Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

quinta-feira, novembro 30, 2006

História, estórias, contos da carochinha

Alguém saberia me dizer porquê os humanos, desde a mais tenra idade, têm tanto gosto por ouvir histórias?
Qual a razão desse fascínio, dessa quase necessidade de conhecermos enredos e enganos que não são os nossos?
Por quê tanto cinema, tantos livros infantis, tantos contos, romances, novelas, teatros? Tantas mitologias e lendas.
Por quê se contam tantos causos em mesas de bares?
Por quê tanto a ficção quanto os casos reais nos deixam em tal estado de alerta e atenção, despertos para uma realidade da qual não participamos, mas que nos penetra pelos olhos e ouvidos?
O quê, de fato, nos dá tanto prazer em uma narrativa?

Psicólogos, pedagogos, teóricos da comunicação, help!

Chove chuva

Os lençóis freáticos já estão cheios, os mananciais já estão alimentados, os aquíferos repletos, os reservatórios na cota ótima de operação.
Pode parar agora, já choveu quanto basta.
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A chuva me deixa de mau-humor e o mau-humor me deixa impertinente e atrevida.
Eu lá no computador, a mil, tentando pôr o atraso em dia e o chefe chega perguntando:
-Você tá fazendo alguma coisa importante agora?
-Não professor, estou só fingindo.
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Outro dia, encontrei entre as gôndolas do supermercado um ex-namorado com quem fui indesculpavelmente malvada há muitos anos atrás. Ele está gordo, careca, feio.
Meu lado ruim não pôde deixar de pensar:
"Putz, do que que eu escapei!"
Daí a momentos, encontro ele de novo no estacionamento do supermercado, saindo numa BMW enorme, tinindo de nova.
Meu lado ainda pior não pôde deixar de pensar:
"Putz, o que que eu perdi!"
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Uma colega pede à professorinha o favor de substituí-la em uma aula. Ela vai lá na turma desconhecida, tudo dentro dos conformes, dá a sua aula, até que a certa altura, vindo da turma do fundão, começa uma gritaria:
- Cala a boca!
- Cala a boca você!
- Vai à merda!
- Vai você!
-palhaço
-fdp
E dois marmanjos se levantam, punhos fechados, prontos a transformar a sala de aula num ringue.
O quê faz a professorinha sem noção e com metade do tamanho e peso de cada um?
Se posta entre os dois, de dedo em riste, e com toda a autoridade que acha que tem, vai logo avisando:
- Vocês me respeitem que aqui dentro só quem pode bater em alguém sou eu!
A turma, que estava tensa, começa a rir. Os dois ficam meio desconcertados. A professorinha pega um deles pela mão e o leva para sentar lá na frente. E continua a aula como se nada tivesse acontecido.
Torcendo para que os alunos não notem o tremor das mãos e dos joelhos.

terça-feira, novembro 28, 2006

Mantra

Mulheres solteiras à procura, repitam várias vezes ao dia:

sai patinho daí, pára de mexer na arara

Eu tenho tanta, mas tanta coisa importante pra fazer... e essas más companhias aqui do lado só inventam bobagens pra me distrair dos assuntos sérios.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Mudando de assunto

"Parece que, por vezes, as grandes almas se sentem menos apavoradas pelo sofrimento do que pelo fato deste não durar. À falta de uma felicidade incansável, um longo sofrimento ao menos constituiria um destino. Mas não; as nossas piores torturas terão um dia que acabar. Certa manhã, após tantos desesperos, uma irreprimível vontade de viver irá anunciar-nos que tudo acabou e que o sofrimento não possui mais sentido do que a felicidade."

A. Camus em O Homem Revoltado

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Falemos agora de coisas sérias:

O Lula que criou tantos ministérios novos no primeiro mandato, bem que podia agora criar o Ministério da Beleza e Estética.
A providências iniciais e imediatas seriam banir de todo o território nacional as fotos 3X4, as luzes brancas nos provadores de loja e instituir um subsídio para que os hippies não produzam mais bijuterias nem embornais.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ainda sobre o mesmo

Há algum tempo eu ouvi um idiota falar a respeito dos concursos públicos que têm vagas reservadas para deficientes físicos:
"Vale a pena ficar aleijado. Eles têm emprego garantido."
Isso mesmo, vale a pena. A vida deve ser fácil para alguém numa cadeira de rodas, né?

