Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

segunda-feira, julho 30, 2007

Enquanto isso, em Barra do Guaicuí



Enquanto nos digladiamos com nossos pequenos e grandes problemas, a árvore simplesmente cresce, impávida e serena. Há pelo menos duzentos anos, sobre as grossas paredes de pedra da igreja abandonada de Fernão Dias Paes Leme, construída de frente para o rio. Tão alta e larga quanto a própria construção, estendendo suas raízes por vinte metros até o chão. E quando não estivermos mais aqui, nem os nossos problemas insolúveis ou já resolvidos, ela ainda crescerá, pelos próximos duzentos anos, observando-nos, tranquila e altiva, de cima das nossas ruínas.
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Entrou alguém aqui no blog através de pesquisa por "fungos no p*nis".
Rapaz, você precisa é de um médico, não de uma consulta do google.
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Esta semana vou fazer parte, pela primeira vez, de uma banca de mestrado. Vou avaliar uma dissertação e podem apostar que estou tão ou mais nervosa que o candidato.

quinta-feira, julho 26, 2007

Nos grotões

Enfim cheguei. Rodamos 1200 km em dois dias. Nada mal. Quando voltar ao norte de Minas, estarei aceitando encomendas. Quem quiser uma carranca, uma manta de carne de sol, uns pequis, ou uma cachaça daquela que matou o guarda, é só pedir!

Adoro quando faço coleta próximo de algum centro urbano. Sempre vêm uns curiosos assuntar o que a gente anda fazendo. Quando tem crianças, melhor ainda. As pessoas invariavelmente perguntam se nós estamos pescando ou garimpando. Aí eu explico direitinho o que é o trabalho: pesquisa, qualidade de água, contaminação, poluição, etc. Os adultos ficam intimidados, eu acho, e não perguntam mais nada. Mas as crianças se entusiasmam: “Posso ajudar? Quer que eu pegue mais lama pra você? Quer que eu jogue o balde lá no meio do rio? Quer que eu cate mais caramujo?”
São uns amores! E ficam super felizes de serem prestativos e participarem de algo tão diferente pra eles.

Na estrada para Inimutaba* tem uma fazenda onde só se criam pôneis e vacas anãs. Não tem coisa mais fofa nesse mundo do que aquelas dezenas de cavalinhos e vaquinhas de um metro de altura à solta no pasto!!! E logo depois, tem uma fazenda de avestruzes, muito legal também!

E no rio das Velhas ainda tem dourados, piaus e corvinas, que eu vi!

Um moço fez uma casinha com tapumes debaixo do viaduto, numa estrada quase deserta, no meio do nada, e pregou neles um cartaz escrito: “Preciso de mulher que sabe pescar e limpar peixe. Nova, limpa, que não bebe.”
Vejam só, o sujeitinho mora debaixo da ponte e ainda faz exigências. Homens, blééé...

*Não sabe onde fica a mimosa cidade Inimutaba??!! Pertinho da graciosa cidade Presidente Juscelino. Também não sabe??!! Um bocado antes da acolhedora Buenópolis, bem pra lá da formosa Ribeirão da Mata.

segunda-feira, julho 23, 2007

Livros e mãos

Estou lendo ao mesmo tempo:

- Trilogia Suja de Havana, de Pedro Juan Gutiérrez. Não recomendo. Escapismo elevado ao trigésimo grau, bem ao estilo Henry Miller, mas sem a "joie de vivre".
- Dentro da Baleia e outros ensaios, de George Orwell. Recomendo com força. Ensaios literários e políticos sobre uma das épocas mais interessantes do século XX.
- O Codex 632, de José Rodrigues dos Santos. Estou só no comecinho, ainda não sei se recomendo ou não, mas parece que sim.
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Uso muito formol para fixar e conservar as minhas amostras. Mesmo com luvas minhas mãos ficam destruídas. Nem vale a pena ir no salão, já que no dia seguinte vou acabar com elas de novo. Saco. Queria tanto ser daquelas mulheres que está sempre com as unhas, cabelos e pele perfeitas.

