Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Nome:
Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

domingo, julho 30, 2006

Atletismo em família

Neste fim-de-semana aconteceu em Viçosa o VI Torneio de Atletismo para Veteranos da UFV.
Parabéns para a minha mãe que conquistou duas medalhas de prata, nos 100 e 400 metros rasos, da categoria 55 anos! Detalhe, a medalha de ouro foi para a primeira colocada no ranking nacional, campeã brasileira da categoria e corredora experiente de maratonas.
Alguns recordes, em várias modalidades, foram batidos no sábado à tarde.
Fiquei muito impressionada com uma das corredoras, a Laura Eunice, atleta da equipe do Clube Botafogo (RJ), campeã brasileira, sul-americana e das Américas na categoria dela. Ela tem 70 anos, baixinha, magrinha, miúda. Parece uma velhinha inofensiva. Mas quando ouve o tiro da largada, a mulher dispara numa agilidade e velocidade incríveis, passadas largas, firmes, decididas.
Eu, com metade da idade, não me atreveria a competir com ela. Medo do vexame.
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Hoje tem goiabada....

Enquanto eu sonho com o Cirque du Soleil, vou me contentando com a realidade de um circo de cidade do interior. Levei as meninas ao circo Planeta Espacial (o mais mambembe da galáxia, juro). Lona remendada, fantasias puídas, arquibancada desconjuntada, poltronas desconfortáveis. Faltou luz no meio do espetáculo e até a pipoca estava queimada. Mas as menininhas se divertiram muito, que é o que importa!
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Bibi, de manhã:
- Hoje estou parecida com outra pessoa.
Eu:
- Com quem?
- Com a vovó, com a Andrelina, com a Imaculada, com todo mundo do mundo.

Parece que baixou um Walt Whitman nessa menina e ela encarnou o Homem Universal.
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A vida nunca foi fácil para quem luta contra o lado negro da Força. Mas os tempos estão cada vez mais bicudos. Estou chocada com o caso:
Um colega do meu irmão, moço recém-formado em Eng. Florestal, estava trabalhando como fiscal do IEF, tentando preservar o que resta do cerrado no norte de Minas. Pois no mês passado levou um tiro ao entrar numa carvoaria.

Pelamor, se forem fazer um churrasco tenham certeza de comprar carvão de eucalipto, daqueles com selo e certificação ambiental.
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Na última vez que estive em Furnas fazia parte do nosso trabalho entrevistar os proprietários de terra das fazendas ao redor do reservatório. Assim que a gente se aproximava, eles iam logo perguntando, com cara de poucos amigos: “Vocês não são do Meio Ambiente não, né?” E a gente mentia, com a cara mais lavada do mundo: “De jeito nenhum!”
Eu não tenho a menor vocação pra mártir. Este corpinho lindo que Deus me deu num dia de muita inspiração não está aqui pra levar tiro de ninguém...
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Há um bocado de tempo atrás fui entrevistada por um grupo de garotos de escola. Fizeram várias perguntas sobre meio ambiente e sobre a profissão de ecólogo. Uma das perguntas era:
- Você daria sua vida pela causa ambiental?
Fui categórica:
- Não. Eu daria meu trabalho, meu tempo, meu conhecimento. A vida já é querer demais.

sábado, julho 29, 2006

Micos maternais

Ser mãe é pagar mico. E eu cumpro essa sina com perfeição.