Então, se você pensa uma cretinice dessas e está considerando a auto-mutilação, faça um favor à humanidade: corte a própria cabeça. Ela vai te fazer menos falta que um braço ou uma perna.

Consciência negra e cotas universitárias

Sei que vou mexer num vespeiro, mas nunca tive medo de discussão, então vamos lá.
Aproveitando que ontem foi Dia da Consciência Negra e que há uns dias atrás perguntaram a minha opinião sobre a questão de cotas nas universidades, eu tenho a dizer que sou francamente a favor das cotas para estudantes negros.
Muitos argumentam que as cotas deveriam ser para os pobres em geral e não só para negros. Mas neste país, por razões históricas, econômicas, sociais e etc, a maioria dos pobres é negra e a maioria dos negros é pobre; então, em termos estatísticos, não há diferença significativa entre uma e outra coisa.

Muitos também argumentam que a instituição das cotas é racista porque dá oportunidades diferenciadas para um grupo étnico em particular. Eu acho que não, as cotas não dão mais oportunidades para os negros, simplesmente diminuem a diferença das oportunidades entre negros e brancos, aproximando as chances de ambos entrarem num curso superior. E não, os estudantes brancos não estão sendo minimamente prejudicados pelas cotas.
Tá, eu concordo que o ideal era que o ensino fundamental e médio de boa qualidade fosse de acesso amplo e irrestrito, de modo que não fosse necessário instituir cotas para ninguém. Mas enquanto isso não acontece, vai se fazer o quê? Virar pra moçada que acabou de tentar, sem sucesso, o vestibular e dizer: "foi mal galera, mas aguardem aí a melhora do ensino público que os filhos ou netos de vcs talvez entrem na UFMG."
Também acho ultrapassada essa visão de que universidade tem que ser apenas para os melhores. Universidade tem que ser para todos os que quiserem frequentá-la. A seleção entre os capazes e os incompetentes deveria acontecer dentro dos cursos, num ciclo básico de um ou dois anos com alto nível de exigência sobre o rendimento do aluno para se cumprir uma disciplina qualquer. Esse é o sistema universitário de vários países europeus: quem conseguiu concluir o ensino médio numa escola aprovada pelo governo, é automaticamente reconhecido como tendo os conhecimentos necessários para fazer um curso superior. Se vai ser capaz ou não é outra história, mas todos têm a oportunidade de tentar.
Tenho dito. Podem jogar as pedras.

Dia de sol, festa de luz

Glândula pineal funcionando a mil: vontade de cantar neste dia de sol!
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Eu não acreditava muito nesse negócio de psicossomatismo. Mas agora, quando ouço uma certa voz a azia sobe; o estômago arde quando aparece um certo endereço na caixa de e-mail e tenho dor de barriga quando o visor do celular mostra aquele número.
Nunca precisei/mereci tanto umas férias...
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Neste lugar o lema é:
se podemos complicar, para quê simplificar?

terça-feira, novembro 21, 2006

Rouca e Fanha

As duas amigas, Rouca e Fanha, contra todo o bom-senso e prudência que aconselham ficar em casa em tempos de resfriado, decidiram sair.
O ar-condicionado do cinema quase mata as duas enregeladas; no bar não servem nada que não esteja gelado, incluindo o café, e a chuva, na corrida até o carro, as faz tiritar até bater o queixo. A dúvida é: "te deixo em casa ou vamos já pro hospital?"
Pois não é que no dia seguinte, ao invés da pneumonia esperada, as duas estão curadíssimas?! Nariz e garganta em perfeitas condições de uso e funcionamento! Não se fazem mais vírus como antigamente, estão todos resistentes à vitamina C e cama. O jeito é matá-los de frio (tente não morrer junto, claro).

segunda-feira, novembro 20, 2006

A última romântica já morreu

No fundo, não sei se o fato de ter lido muito na juventude não me trouxe mais desvantagens do que vantagens na vida cotidiana. Acho que o mundo dos livros me despreparou para o mundo real. E agora tenho que me corrigir e adaptar, porque não posso deixar que a ficção me cause mais problemas.
Volta e meia me pego repetindo, como um mantra:
“O que estou sentindo/pensando/desejando é pura literatura. Isso não cabe em três dimensões.”