sábado, julho 21, 2007

Preguiça

Eu queria fazer uns comentários inteligentes e sarcásticos sobre o acidente aéreo, a morte do ACM, as últimas declarações do Papa, e mais uma meia dúzia de coisinhas.
Mas como não tem quase ninguém vindo aqui nas férias, me deu a maior preguiça.
Fica pra depois. Ou não.

quinta-feira, julho 19, 2007

Não quero nem pensar

Minha mãe esteve naquele aeroporto, um dia antes, num vôo da TAM.

terça-feira, julho 17, 2007

Meg 4x4

































Desenhos de Paulo Barbosa

Dando nome aos bois

Dar nome aos bois (ou aos insetos, fungos, plantas, etc) é um exercício de imaginação e criatividade por parte dos pesquisadores que descrevem os organismos. Nesta página tem um monte de nomes científicos interessantes, curiosos ou engraçados, mostrando que ciência não tem nada de chato e cientistas podem ter senso de humor.

Alguns exemplos que eu adorei:
(pra quem não estiver familiarizado com nomenclatura científica: o primeiro nome em itálico, com maiúscula, refere-se ao gênero; o segundo, em minúscula, refere-se à espécie; a seguir vem o sobrenome do pesquisador que descreveu e batizou o organismo e o ano em que seu trabalho foi publicado)

Gêneros:

Adonis Linnaeus, 1753 (planta), ou
Adonis Gronow, 1854 (peixe)
Amanda (caramujo)
Angela (louva-deus)
Anubis Thomson, 1864 (besouro)
Aphrodite (anelídeo marinho, Polychaeta)
Archimedes Lesueur, 1842 (briozoário)
Baalzebub (aranha)
Barbara Heinrich, 1923 (mariposa)
Batman Whitley, 1956 (peixe)
Brenda Oman, 1941 (gafanhoto)
Caligula (bicho da seda)
Camilla Haliday, 1836 (mosca)
Celina (besouro aquático)
Cinderella Steyskal, 1949 (mosca)
Clara Gill, 1862 (peixe)
Clarissa Kirby, 1894 (vespa)
Claudius Des Gozis, 1882 (besouro)
Dracula Luer, 1978 (orquídea, a flor tem forma de morcego)
Electra Lamouroux, 1816 (briozoário)
Erica Linnaeus, 1753 (planta)
Eros Newman, 1838 (besouro)
Goya Ragonot, 1888 (mariposa)
Julia (molusco)
Lucia Swainson, 1833 (borboleta)
Lucifer Doderlein, 1882 (peixe)
Marietta Motschulsky (vespa)
Marisa (caramujo)
Orsonwelles Hormiga 2002 (aranha)
Patricia Fox (caramujo)
Penelope (pássaro)
Pinocchio Pagliano & Scaramozzino, 1990 (vespa)
Priscilla Thomson, 1864 (besouro)
Rita Bleeker, 1859 (peixe-gato)
Satan Hubbs & Bailey, 1947 (peixe-gato)
Sonia Heinrich, 1926 (mariposa)
Thais (caramujo)
Vanessa (borboleta)

Anticlimax Pilsbry & McGinty, 1946 (caramujo fóssil)
Aurora Ragonot, 1887 (mariposa)
Euphoria Burmeister, 1842 (besouro)
Exotica (molusco)
Lapsus Pacheco, 1964 (besouro)
Pandemonium Van Valen, 1994 (mamífero fóssil)
Pepsis (vespa predadora)
Provocator Watson, 1882 (caramujo)
Salamis Boisduval (caramujo)
Troglodytes (pássaro)
Zen Jordan, 1903 (peixe do tipo daquela peixinha desmemoriada de “Procurando Nemo”)

