouco inteligente. Isso quer dizer basicamente que para a maioria da população feminina deste país e de muitos outros, ter um homem a seu lado é garantia de segurança material e status social. A maioria das mulheres ainda tem empregos inferiores e ganha menos que os homens, agarrar um marido (e seu salário) e mantê-lo a seu lado ainda significa conforto, acesso à saúde e educação para si e para os filhos. E não, não estou dizendo que elas são um bando de interesseiras que querem dar o golpe em um macho bem posicionado na vida. Mas imaginem o que representa, emocional e materialmente, para uma mulher que ganha menos de mil reais e tem dois filhos ser abandonada pelo marido. Essa ainda é uma questão-chave para muitas mulheres, por razões históricas, sociais, econômicas e talz.
Por último, mas não menos importante: a segmentação de mercado. Seja homem ou mulher, quem quer ler assuntos sérios (política, finanças, saúde, arte, ciência) procura periódicos especializados, que hoje há muitos no mercado. Para as publicações tipo Nova, Cláudia e etc. sobraram os assuntos mais fúteis, ou que podem ser tratados de maneira mais leve, tipo; moda, relacionamentos, sexo. São revistas ruins intelectualmente falando, mas preenchem as necessidades de uma fração significativa de leitoras.
Fração na qual, obviamente, nem eu nem você estamos incluídas, né darling?
4 Comments:
Bravo!
mandou bem :)
Só a TOM salva, querida! Revista de mulher, mas com um pouco mais de conteúdo. Sem deixar de falar essas bobagens que a gente gosta.
Ufa!
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