Há uns dias atrás o meu chefe, homem sério e sisudo de quase 2 metros de altura, entrou mancando no laboratório. Eu, que tinha acabado de passar um fim de semana intenso sozinha com as crianças, falei essa sem nem pensar no que dizia:
- O pezinho tá dodói, tá?
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As meninas andam na rua comigo e vão brincando com as cores das calçadas: “não pode pisar nas pedras pretas”, “agora não pode pisar nas brancas”, etc. Brinco com elas e saímos as três saltitando pelas calçadas na ponta dos pés. Ou então elas brincam de se equilibrar nas muretas dos canteiros e eu acompanho também. Até aí tudo bem: uma mamãe se divertindo com as filhotas.
O problema é que de vez em quando eu me pego sozinha na rua andando na ponta dos pés e escolhendo onde vou pisar. Ou me equilibrando nos canteiros. As pessoas olham com cara de pena: “é maluca, coitada”. Outro dia uma senhora me olhou tão admirada que eu até me justifiquei: “é que eu tenho filhos pequenos”.
Fico pensando o que será pior: andar aos pulinhos pela rua ou dar satisfações a desconhecidos.
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Não é por ser minha filha, mas Bibi é uma menina absolutamente linda! Dessas que as pessoas param no meio da rua para olhar melhor. Mas por trás dessa aparência de boneca de louça se esconde um temperamento terrível.
Ontem numa loja um rapaz lhe fez um carinho na cabeça. Ela correu pra mim, apontou o rapaz e gritou, em tom acusatório:
- Aquele homem pôs a mão no meu cabelo!
Todo mundo da loja olhou pra ele. O coitado do sujeito ficou muito sem graça, como se o estivessem acusando de assédio contra menores.
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Mas o pior vexame foi no shopping.
Bibi tinha 5 ou 6 meses e ainda mamava no peito. Eu tive a idéia de jerico de ir ao shopping sozinha com as duas meninas. Em determinado momento a Bibi ficou com fome. Levei a Laura (4 anos na época) numa grande loja de brinquedos e disse a ela que ficasse olhando as bonecas enquanto eu, no banco em frente à loja dava de mamar à pequena.
Nem 5 minutos se passaram e Laurinha sai da loja correndo, com as mãos atrás do bumbum, e gritando:
- Quero fazer cocô!
- Não dá pra esperar um pouquinho?
- Não! Tô apertada, tem que ser agora!
Tiro a Bibi do peito e ponho no carrinho de bebê. Ela desata a berrar por causa da refeição interrompida. Empurrando o carrinho com uma mão e arrastando a Laurinha com a outra, atravesso o shopping correndo, até a outra ponta onde ficam os banheiros. E Bibi aos berros. Entro com as duas, deixo o carrinho na porta da cabine, ajudo Laurinha, saio com as duas. E Bibi aos berros. Voltamos pra outra ponta do shopping. Sento no banco, mando Laurinha entrar na loja de brinquedos e quando vou pôr Bibi no peito de novo...... vejo que estou com a blusa aberta até o umbigo, o sutiã de amamentação aberto e leite pingando por todos os lados.
Horror, vergonha vexame! Atravessei o shopping duas vezes, ida e volta, num estado mais que deplorável...

terça-feira, julho 25, 2006

Sozinha no divã

Crise existencial? Dúvidas infinitas? Perplexidades de toda a ordem? Relações conflituosas com o mundo?
Vai lá: http://sozinha-no-div.blogspot.com/

Nenhuma solução é garantida, mas fica o consolo de se saber acompanhada por malucos de vários tipos.
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Férias

Uma semana de dolce far niente na casa da minha mãe... Comer, dormir, brincar, passear, assistir um monte de DVDs. Vidão!

Entre alguns bons filmes que vi estes dias está “Uma Vida Iluminada” de Liev Schreiber, com o Elijah Wood.
Como todo “filme-de-arte” que se preze, a ação é meio arrastada, demora horrores até que aconteça alguma coisa. A história é comovente, mas o filme tem umas tiradas súbitas que me levaram às gargalhadas. O que me chamou a atenção e me fez adorar o filme são as imagens. O visual do filme é belíssimo, exuberante, cada cena podia ser transformada num quadro de pendurar na parede da sala.
Tenho a impressão que o Elijah Wood nunca mais vai perder a cara e o jeito de Frodo, mas tudo bem, não compromete. Ainda mais se você abstrair e imaginar que um judeu na época da II Guerra pode ser comparado a um hobbit perseguido em “O Senhor dos Anéis”.

segunda-feira, julho 24, 2006

Blog também é cultura

Recebi por e-mail e como o conhecimento deve ser compartilhado, divido com vocês:

"A vida moderna não deixa tempo para a leitura de bons livros. Assim, envio o resumo de clássicos da literatura que muito ajudarão a engrandecê-lo culturalmente:

1) Leon Tolstoi: Guerra e Paz. Paris, Ed. Chartreuse. 1200 páginas.
Resumo: Um rapaz não quer ir à guerra por estar apaixonado e por isso Napoleão invade Moscou. A mocinha casa-se com outro. Fim.

2) Marcel Proust: À La recherche du temps perdu. (Em Busca do Tempo Perdido). Paris, Gallimard.1922. 1600 páginas.
Resumo: Um rapaz asmático sofre de insônia porque a mãe não lhe dá um beijinho de boa-noite. No dia seguinte (pág. 486. vol. I), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág.1344 , vol.VI) tem um ataque de asma porque a namorada se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão todos muito velhinhos - e pronto. Fim.

3) Luís de Camões: Os Lusíadas. Editora Lusitania.
Resumo: Um poeta com insônia decide encher a paciência do rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa super-gente-fina), ganham a maior boa vida numa ilha cheia de mulheres gostosas. Fim.

4) Gustave Flaubert: Madame Bovary. 778 páginas.
Resumo: Uma dona de casa trai o marido com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do boteco, o dono da mercearia e um vizinho cheio da grana. Depois entra em depressão, envenena-se e morre. Fim.