Amazona Linnaeus (papagaio)
Anonymos Walt., 1788 (planta)
Architectonica (caramujo)
Cacophonia Gistl, 1848 (mexilhão)
Centrifuga (molusco)
Compacta Amsel, 1956 (mariposa)
Cornucopiae Linnaeus, 1737 (gramínea)
Hallucigenia Conway Morris, 1977 (fossil cambriano)
Indecentia Broun (besouro)
Problema Skinner & Williams, 1924 (mariposa)
Susana (inseto)
Dalailama Staudinger, 1896 (mariposa do Tibete)
Darthvaderum Hunt, 1996 (ácaro)
Zappa (peixe)

E pra quem gosta do Senhor dos Anéis:

Gollum (tubarão)
Legolasia Hedqvist, 1974 (vespa)
Smeagolia Hedqvist, 1973 (vespa)

Alguns naturalistas só pensam naquilo:

Clitoria Linnaeus, 1753 (ervilha)
Longiphallus Riedel, 1958 (caramujo)
Mammillaria (cactus)
Semen Hoffer, 1954 (vespa)
Vagina Megerle, 1811 (mexilhão)

QUEBRANDO RECORDES

Aa Reichenbach, 1858 (orquídea; primeiro nome genérico na ordem alfabética)
Zyzzyzus (hidróide; último nome genérico na ordem alfabética)
Gammaracanthuskytodermogammarus Dybowski, 1926 (crustáceo anfípoda; maior nome genérico)
Schtschurowskia Regel & Schmalhausen, 1882 (planta umbelífera; maior sequência de consoantes)

Espécies:

Abra cadabra Eames & Wilkins, 1957 (mexilhão)
Agra phobia Erwin (besouro)
Carmenelectra shechisme Evenhuis, 2002 (abelha fóssil; em inglês lê-se: “Carmen Electra, she kiss me”)
Chaos chaos Linnaeus, 1767 (ameba)
La cerveza Landry (mariposa)
Oedipus complex (salamandra, com complexo de Édipo)
Oedipus rex (salamandra)
Panama canalia Marsh, 1993 (vespa; encontrada no canal do Panamá?)
Pieza deresistans, Evenhuis, 2002 (abelha)
Villa manillae Evenhuis, 1993 (abelha)
Vini vidivici Steadman & Zarriello, 1987 (papagaio; extinto recentemente)
Ytu brutus Spangler, 1980 (besouro)

HOMENAGENS INTERESSANTES

Aegrotocatellus jaggeri & Perirehaedulus richardsi Adrain & Edgecombe, 1995 (trilobites fósseis)
Amaurotoma zappa & Anomphalus jaggerius Plas, 1972 (caramujos fósseis)
Arcticalymene viciousi, A. rotteni, A. jonesi, A. cooki, A. matlocki Adrain & Edgecombe, 1997 (trilobitas; para os iniciados, o Sex Pistols)
Arthurdactylus conan-doylei Frey & Martill, 1994 (pterossauro fóssil brasileiro)
Avalanchurus lennoni, Avalanchurus starri, e Struszia mccartneyi Edgecombe & Chatterton, 1993 (trilobitas)
Baeturia laureli e B. hardyi De Boer, 1986 (cigarras. Uma gorda e outra magra?)
Bufonaria borisbeckeri Parth, 1996 (caramujo marinho; dizem que Boris Becker pagou para ter seu nome no bicho)
Calponia harrisonfordi Platnick (aranha)
Campsicnemus charliechaplini Evenhuis, 1996 (mosquito)
Draculoides bramstokeri Harvey & Humphreys, 1995 (aranha)
Dysnocryptus balthasar, D. gaspar, e D. melchior Holloway (besouros da Ilha dos Três Reis)
Mackenziurus johnnyi, M. joeyi, M. deedeei, M. ceejayi Adrain & Edgecombe, 1997 (trilobitas; para os iniciados, os Ramones)
Madeleinea lolita Balint, 1993 e Pseudolucia humbert Balint & Johnson, 1995 (borboletas de uma família estudada anteriormente por Nabokov)
Orsonwelles othello, O. macbeth, O. falstaffius, O. ambersonorum Hormiga 2002 (aranhas; batizadas de acordo com os famosos personagens interpretados por O. Welles)
Oxybelus cocacolae Verhoeff, 1968 (vespa)
Pheidole harrisonfordi Wilson 2002 (formiga; além de lindo Harrison Ford é vice-presidente da Conservation International, uma das maiores e mais sérias ONGs ambientalistas)
Proceratium google Fisher, 2005 (formiga)
Roberthoffstetteria nationalgeographica (fóssil vertebrado)