Aí tenho que respirar fundo, contar até 10 e me trazer de volta ao chão.
Isso é particularmente verdade quando um moço bonito, inteligente, simpático, educado, talentoso, culto, charmoso, intelectual, boêmio e etc está por perto.

Ele disse tudo

"Afinal, a boa vida
ficou apenas: a vida
(e nem era assim tão boa,
e nem se fez muito má)."

C. Drummond de Andrade

sábado, novembro 18, 2006

Filhos, diversão garantida

Bibi anda há uns tempos dizendo que quer um bebê “de verdade” aqui em casa. Hoje ela me veio com essa:
-Mamãe, por quê você não casa de novo e tem um bebê de verdade?
-Mas casar com quem, filhota?
-Casa com um padre!
-?!?!?!?!
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Segui a dica da guru Mothern e convenci a Laurinha a dar um jeito no cabelão maria-madalena dela. Levei num salão de gente grande, com um cabeleireiro ótimo. Fomos todas, chegamos e olhamos as revistas até achar um corte que agradasse à dona do cabelo, à mãe e à irmã (moderno, fashion, mas mantendo o longo). Ficou linda! Momento mulherzinha a três, delícia!
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Bibi: Eu não gosto de tomar banho igual o Cascão e sou gulosa igual a Magali.
Eu (pensei, mas não falei): E é brava feito a Mônica e fala igual o Cebolinha.
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Laura está aqui no meu colo, me ajudando a escrever este post e dando palpite em tudo:
“Fala mais de mim, mãe, inventa coisas engraçadas de mim!” e agora quer apagar isso tudo. Estamos em luta corporal < às gargalhadas em tempo real

A pedido dela: ela acabou de quebrar sua pulseira de plástico, só com um dedo.
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Marchands, abram espaço nas galerias. Colecionadores, preparem os cheques. Está em desenvolvimento o maior gênio das artes plásticas do século XXI! Capaz de revolucionar conceitos, quebrar paradigmas e tirar da mesmice essa Modernidade Tardia!
A criatividade da Laurinha sempre me impressionou. Tá, eu sou relativamente fácil de impressionar, já que sou um zero à esquerda em termos artísticos (sendo destra, tenho duas mãos esquerdas).
Mesmo assim, acho que ela faz coisas absolutamente fora do esperado para sua idade. No outro dia ela desenhou um painel enorme para pendurar no quarto, o papel todo preenchido por cores, formas abstratas, curvas e ângulos, sugestões de antropomorfia e de símbolos gráficos. “Ousado”, diria um crítico.
Ontem, brincando com massinha, ela fez dezenas de caracóizinhos e criou uma intervenção muito legal nos móveis do quarto, com os caracóis ocupando seus lugares à mesa, caracóis ligando o abajur, caracóis brincando com as bonecas. Sensacional!
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Hoje fizemos pão caseiro e gelatina a seis mãos. Brincamos de mímica e de Imagem e Ação. Cada uma inventou uma história para contar às outras. Escrevemos juntas no computador, vimos fotos legais da internet, que a vovó mandou. Foi um sábado gostosíssimo!
Eu não sei mais como é que as pessoas que não têm filhos pequenos se divertem em casa!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Cês tão sabendo, né?

Os bancos querem acabar com a caderneta de poupança porque ela lhes dá menos lucro que os outros fundos de investimento. Isso é porque os bancos são obrigados a investir uma parte do rendimento que têm através da poupança em financiamentos habitacionais. Esses financiamentos recebem retorno só em prazos muito longos, o que desagrada aos banqueiros. Ou seja, responsabilidade social é uma coisa muito boa pra se anunciar na televisão, mas diminuir os ganhos pra ajudar a moçada a ter casa própria, na-na-ni-na-não.

