Meu computador está sendo desfragmentado. A interrogação me sobe do tornozelo à testa.
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Bibi tem medo do mundo porque não entende como ele funciona. Então, pediu de Natal um livro "que explique tudo sobre todas as coisas importantes do mundo".
Será que a Enciclopédia Britânica é um presente adequado para quem tem só cinco anos? E será que explica o que ela realmente quer saber?
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Na sala, dançamos todo o High School Musical III. Na maior animação, fazendo coreografias, passinhos cadenciados. Janelas abertas, luzes acesas, a vizinhança admirada da nossa festa particular em plena noite de semana.
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Laura me pede pra colocá-la em uma aula de dança, mas não balé. Tem que ser
street dance.
Bibi me pede um curso de DJ, "mas dj de hip-hop, tá mãe?"
Já é, bro.
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Não me perguntem pelo trabalho. Atarantada é pouco neste fim de semestre.
Tenho trabalho de campo até o dia 22/12.
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Comentando os acontecimentos recentes:
- que pena o jornalista ter errado a sapatada no Bush.
- que sorte a da Susana V, não?
(hoje, eu estou má)
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Não bastasse a chuva e o caos que ela provoca no já difícil trânsito de BH, a Tota-Tola fez um comboio de cinco ou seis caminhões e igual número de vans com o Papai Noel pelas ruas da cidade, escoltado ainda por várias viaturas policiais. Tá certo, nesta cidade não tem bandido, a polícia não tem mais o que fazer além de escoltar veículos particulares de grandes empresas...
E foi bem no horário do rush, bem no meu caminho de volta a casa. Engarrafamento dusinfernus.
O bom velhinho me acenou quando o ultrapassei. Exerci o máximo auto-controle pra não lhe mostrar o dedo feio.
Detesto Papai Noel, velho embusteiro duma figa.
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Caso Pluvioso (C.D. de Andrade)
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhados, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa... Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia - em vão - pois que maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: pára! e ela, chovendo,
poços d'água gelada ia tecendo.
Choveu tanto maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa
e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de maria mais chuvavam,
de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e era o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.
Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva, estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).
Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas d'água mais deliram,
e maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.
Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,
e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou
Não chove mais, maria! - e ela parou.