Alysicarpus vaginalis (planta)
Amorphophallus titanum (planta que possui a maior flor do mundo)
Arca noae (mexilhão grande como a arca de Noé)
Glossus humanus (mexilhão, o nome significa língua humana)
Labia minor Linnaeus (inseto Dermaptera, o nome significa “pequenos lábios”)
Lactarius nonfungus (peixe)
Lactarius nonpiscis (fungo)
Penicillus penis Linnaeus, 1758 (molusco)
Penicillus vaginiferus Lamarck, 1818 (molusco)
Phallus daemonicum (fungo)
Phallus impudicus (fungo)
Piseinotecus divae Er. Marcus, 1955 (caramujo; "Piseinotecus" significa "eu pisei no Teco" – o pesquisador, brasileiro, tinha pisado no cachorrinho da sua diva muito amada e dar esse nome ao molusco que ele estudava foi uma maneira de pedir desculpas)
Vampyroteuthis infernalis (lula)
Venus mercenaria Linnaeus (mexilhão)
Dziwneono etcetera Dworakowska, 1972 (gafanhoto; o nome genérico significa “esquisito” em polonês)

QUEBRANDO RECORDES

Gammaracanthuskytodermogammarus loricatobaicalensis Dybowski, 1926 (Custáceo anfípoda, o maior nome de uma espécie)
Ia io Thomas, 1902 (morcego chinês, o nome mais curto de uma espécie)

segunda-feira, julho 16, 2007

Pan

Eu não sou muito de esportes e nem tenho paciência para assistir a jogos em geral, mas vi pela televisão a abertura dos Jogos Pan-americanos e achei tudo lindo, tudo emocionante, um espetáculo de encher os olhos! Só não achei muito elegante terem vaiado os atletas dos EUA e o Lula, mas enfim...

Depois li por aí um monte de gente reclamando sobre a falta de organização da equipe responsável pelos Jogos, os atrasos e etc. Mas peraí, num evento desse porte é natural e comum esse tipo de ocorrência, mesmo nos países ultra-metódicos como Suíça e Japão. Nós é que não ficamos sabendo aqui. É gente demais, variáveis demais, programação complexa demais. Não são os brasileiros que são incompetentes ou desorganizados; fazer funcionar um sistema desse é mesmo muito difícil e complicado. Alguns erros são inerentes ao processo como um todo.

E pra quem acha que não, assista ao documentário "Construindo Tom Zé" em que o genial e genioso Tom Zé tem poucas e boas a dizer sobre a organização do Festival de Montreaux na Suíça.


Mudando de assunto, o filme do Tom Zé é ótimo!

Mostra um pouco sobre o processo de criação dele, a relação com os músicos da banda, os tropeços previsíveis e imprevisíveis que podem ocorrer numa turnê. Além de contar detalhes da vida e da carreira cheia de altos e baixos.