O PSC vai se unir ao PV! O Partido Social Cristão, cheio de bispos e pastores evangélicos, é daquele tipo conservador, contra a legalização do aborto, das drogas e da união civil entre homossexuais. E quer se unir ao Partido Verde que teoricamente é o mais moderninho, favorável a tudo isso. O motivo é uma questão legal (que eu não entendi bem) que tem a ver com a baixa representação política (menos de 5%) dos dois partidos na maioria dos estados. O bonito é ver como esses bispos e pastores levam a sério suas questões ideológicas! E o pessoal da PV não fica atrás, boa parte é a favor da união das duas legendas. Oportunistas e sem-vergonhas. O Gabeira, pelo menos, manteve a coerência e já avisou que sai do PV se tal acontecer.

No outro dia li uma psicóloga especializada em comportamento eleitoral afirmar que o Clodovil foi eleito pelo contigente gay de SP, que espera ter seus direitos defendidos por um representante da classe. Mas o Clodovil é completamente apolítico, nunca levantou a bandeira do movimento gay, nem defende nenhuma causa que não seja ele mesmo. Vão todos se decepcionar com ele. Isso me parece o melhor libelo contra o preconceito sofrido pelos gays. Não há mesmo motivo para discriminar os homossexuais: eles são iguaizinhos aos hetero, pelo menos tão burros quanto, na hora de votar.

quinta-feira, novembro 16, 2006

O que fazer em NYC?

O amigo vai passar o reveillon em Nova Iorque (luxo pouco é bobagem) e pergunta o que deve fazer por lá. Eu nunca estive por aquelas bandas, mas já turistei um pouco por aí. A minha recomendação é: comprar um bom guia de bolso e ir em todas as atrações 3 estrelas.

Queridíssimo M., sugiro que vc faça os programas mais turísticos possíveis: o Empire State, o Museu de História Natural (o melhor do mundo, já desbancou há tempos o de Londres), o Museu de Arte Moderna, o Central Park, uma missa gospel no Harlem, etc.
Esse lance de "evitar locais turísticos e andar pelas ruas normais para sentir o que sente o cidadão comum daquela cidade e saber como é seu dia-a-dia" é conversa fiada de gente snob que quer se passar por descolada. Todos nós sabemos o que qualquer cidadão comum de qualquer grande cidade sente: pressa. E como é seu dia-a-dia: estressante.
M., vá ver por lá o que vc não vai encontrar em mais nenhum outro lugar do mundo. O que vc encontra em todas as outras cidades (lojas caras, grandes shoppings, hard rocks, cafés charmosos com livrarias) pode deixar pra depois.

terça-feira, novembro 14, 2006

O fim do Sexo

Quem quiser saber o fim da história:
Sexo foi encontrado morto e seu dono ficou muito triste. Mas acabou arranjando outro cachorro, desta vez um mastim, e deu-lhe o mesmo nome. Para ter a impressão de que seu Sexo estava cada vez maior.

segunda-feira, novembro 13, 2006

O que nos espera...

Começam a se ventilar os nomes que estão sendo sondados para compôr o governo no ano que vem.
Então, parece que no próximo mandato teremos Roseana Sarney e ninguém menos que...Delfim Neto no ministério!
Isso, Lula! Me faz arrepender logo de uma vez, que é melhor do que ir quebrando a cara aos poucos.

domingo, novembro 12, 2006

Pagando língua

Desde a época do vestibular até muito recentemente, eu tinha a idéia fixa de que poucas coisas na vida podiam ser mais aborrecidas e entediantes do que estudar Direito. Ler e aprender as leis... até o trabalho de ascensorista num prédio comercial me parecia mais excitante.
Mas numa das disciplinas que leciono eu tinha que abordar Legislação Ambiental. Então lá fui eu comprar livros, cursos, baixar as leis na internet, pedir dicas para professores de Direito e entender sobre o assunto. E, olha, é apaixonante!
Estou achando o máximo descobrir a história por trás de cada lei deste país, os interesses convergentes e divergentes que atuaram sobre cada tema e fizeram com que as leis tomassem a forma que têm. E as mil diferentes maneiras de interpretar aquilo que está no papel. Fascinante!
Peço publicamente desculpas a todos os advogados, pelo mau juízo que eu fazia do curso de vocês.
Direito é muito Legal! (clemência pelo trocadilho infame, não resisti)