5) William Shakespeare: Romeo and Juliet. Londres, Oxford Press.
Resumo: Dois adolescentes doidinhos se apaixonam, mas as famílias proíbem o namoro, as duas turmas saem na pancadaria, uma briga danada, muita gente se machuca. Então um padre tem uma idéia idiota e os dois morrem depois de beber veneno, pensando que era sonífero. Fim.

6) William Shakespeare: Hamlet. Londres, Oxford Press.
Resumo: Um príncipe com insônia passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada, que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que tinha se suicidado. Fim.

7) Sófocles: "Édipo-Rei" - tragédia grega. Várias edições.
Resumo: Maluco tira uma onda, não ouve o que um ceguinho lhe diz e acaba matando o pai, comendo a mãe e furando os olhos. Por conta disso, séculos depois, surge a psicanálise que, enquanto mostra que você vai pelo mesmo caminho, lhe arranca os olhos da cara em cada consulta. Fim.

8) William Shakespeare: Othelo.
Resumo: Um cara otário, tremendo zé-ruela, tem um amigo muito @#$%¨& que só pensa em fazê-lo de bobo. O tal "amigo" não ganha um cargo no governo e resolve se vingar do cara, convencendo-o de que a mulher o está traindo com outro. O zé-mané acredita e mata a mulher. Depois, descobre que não era traído, mas apenas muito burro por ter acreditado no traíra. Prende o cara e fica chorando sozinho. Fim.

PRONTO! Vc economizou a leitura de pelo menos 7.000 páginas e R$ 1000,00 em livros!!!
Não precisa me agradecer. Um abraço."

sábado, julho 22, 2006

Peter Paul Rubens

União da Terra e Água

Eu, que sempre fui tão renascentista, ando me apaixonando pelo barroco. Mais especificamente por Rubens.
Acho lindas, admiráveis, as mulheres pintadas por ele.
Roliças, voluptuosas, felizes! Como todas deveriam ser naturalmente, se o mundo fosse perfeito. Mulheres que não se privavam dos prazeres da carne, nem das massas, nem dos doces. Saudáveis sem preocupação, formas harmoniosas, rechonchudamente confortáveis!
Esforço físico, trabalho braçal, carregar peso? As mulas de carga que o fizessem, que essas deusas e ninfas cultivavam com carinho e orgulho cada pneuzinho e celulite.
Chega a dar inveja aos meus esquálidos 50 kg. Vou ali encomendar uma pizza 4 Queijos e já volto.

Convite

Olha o convite, imperdível, que a glitterinada e purpurinada Pattylda mandou para todos nós:

“Moças, mocinhos, donzelas, rapazes, pessoas, gentes, cerumanos, ets, seres de luz, garotas, garotos, bípedes em geral que residem em Belo Horizonte:

Tá rolando mostra de tapetes do PROJETO FRED no oitentista e magavilhoso Shopping Quinta Avenida (terceiro piso)

Para adquirir um local digno para pousar os pés de manhã...
Para ter uma superfície cheia de cor e inspiração na hora dos ataques histéricos tipo "rolamento no chão".
Para o rala e rola da noite.
Para que seu champanhe carérrimo derramado não encontre o reles chão puro. (Ele merece esse carinho)
Para aquela parede desmaiada e desaplaudida.
Para pendurar no pescoço naqueles dias em que a gente acorda meio Elke.
Dá pra perder?
Acho LUXO, acho mega Glam, acho válido.

Beijos, espero vocês lá.

Patrícia Caetano”
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SOS Língua Portuguesa

Gentem, me ajudem aqui com uma dúvida da Laurinha sobre substantivos compostos.
Como é que se faz o superlativo de mata-burro, guarda-chuva, quebra-mola?
Mata-burrão, guarda-chuvão, quebra-molão?
Alena, darling, conto com vc.
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Vocês sabiam que SOS é a sigla em inglês para a expressão “save our souls”?
Um pedido de socorro terreno, mas que mais parece um apelo ao divino.
Cultura inútil nunca é demais, até porque não ocupa espaço.

quarta-feira, julho 19, 2006

Ouvido de Passagem IV

_ Olha, aquela moça está com um vestido igualzinho ao seu!
_ É mesmo! Só que em mim ele cai bem.
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Se eu quisesse aprender mais sobre física e mecânica quântica, ou sobre neuropsiquiatria, eu ia procurar bons livros de divulgação científica. Se eu quisesse mensagens positivas sobre como viver minha vida, ia procurar livros de auto-ajuda. Eu ia fazer qualquer coisa mas não ia assistir “Quem somos nós?”. Detesto cineastas que querem me educar à força.
O filme não é um documentário, é uma vídeo-aula de nível rasteiro. Parece um Globo Repórter, cheguei a sentir falta do Sérgio Chapelin.
Não sei como conseguiram pegar algumas das idéias e teorias científicas mais sensacionais da atualidade e fazer com elas um dos filmes mais aborrecidos de todos os tempos.

segunda-feira, julho 17, 2006

Não se pode elogiar...