Eu tive a sorte de ser apresentada a ele e à sua mulher quando de um show em BH, nos idos da década de 90 (a produção do show era da empresa de uma amiga minha). Eu o tinha achado magnífico no palco e, pessoalmente, tive a impressão de que ele era uma das pessoas mais doces que há. Bem diferente da imagem de artista temperamental que se divulga.

sábado, julho 14, 2007

De volta às férias

Amiga-irmã-dona-de-casa-mãe-de-família-que-trabalha-fora-ou-não,

As criancinhas estão de férias em casa e você está se descabelando sem saber mais o que inventar para entretê-las? Seus problemas acabaram.
Pra quem mora em BH, olhe aqui uma programação legal pra se fazer com os filhotes nestes dias de descanso e tranqüilidade (hahahahahaha):

CIÊNCIA
De 17 a 28/07 tem atividades temáticas no Museu de História Natural da PUC Minas.
Terça-feira tem oficina de escavação, paleontologia e exibição de réplicas de dinossauros.
Quarta-feira tem visita à exposição Peter Lund, oficina de arte rupestre e caça ao tesouro arqueológico.
Quinta-feira: visita guiada à Trilha do Tatu, exposição montada no meio da mata com animais exóticos e cavernas.
Sexta-feira tem as mostras “Cerrado” e “Vida na Água” e oficinas de origami.
Sábado, análise de fósseis e construção de miniaturas de répteis do projeto Pesquisador-Mirim.
Informe-se no site www.pucminas.br

CINEMA
Dias 15, 22 e 29/07 às 17:00h tem mostra de clássicos musicais e aventuras infantis na Casa do Baile. Detalhe importante: entrada franca!

CIRCO
A Escola Popular de Circo Spasso está oferecendo oficinas de circo para crianças de 5 a 12 anos, nos dias 16 a 20/07. Informe-se pelo telefone: (31) 3275-1205.

LITERATURA
Vai ter Festival de Férias na Biblioteca Pública Infantil e Juvenil (ali na rua Carangola). Na programação tem oficinas de origami, biscuit, confecção de mangá, fanzines, cartões, jogos, contadores de histórias, etc. Informe-se: (31) 3277-8651.

quinta-feira, julho 12, 2007

Transgênicos e pesticidas

A Kathia questionou se os transgênicos na agricultura não reduziriam o uso de pesticidas/herbicidas e portanto não seriam úteis para reduzir a contaminação do solo e da água.
Kathia, infelizmente a resposta é não.
As grandes companhias como a M*nsanto usavam esse argumento para fazer o lobby dos seus produtos, mas já ficou comprovado que a redução no uso dos pesticidas só acontece nos primeiros anos de plantio da soja transgênica. Depois disso é necessário usar doses cada vez mais cavalares para se obter o mesmo efeito, ou seja, impedir as ervas-daninhas de se desenvolverem em meio à plantação. Em poucos anos tem que se usar uma quantidade de glifosato ainda maior do que na agricultura convencional.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto, alguns bons artigos:

http://www.comciencia.br/reportagens/transgenicos/trans13.htm

http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/?conteudo_id=860&sub_campanha=0&img=15#3

http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/super_ervas.pdf

http://www.transgenicos.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=8

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u8167.shtml

http://www.midiaindependente.org/eo/blue/2005/04/315094.shtml

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=47294

quarta-feira, julho 11, 2007

Convite para os cariocas


Se eu fosse passar o fim-de-semana no Rio (e infelizmente não vou), eu não perderia isto por nada no mundo. Já encomendei os meus pela internet.
O livro anterior do Alex Castro, "Onde Perdemos Tudo" é muito, muito bom. Contos curtos em prosa deliciosa, daqueles que se devoram de uma só vez.