PS: a mais bacana de todas as advogadas ruivas, volta e meia conta casos desalentadores sobre o exercício da sua profissão. É, teoria e prática são dois universos paralelos. Por isso eu reluto tanto em deixar o mundinho acadêmico.
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Está na moda entre as ONGs que se dedicam à infância e juventude, oferecer cursos de circo às comunidades carentes. Não tenho nada contra, pelo contrário, acho válida a idéia de inclusão social pela via artística e tudo o mais.
Mas porquê não oferecer também uma Oficina de Ciências ou Oficina de Matemática e Física? Daria aos jovens a oportunidade de serem no futuro, não palhaços, mas talvez, quem sabe, engenheiros.
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Estava lendo “Duas ou Três Graças” de Aldous Huxley.
Boring e naive, na minha opinião, o que torna o livro quase metalinguístico já que trata desse tema. Ele escreve e descreve muitíssimo bem, mas com o pedigree que tem, o descendente do buldogue de Darwin teria feito melhor pela sua reputação literária se tivesse publicado só na linha do “Admirável Mundo Novo”.
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Os seus vizinhos incomodam sua sensibilidade auditiva tocando axé, funk e sertanejo?
Pois morrrrdam-se de inveja: do apartamento vizinho me chega Sara Vaughan no mais alto volume.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Post malicioso

-Inveja do falo!? Humpf, Freud estava senil.
-Mas por outro lado, pensa bem, dava pra fazer um monte de coisas legais com ele.
-Xixi em pé e coçar o saco.
-Ensinar pequenos truques...
-Truques?
-Tipo: De pé! Deitado! Morto!
-hahaha, Rola!
-huahuahauahuahauau
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Imaginem a cena:

O vizinho mais esquisitão do bairro, sai à rua, tarde da noite, aos berros:
-Seeexooo! Seexoo!

Janelas se acendem, olhos espiam, indignação e curiosidade. Algumas perguntas ríspidas e tudo se esclarece: Sexo é o nome do cachorro golden retrivier que desapareceu do quintal do vizinho esquisitão e ele está à sua procura.
No dia seguinte os comentários inevitáveis entre a vizinhança divertida:
-Ele continua atrás do Sexo?
-É, parece que ainda não conseguiu encontrar o seu Sexo.
-Coitado, ele se sente muito sozinho sem Sexo.
-E o Sexo é manso ou feroz?
-Dizem que o Sexo dele é muito doce e tranqüilo.
-Vi um cartaz lá na padaria: “Procura-se Sexo. Recompensa-se bem.”

By Rodrigo Muñoz Avia em “Psiquiatras, psicólogos y otros enfermos”

quarta-feira, novembro 08, 2006

TV e Blog

A televisão não era muito usada por aqui. Eu praticamente nunca assistia a nada e as meninas só a usavam para ver filmes de vídeo. Agora, estamos há um mês sem tv porque o aparelho queimou e eu resolvi não mandar consertar. Era uma tv muito velha, nem tinha entrada para dvd, então achei melhor esperar o fim do ano e com a chegada do 13º comprar uma tv nova e um dvd.
Mas mudei de idéia. A vida está melhor sem tv. Desde que não podem mais assistir seus filmes do Sítio do Picapau Amarelo e do Walt Disney, elas passaram a brincar muito mais uma com a outra e comigo. Montam mais brinquedos com o lego, inventam mais histórias com as bonecas e os fantoches, lêem e folheiam muito mais os livros, ouvem mais cds. Me ajudam com o serviço da casa, fazendo pequenas tarefas. Conversamos e cantamos mais.
Prefiro assim.
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Não sei se acontece com outros blogueiros, mas desde que eu conheço a identidade de vários dos meus leitores e eles são pessoas próximas, tenho aumentado o cuidado com a edição dos posts. Pra não ofender, não chocar, tentar impressionar, dar satisfações, adiantar determinados assuntos, etc. Não há nada de ruim nisso, mas às vezes penso se não estou escrevendo mais para os outros do que para mim, o que não era a proposta inicial do blog.
Talvez seja o caso de fazer outro blog, com pouca ou nenhuma divulgação, um espaço para soltar o verbo sem auto-censura.
Também tenho vontade de criar alguns blogs monotemáticos, em contrapartida a esta miscelânea de assuntos que rolam na mesa de um bar. Por exemplo, só para divulgar fatos e eventos relativos a ecologia e meio ambiente ou relativos a livros ou arte e cultura de modo geral.
Mas para estes blogs específicos sobre um tema, eu ia precisar de ajuda. Primeiro porque mantê-los ia me tomar muito tempo e segundo porque, sendo o objetivo restrito, poderia me faltar assunto e a postagem ficaria muito eventual. Talvez duas ou três pessoas postando juntas num blog desse tipo o tornassem mais atraente.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Atraso

