Depois de cinco dias pendurado no vapor.
Este é o Benjamim Guimarães, um dos três últimos dos tradicionais vapores que há mais
de um século, desde 1871, singravam as águas do rio São Francisco. Na época, os vapores tornaram-se de extrema importância para o transporte de
passageiros e mercadorias atuando como forte fator de integração social e
econômica no país. Este tipo de embarcação se tornou parte integrante da paisagem,
compondo a cultura e o imaginário popular de todo o trecho médio e alto da
bacia do rio São Francisco. Chegaram a coexistir mais de 30 vapores de linha, fazendo o trajeto de Pirapora, em Minas, até os sertões nordestinos.
Entretanto, em meados do século passado, foram considerados obsoletos e antieconômicos. Substituídos por rebocadores a diesel, foram encostados, sucateados e desmantelados. A hegemonia do transporte rodoviário foi o golpe de misericórdia. Em Minas Gerais, só o Benjamim Guimarães sobreviveu para contar aos turistas e crianças a história das barrancas do rio.
E mesmo consciente do progresso inevitável, dá um nó no coração quando João Félix, velho vapozeiro aposentado, contemplando o rio e o vapor, nos diz:
"E quando ele apita? O que fazer? É aguentar ali, e segurar as lágrimas."