Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

terça-feira, junho 09, 2009

Soturna, sorumbática, depressiva

Morreu uma estagiária aqui do departamento. A menina tinha só 21 anos, ia formar no final deste ano. Bonita, inteligente, sorridente. Teve uma apendicite, foi operar, e deu mil e uma complicações na cirurgia, parada cardíaca, essas coisas. Apendicite. Milhares de apêndices são tirados todos os dias, uma coisa quase banal. Mas ela morreu. E nos últimos dias eu não consigo parar de pensar nessa morte. Vou tomar uma cerveja e penso: "eu aqui toda tranquila, tomando uma cervejinha e ela tá lá, enterrada". Vou reclamar do filme ruim e penso: "eu aqui reclamando de bobagem e a moça morta e a família em desespero". A morte de qualquer conhecido me deixa estupefacta: Morreu como, se ainda outro dia tava viva?! E me põe em perspectiva: perante a morte, qualquer fato da vida me parece sem a menor importância.

Lamento por ela, por todas as coisa que não teve tempo de realizar: ter o primeiro emprego, o orgulho de ganhar o próprio sustento, a excitação de montar a própria casa, a alegria de um filho, o estranhamento dos primeiros fios brancos no cabelo.

Mas a dor e a tristeza me vêm de pensar em seus pais. Perder um filho que acaba de se tornar adulto, quando se pensava já ter passado a época dos maiores riscos e perigos, quando se imaginava que todo o investimento emocional/físico/material ia finalmente dar retorno na forma da felicidade de ver sua cria poderosa e independente. E a filha se vai, assim, por uma coisa quase banal. Eu queria realmente acreditar em deus numas horas dessas...

8 Comments:

Blogger Monix said...

'A morte de qualquer conhecido me deixa estupefacta: Morreu como, se ainda outro dia tava viva?!'
Menina, eu tenho esse mesmo espanto. Acho que é uma dúvida quase metafísica: como iremos morrer, se estamos tão vivos?
Bjs

6/09/2009 11:52 AM  
Blogger TATIANA SÁ said...

Tbm penso assim. Fico enfurecida com certas coisas da vida.
Sinto muito.

6/09/2009 12:14 PM  
Blogger Tina Lopes said...

Ah, não tem e-mail teu aí do lado pra eu poder comentar umas coisas que você me fez pensar/lembrar. Nhé.

6/09/2009 2:26 PM  
Blogger MegMarques said...

Tina,
é: mmarques(arroba)icb.ufmg.br

bjok

6/09/2009 3:08 PM  
Anonymous Anônimo said...

De apendicite? Quase inacreditável...E com 21 anos é triste demais.
Beijo,
Fefê

6/09/2009 6:40 PM  
Anonymous Simone said...

Nossa, soco no estômago. Tb fico me sentindo assim....
Bjo

6/10/2009 5:29 PM  
Anonymous Carla said...

Meg, eu encaro a morte como uma parte natural da vida. A certeza que todo mundo vai enfrentar, mesmo!

Ultimamente tenho feito a opção de encarar bem de frente essa perspectiva, até para minimizar o sofrimento que ela traz.

Mas acho que o que pega mais, nessa questão, não é a morte em sim, mas a brevidade de uma vida. Se a morte vem no fim de uma existência, porque alguns existem só por um curto espaço de tempo?

6/12/2009 11:01 AM  
Anonymous Dani BH said...

Como dizia meu pai (que já se foi...): "pra morrer, basta estar vivo". Dia desses entrevistei um ex-professor de Filosofia, que escreveu um livro sobre a morte. Ele fez um comentário interessante: a morte é a coisa mais certa da vida, mas é uma verdade incerta; sabemos que ela é certa, mas dela não sabemos nada ao certo...
Você tem um jeito muito especial de falar sobre as coisas.
Beijo

6/19/2009 7:25 PM  

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