O ilustre desconhecido
Não é horrível a falta de tato de boa parte das pessoas quando nos apresentam um quase-famoso?
Quase-famoso é aquela pessoa que se destaca e é reconhecida no círculo do seu métier mas cujo nome não diz nada à maioria, não chega a ser famoso.
É sempre assim:
- Meg, deixa eu te apresentar o Fulano de Tal.
- Prazer, Fulano de tal.
- Prazer, Meg.
- Você já conhecia o Fulano, né?
- Não, acabei de conhecer.
- Mas já ouviu falar dele, né?
(começo a sentir que piso em terreno minado)
- Não, acho que não.
- Mas ele é O Fulano de Tal, autor do livro/filme/música/programa "Qualquer Coisa". Disso você já ouviu falar, não?
- Bem, eu... err... na verdade, não.
Nesse momento, só há uma pessoa no mundo mais sem graça do que eu: o próprio Fulano de Tal. Nós dois só queremos que a tortura se acabe logo. A minha ignorância e a sua falta de projeção nos humilham igualmente.
A única maneira de sair com a dignidade de ambos intacta é apelar para o humor. Dou o meu sorriso mais simpático e digo:
- Fulano, não é desmérito seu ou da sua obra. É que eu sou alienada mesmo, não leio jornais, nem revistas, não acesso internet, não saio de casa, não falo com ninguém. Mas me conta: é sobre o quê mesmo o seu livro/fime/programa?
O constrangimento diminui, as pessoas riem e dá pra começar uma conversa de verdade.
///---///---///---///
No último domingo, eu perambulava por uma exposição de fotos no Palácio das Artes, quando um desconhecido esquisitão veio falar comigo:
- Você vai no show do Chico?
- Não.
- Por quê não?
- Vou ao cinema. (eu, achando tudo muito estranho)
- Ah tá. Posso te dar um autógrafo meu?
- hã?... é... pode.
Enquanto ele rabiscava num papel fiquei olhando pra cara dele. Será que não reconheci uma celebridade? E por acaso, celebridades oferecem autógrafos?! Nunca o vi mais gordo nem mais magro. O autógrafo também não me disse nada: um rabisco ilegível. Agradeci (nem sei porque) e ele foi sentar numa mesinha do café.
Aí chegaram os amigos que eu tava esperando. Discretamente contei o caso e mostrei o cara. Ninguém conhecia, ninguém conseguiu ler o nome.
Então é isso: virei pára-raio de maluco!
Quase-famoso é aquela pessoa que se destaca e é reconhecida no círculo do seu métier mas cujo nome não diz nada à maioria, não chega a ser famoso.
É sempre assim:
- Meg, deixa eu te apresentar o Fulano de Tal.
- Prazer, Fulano de tal.
- Prazer, Meg.
- Você já conhecia o Fulano, né?
- Não, acabei de conhecer.
- Mas já ouviu falar dele, né?
(começo a sentir que piso em terreno minado)
- Não, acho que não.
- Mas ele é O Fulano de Tal, autor do livro/filme/música/programa "Qualquer Coisa". Disso você já ouviu falar, não?
- Bem, eu... err... na verdade, não.
Nesse momento, só há uma pessoa no mundo mais sem graça do que eu: o próprio Fulano de Tal. Nós dois só queremos que a tortura se acabe logo. A minha ignorância e a sua falta de projeção nos humilham igualmente.
A única maneira de sair com a dignidade de ambos intacta é apelar para o humor. Dou o meu sorriso mais simpático e digo:
- Fulano, não é desmérito seu ou da sua obra. É que eu sou alienada mesmo, não leio jornais, nem revistas, não acesso internet, não saio de casa, não falo com ninguém. Mas me conta: é sobre o quê mesmo o seu livro/fime/programa?
O constrangimento diminui, as pessoas riem e dá pra começar uma conversa de verdade.
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No último domingo, eu perambulava por uma exposição de fotos no Palácio das Artes, quando um desconhecido esquisitão veio falar comigo:
- Você vai no show do Chico?
- Não.
- Por quê não?
- Vou ao cinema. (eu, achando tudo muito estranho)
- Ah tá. Posso te dar um autógrafo meu?
- hã?... é... pode.
Enquanto ele rabiscava num papel fiquei olhando pra cara dele. Será que não reconheci uma celebridade? E por acaso, celebridades oferecem autógrafos?! Nunca o vi mais gordo nem mais magro. O autógrafo também não me disse nada: um rabisco ilegível. Agradeci (nem sei porque) e ele foi sentar numa mesinha do café.
Aí chegaram os amigos que eu tava esperando. Discretamente contei o caso e mostrei o cara. Ninguém conhecia, ninguém conseguiu ler o nome.
Então é isso: virei pára-raio de maluco!
9 Comments:
Haha, muito boas as histórias! E cuidado, porque essa coisa de pára-raio de maluco é séria. Depois não tem mais volta.
Por um momento eu achei que ele ia te oferecer um ingresso pro show do Chico, haha, ia ser a glória, né ? Repara não, eu viajei na história.
Beijos
hahaha quem dera, Fefê!
Muito bom o humour de "F, não é desmérito seu ..."
MAS:
Não concordei com o auto-desmerecimento que se seguiu.
Porque Vc tem de dizer que é alienada (Vc sabe que não é!), que não sai de casa (é mentira, Vc estava lá!), que não lê (vive lendo Morus e O Homem revoltado e outras intelectualidades, etc), que não acessa a I (Vc tem até um blog).
Parece mais sincero perguntar logo "Mas me conta etc..." e explicar que Vc é de uma área muito diferente.
Pára-raios de maluco, nunca! Vc é maravilhosa!
Vai ver era o próprio Chico-
Vai checar o autógrafo dele!
Próxima vez peça para escrever o nome em letra de forma por baixo,eu já fiz e fiquei na mesma, era um desconhecido mesmo.
Voce checou se o cara era o autor das fotos da exposicao???
Essa situacao e' foda mesmo. Agora, quando ocorre o inverso, quando te apresentam O cara fodao no campo que voce trabalha, putz, legal demais.
Tive a chance de conhecer aqui no Hawaii o astronomo que fundou a area que estudo, dentro da astronomia, na decada de 40. Hoje ele tem 87 anos, trabalha todo dia, tem uma mente brilhante, super engracado, e' astronomo emerito. A minha dissertacao de mestrado foi sobre estrelas que levam o nome dele. Mas se eu pedisse autografo acho que ele ia ter um ataque cardiaco de tao timido que e'.
A exposição era de três fotógrafas mulheres, não podia ser dele.
Anônimo, foi só pra fazer graça. Exatamente por estar lá, conversando com as pessoas, é que a auto-ironia fica perfeita.
O Chico?! Então eu não reconheceria aquele lindo? hahaha fosse ele, eu tinha pulado no pescoço e nunca mais largava!
Marcelo,
também já conheci alguns grandes nomes da ecologia e fiquei toda emocionada! As minhas referências bibliográficas, ao vivo, andando e conversando comigo... Achei tudo de bom!
o pior é quando vc conhece o fodão da tua área, em cujos livros vc estudou e descobre que o cara é um boçal..isso já aconteceu comigo
ou então você revê uma pessoa que te cumprimenta cheia de alegria e que, aparentemente te adora, e vc não tem idéia de quem seja, isso tb já aconteceu comigo e eu sai de fininho da festa...
será o começo de algum mal degenerativo???
hahahahahaha, acho que ele jogou um xaveco e viu que não ia rolar, aí inventou na hora um grand finale :)
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