terça-feira, julho 10, 2007

Bernardo Gouveia por Paulo Barbosa

Pouco se ouviu falar de Bernardo Gouveia neste mundo de Deus: aqui e algures é comum que se saiba da existência de determinado artista somente após a sua morte. Para além da súbita valorização que seus quadros adquirem, isso pode ter a ver com a nossa imensa capacidade em não reconhecer a genialidade quando ela está bem debaixo de nossos narizes. Felizmente, Bernardo Gouveia está vivíssimo e merece que se diga algo mais a seu respeito. Este que vos fala, por exemplo, teve o privilégio de compartilhar, ainda que à distância, de alguns momentos de sua biografia. Lembro-me que, nos tempos de escola, já o considerava o mais talentoso desenhista de nossa geração. Ninguém desenhava como ele, podem crer. Certa vez, Bernardo rabiscou duas enormes figuras extremamente sensuais, enlaçadas num abraço eterno, e as esticou no corredor da escola: foi um assombro para mim. As figuras não estavam nuas, apenas dançavam: um homem e uma mulher, entregues àquilo a que chamam amor. A inferência erótica criava-se na imaginação de cada um, e eis aqui a missão maior do artista: sugerir. Bernardo era um artista incomum, num período em que bastava juntar um monte de arame velho num canto para se consagrar em rei da cocada preta. Recordo-me de suas interferências bombásticas nas aulas de estética, mostrando, sempre, muita erudição: tomavam-no por louco. Não segui de perto o seu trabalho, mas sei que, na escola, Bernardo dedicou-se à pintura. Tempos depois, vi Bernardo pelos corredores do Borges da Costa, muito excitado, sabe Deus à procura de quê. Sei eu que lá foi morar durante algum tempo e que tornou-se um personagem borgiano, no sentido primeiro do adjetivo: aquela figura esguia, de olhos fundos e roxos, enfiada num chapéu e andando pelos corredores da moradia estudantil parecia um tipo saído de um dos contos delirantes do escritor argentino, não tenham dúvida: “A pinacoteca de Babel” poderia ser o título. Mais tarde, esbarrei com Bernardo, por diversas vezes, no Maletta, e lá dividimos duas ou três cervejas. Na época, ele agregou um elemento novo ao seu lay-out, o que o deixava ainda mais exótico: passou a andar com um saxofone pendurado no pescoço. Jamais o vi tocar o instrumento, mas na certa ele o tocava, talvez para espantar os maus espíritos, se os há. Mais adiante, tornei a vê-lo na feira de artistas da Savassi, num sábado de manhã: falamos mal das mulheres, sempre com muita propriedade e erudição, e ele me mostrou uma série de desenhos feitos com a temática do abraço: todos belíssimos, ágeis, vigorosos, dinâmicos, sensuais. Havia também umas pinturas e valiam um bom dinheiro, de que eu rigorosamente não dispunha. Saí dali com raiva de ser pobre e não poder possuir obra alguma de meu amigo. Eis que o vejo recentemente, os mesmos olhos fundos de quem vê muito, a mesma loquacidade, a mesma generosidade, a mesma ingenuidade perante as muitas maldades do mundo. Estava ali o grande artista de minha geração, o maior desenhista que já vira em atividade, finalmente reconhecido como “um notável surrealista” pelo mercado de arte paulista. Confesso que, para mim, a notícia não soou como novidade. Novidade foi terem demorado tanto a perceber isso.


Meg por Bernardo Gouveia


Paulo Barbosa por Bernardo Gouveia

Sedução

Sedução. Já devíamos, graças à nossa ultra desenvolvida racionalidade, ter superado isso. Porque é meio ridículo, aliás totalmente ridículo, esse tal jogo de sedução. É biológico, instintivo, eu sei. Comportamento de corte, leque, etc. Mas no estágio civilizatório em que estamos isso devia pertencer ao passado.
Não é um horror alguém fazer marketing pessoal, mostrar as suas melhores qualidades e esconder os defeitinhos de fabricação, para convencer um outro a querê-lo? Ficar lá se pavoneando até o interessado se manifestar, iludido de que a vida ao seu lado vai ser um eterno café-da-manhã de comercial de margarina ou uma infindável aventura excitante de comercial de land rover.
Tem quem aposte na curiosidade alheia e fica fazendo o jogo de misterioso, sem nada revelar de bom ou ruim, atiçando o lado “gato” que há em todos nós e que invariavelmente morre no fundo do tanque.
O melhor é adotar a estratégia oposta: chegar logo chutando o pau da barraca, deixar claro que você é insuportável. Demonstrar que, ao seu lado, o outro irá enfrentar o horror do inferno em vida ou a rotina do tédio das grandes pasmaceiras. Fazer questão de exibir a falta de talento, a tendência à mediocridade, revelar as limitações emocionais e intelectuais e ainda deixar claro que não vai mudar.
Pode ser que alguém se comova com tamanha honestidade e acredite que vale a pena se envolver. Nesse caso, fuja correndo.