Eu estou sempre correndo e sempre atrasada.
E nem tenho como pôr a culpa nos operadores de vôo.

domingo, novembro 05, 2006

Saiu no jornal

Um fato qualquer, por mais ínfimo que seja, pode suscitar bons textos e até boas matérias jornalísticas; assim como a mais corriqueira das idéias pode servir de estímulo intelectual a quem se der ao trabalho de pensar. Mas para tanto é necessário acrescentar uma dose, ainda que mínima, de reflexões originais ou inusitadas.
Então, o quê dizer das seções permanentes, colunas assinadas, dos jornais mineiros?
Os eventos que noticiam são de uma banalidade extravagante, se é que tal é possível, e os ditos colunistas nada têm a dizer sobre eles.
Cyro Siqueira gasta toda uma página do caderno de Cultura para nos contar sobre a inebriante viagem que fez à Itália, anos atrás, ao lado de Pelé e como este foi homenageado em Roma, Milão, etc. Alguma novidade? Alguma revelação sobre o ídolo do futebol? Alguma análise sobre a idolatria das massas, a nível de internacionalidade, enquanto fenômeno? Foi ao menos uma viagem pitoresca e histórica? Não, nada.
E aquela dona Anna Marina, perua deslumbrada, que flana pelos bulevares parisienses fingindo sentir-se em casa, vem nos dar a saber a dantesca notícia de que nas ruas da Cidade-Luz existem feiras de produtos orgânicos! C’est épatant!!! Como se em BH, a cada dia da semana não houvesse uma feira orgânica instalada em um bairro diferente (dona Anna, às sextas-feiras funciona na praça JK, viu?). A colunista também conta que na feliz capital francesa a prefeitura permite que se feche o trânsito de algumas ruas para fazer festas, o que seria impensável aqui em BH. Como assim?! E os festivais de jazz no coração da Savassi? E as “ruas do lazer” nos bairros? E as festas juninas na rua, promovidas por escolas ou paróquias? A dona Anna, venerável senhora, deveria conhecer melhor a sua própria cidade e, em Paris, babar apenas pelas coisas certas: o Louvre, o George Pompidou, a Rue Montaigne e quetais. Ah! E ela também fornece o precioso dado de que, nas bancas de lá, uma sacolinha plástica para carregar os jornais custa 0,10 euro. Eu, que amo cultura inútil, não sei como vivi até hoje sem essa preciosa informação. Alguma reflexão sobre agroecologia? Sobre cultura popular? Ou erudita? Sobre reciclagem de sacolinhas plásticas para carregar os jornais? Não, nada.

O único jornalista que já li capaz de falar sobre trivialidades de maneira genial foi o Rubem Braga. Vocês outros façam o favor de se esforçar mais. Matérias cujo único objetivo é contar que os autores são habituées do Velho Mundo não vão render anúncios nem leitores.

Atenção editores do Estado de Minas: interessados em uma colunista que escreva bem (ou pelo menos, corretamente), que seja inteirada dos fatos e cheia de opinião própria? Olha eu aqui! Aproveitem a promoção que é por tempo limitado, já que a continuar assim, eu mesma me recusarei a fazer parte de um veículo de tão baixa qualidade.
Mas, em nome da minha imparcialidade, tenho a dizer que o caderno “Pensar” é quase sempre muito bom , às vezes, excelente.

Ah! Sr. Editor-geral do jornal O Tempo: sua excelentíssima mulher escreve mal pra burro. Me ponha no lugar dela (na coluna, na coluna, fui clara?) que eu sei fazer muito melhor (escrever, estou falando de escrever).

PS: O cargo de ombudsman que tanta falta vos faz, é perfeito para mim!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Não me faça isso

Não me olhe assim tão fixo,
que meu gelo se derrete,
que desperto do meu sono,
que me torno corajosa.

Não me fale assim tão baixo,
que me iludo facilmente,
que eu crio fantasias,
que reaprendo o que sou.

Não me toque assim as mãos,
que meu sangue se amotina,
que meu coração me trai,
que eu reajo à prostração.

Não se aproxime tanto assim,
não sorria para mim,
não me conte coisas boas,
não me ame, não me engane.

Que eu me excedo, que eu me expando
Que me faço espuma, que viro neblina
Que fico tão nua, que até esqueço
Que saio do abrigo, que me torno traço.

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Domingo não é dia de balada forte, mas ficar em casa direto também não dá. O ideal é um cinema no fim de tarde e depois, à noitinha, ir pra livraria Status, ficar olhando livros, tomar um chopp e ouvir música boa ao vivo. Delícia!

Por falar nisso, vocês têm acompanhado o cinema argentino? Eles estão fazendo coisas muito boas mesmo.
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Parece que voltei à era do escambo. Agora, em vez de moeda corrente, querem me pagar em bens e produtos. A única vantagem é que se economiza em imposto, mas isso não me agrada nem um pouco. Qualquer dia, vão querer que eu trabalhe em troca de cesta básica.
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Frase da semana:
Os incomodados que mudem o mundo.
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Passei a gostar de Nietzsche agora que Camus o interpretou pra mim.
Mas fiquei me perguntando:
Um cético é um niilista manso? Ou um niilista é que é um cético furioso?

(já deu pra perceber que eu adoro tautologias?)

quarta-feira, novembro 01, 2006

Rálouin mai éss

31 de Outubro é Dia do Saci!

Yankees go home, e levem esse rálouin junto.

Fiquei sabendo pelo Pedroca:
http://vejo-penso-sinto.blogspot.com/

Crítica

Pra algumas pessoas a gente tem que dar um certo desconto; pra outras a gente tem que dar muito desconto. É que subúrbio é subúrbio e continua longe do centro. Província é província e continua longe da metrópole. E estão ambos na periferia dos acontecimentos principais. Então não dá pra esperar que uns e outros tenham as mesmas atitudes mentais diante das coisas.
Sem querer ser elitista, mas já sendo, (um erro que eu não cometo é negar as origens) eu fico tantalizada com o verdadeiro culto que hoje se presta às nulidades de toda a ordem. Nulidades musicais, nulidades literárias, nulidades científicas, etc. A nulidade, ao contrário da sumidade, é extremamente popular, é carismática, e é “gente boa”.
Porque faz parte do credo das nulidades afirmar que tudo tem o mesmo valor, seja a teoria do Big Bang ou a mitologia judaico-cristã para explicar o surgimento do universo. Assim também faz parte do credo a idéia de que tudo o que se faz com carinho e amor é necessariamente bom. Mesmo que seja um daqueles quadros pavorosos que se vendem na feira da Afonso Pena. Faz parte também a cretiníssima idéia de que valeu o esforço, mesmo se o resultado foi pífio ou nulo.
E por fim, como dogma central, cultiva-se a idéia de que a novidade, per si, é melhor. Mesmo que seja um guinchado incompreensível num ritmo que se auto-denominou pós-punk.
Então, que fique bem claro de uma vez por todas:
Se alguém acha que todas as idéias são igualmente válidas, é uma nulidade.
Se alguém faz coisas pavorosas, mesmo que com muito amor e carinho, é uma nulidade.
Se alguém se esforça muito e o resultado é nem sequer razoável, é uma nulidade.
Se alguém acha que o crivo do tempo é desnecessário para determinar a qualidade do que quer que seja, é bem provável que seja também uma nulidade.