Mau-humor ambiental

O Rubens levantou a bola nos comentários, então vou deixar aqui listados alguns dos meus maiores motivos de mau-humor profissional:

-transposição do rio São Francisco
-liberação dos transgênicos para agricultura comercial
-continuação do programa nuclear brasileiro
-licenciamento das hidrelétricas no rio Madeira
-concessão de áreas florestais para exploração particular

entre muitas otras cositas más, que me azedam os dias.

Açucar e pílulas

Sempre chega essa época do mês em que eu fico desvairada por açúcar: doces em geral, chocolate em particular.
Hoje o meu "pratinho" de sobremesa ficou mais pesado que o prato de almoço propriamente dito. Vexame.
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E se alguém morrer engasgado com uma das pílulas do Frei Galvão?
É capaz da igreja vir dizer que é milagre. Um comunicado direto do santo, dizendo: "Vai pro inferno, criatura".

sexta-feira, julho 06, 2007

Citações

“Sólo pide justicia, pero será mejor que no pidas nada”

Almafuerte
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Quais são as nossas prisões? O que nos acorrenta?
O que nos prende, limita, inibe, impede, oprime?
E a questão maior: por que pomos tantas grades ao nosso redor?

Não há resposta definitiva, mas achei algumas pistas aqui.

quinta-feira, julho 05, 2007

Miú

Miú, felino, vira-lata, tigrado de cinza e preto, abandonado na rua e adotado por nós.
O macho da casa (mas não tarda nada, será castrado, testosterona pouca é bobagem).

Suas brincadeiras comigo são brutais. Miú me espreita e espera passar para, num ataque-surpresa-relâmpago, me morder os tornozelos. Segura minhas mãos com suas vinte garras e testa a resistência da minha pele com suas presas. Ainda não me tirou sangue, provando o quanto sou casca-grossa.

Mas com as meninas é um frouxo. Deixa-se carregar, abraçar e apertar com a passividade de um pano velho. Sob as mãozinhas nem sempre muito jeitosas das crianças, ele queda manso e lasso feito boneco de trapos. A esperteza do bichano: sabe muito bem que sua permanência no domicílio depende de manter boas relações com as pequenas.

No trabalho de campo,


eu sou assim.

quarta-feira, julho 04, 2007

Assédio no Louvre

Quando se conta algum caso acontecido conosco no exterior, muita gente torce três voltas de nariz e pensa: “ela tá contando isso só pra mostrar que já viajou”. Não torçam o nariz pra mim, infelizmente só estive em Paris uma vez, há muitos anos e por apenas uma semana, tá?

Fato é que, enquanto eu contemplava mesmerizada “A morte de Sardanapalus” do Delacroix, um senhor bem-vestido postou-se ao meu lado e disse em voz baixa: “Quelle merveille, hã?” Acenei que sim com a cabeça e foi aí que o homem se aproximou bem de mim e desatou a falar rápido e baixinho, um monte de coisinhas que o meu francês, que na época já não era assim tão bom, não conseguiu acompanhar. Mas pelo tom de voz, boa coisa não havia de ser. Aí virei as costas e fui ver outra merveille ao lado e o homem me seguiu sem parar de falar e eu comecei a andar pra me livrar dele e ele foi me seguindo, sala após sala, sussurrando no meu ouvido. Três salas depois (e aquelas salas são enormes), eu estava realmente com medo e quando vi um segurança fui direto nele. Só então o francês desistiu e me largou sozinha.


Quando lembro, acho graça no acontecido. Mas tenho a lamentar o fato de que o assediador era feio e tinha cara de tarad*. Fosse bonito e tivesse cara de tarad*, quem sabe uma hora dessas eu não estava bem instalada na Rive Gauche, olhando o Sena e comendo ostras com Chablis? Já pensou, hein, hein?

terça-feira, julho 03, 2007

Contra Surto

No catálogo daquela grande empresa de material para laboratório veio um encarte especial de produtos para proteção de equipamentos eletrônicos:
disjuntores, estabilizadores, transformadores, protetores contra surto

Protetores contra surto, humm, tem uma pá de gente por aqui precisando disso.

Cão sem Dono

Você quer ver pessoas feias e mal-vestidas, vivendo uma vida sem perspectivas, sem objetivo, sem muito entusiasmo? Quer ouvir conversa fiada que não acrescenta nem leva a nada? Ver paisagens comuns, lugares-comuns, situações comuns? E ainda pagar por tudo isso? Não? Então não vá ver “Cão sem dono”, filme do Beto Brant, para o qual o meu melhor adjetivo seria: pífio.

segunda-feira, julho 02, 2007

Mais feliz

Eu seria ainda mais feliz se soubesse desenhar, ou pintar ou fotografar.
Eu seria ainda mais feliz se tivesse memória seletiva ou memória nenhuma.
Eu seria ainda mais feliz se não fosse míope e fosse 5 cm mais alta.
Ou se não ligasse tanto pra aparência.
Eu seria ainda mais feliz se não fosse tão medrosa e covarde.
Eu seria ainda mais feliz se tivesse mais dinheiro e emprego estável.
Ou se não fosse tão materialista.
Eu seria ainda mais feliz se fosse mais expansiva e extrovertida.
Eu seria ainda mais feliz se não tivesse insônia e enxaqueca.
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E quais são os argumentos racionais (apelar pra Deus não vale) para condenar o suicídio como eticamente nocivo ou moralmente errado?
Acho que, em alguns casos, é uma opção tão legítima quanto qualquer outra.
Se a pessoa não sofre de nenhum tipo de patologia psiquiátrica, como depressão e afins, por que ela não tem o direito de simplesmente não querer viver?
A vida não pode ser uma obrigação. Quem teria autoridade moral para condenar aqueles que simplesmente decidem não mais continuar?

Caso contrário, é preciso aguentar e seguir.
Quem dá a cara a tapa tem que aceitar levar umas bofetadas.

domingo, julho 01, 2007

Sábado de sorte

Eu ainda não acredito no que aconteceu nesta noite de sábado!
Já ouviram falar do artista plástico Bernardo Gouveia? As telas dele são vendidas nas galerias por cerca de 5 mil reais/m2. Suas obras já foram compradas e levadas embora por marchands de NY, de Buenos Aires e talz. Os críticos o classificam como surrealista contemporâneo, embora ele mesmo não goste da definição.
Bom, o caso é que o encontramos, por acaso, ontem à noite na Savassi, louco pra tomar uma cerveja e sem dinheiro nenhum. Convidei, claro, pra nossa mesa: "senta um pouco, toma uma cerveja com a gente". E não é que ele, com a maior generosidade do mundo, me oferece uma tela magnífica, lindíssima, maravilhosa, por simbólicos 50 reais??!!
Eu fiquei tão, mas tão emocionada... Fiquei também um pouco constrangida por adquirir algo tão precioso por tão pouco, como se eu estivesse explorando o artista. Mas afinal, como ele mesmo disse, estava sendo dado de presente para mim.
Estou até agora encantada!
O quadro (acrílica sobre tela) tem como título "II Enigma" ou "I can't quit you baby, little jegue" ou ainda "A culpa nunca é nossa, aliás". E, em uma das muitas inscrições sobre a pintura, está escrito: "Temos braços e amor, qual é o gesto?"
É lindo, lindo, lindo!