Elogios demais me estragam, tornam-me insuportável, fico me achando...
Senhores, parem com isso. A minha falsa modéstia implora por menos, hehehehe

Fim de semana sozinha, então...

Sábado na Matriz: Ironika, Estrume’n’tal e Caipirinhas. Punk e surf rock. O show mais pesado que já assisti. Embora meus frágeis ouvidinhos tenham ficado lesionados, gostei muito! Virei fã do som instrumental do Estrume’n’tal.
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Ainda não foram ver a exposição “Picasso: Paixão e Erotismo” ? Então larguem tudo e vão agora, já, imediatamente, correndo. Imperdível, mais de 80 gravuras de diversas fases. O cara é considerado gênio não é à toa...
Aproveitem a ida ao Palácio das Artes e vão ver a mostra “Tipografia/ Cerâmica”. É uma exposição de cerâmicas de Máximo Soalheiro, na grande galeria. Lindo, lindo, lindo!
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Fui ver “O Libertino”, achei meio pretencioso e moralista, mas gostei assim mesmo. O lindinho do Jonhnny Depp ainda vai ganhar um Oscar quando crescer. A reconstituição de época está perfeita, não bonita, mas perfeita!
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Como podem ver, o fim de semana foi muito produtivo. E delicioso!

quarta-feira, julho 12, 2006

Apertada de costura

Trabalhando feito gente grande, não dá pra postar todo dia. Quando a chapa esfriar eu volto.
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Comentário rapidinho:

Neste fim-de-semana fui convidada para a estréia de três curtas-metragens. Uma pena que não exista circuito comercial para curtas, tem uns fantásticos, mas poucas pessoas têm acesso.


O primeiro era um documentário, muito bem feito, sobre a questão das cidades que têm que ser translocadas quando do enchimento do reservatório de uma hidrelétrica. Assunto que muito me interessa, por sinal. Abordagem sensível, mas imparcial, como os bons documentários têm que ser. Se tiverem oportunidade, não deixem de assistir “Sumidouro”. O diretor, com quem conversei no coquetel após a exibição, é um moço novinho, muito legal, cheio de idéias e projetos, que ainda vai fazer sucesso, guardem este nome: Chris Rizzi.


O título do segundo era “Fui”. Não presta. Parecia uma propaganda mal ajambrada, cheio de estereótipos. Roteiro fraco, diálogos péssimos, atores übercanastrões.

O terceiro também achei sensacional. Podia ser um conto de Allan Poe nos seus melhores momentos. Eu já conhecia um dos atores e conheci o resto do elenco no coquetel, o que aumentou o charme do filme. Suspense divertido, feito aqui em BH; bem elaborado, bem planejado, bem pensado. É outro que vale a pena! Se puderem, assistam: “A aposta”.

segunda-feira, julho 10, 2006

Da beleza masculina

Os muito boa-pinta que me desculpem, mas beleza não é fundamental! Certos traços de caráter contam muito mais: inteligência, bom-humor, cultura geral e um certo savoir-faire difícil de definir. Um feio-arrumadinho tem grandes probabilidades de se dar bem com as mulheres.
O problema são os homens realmente muito, muito feios. Não só pela falta de atributos físicos, mas é que um cara muito feio costuma ser também muito carente. Desacostumado a receber atenções femininas e a ter aceitos seus convites para dançar, se você lhe dá um sorriso e cinco minutos de conversa ele já entende que está apaixonado, que você é a mulher da vida dele e não larga mais do seu pé.
E como é que se diz a um sujeito tão “esteticamente prejudicado”, sem ofender, nem humilhar: “Olha Quasímodo, eu sou legal e educada com todo mundo, por isso a gente tá aqui nesse papo ótimo, tudo bem. Mas isso não quer dizer que eu tô te dando mole, muito menos que vou ficar com você. Então faz o favor de largar o meu braço e tira essa mão do meu ombro.”
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Como quase todo mundo, eu li Hamlet no final da adolescência, meio por obrigação. Depois, como todo mundo, vi o filme do Kenneth Brannagh. E quis reler a peça, porque até aí eu não tinha entendido a figura do príncipe Hamlet, suas dúvidas existenciais, sua personalidade multiforme. Li de novo e continuei sem conseguir captar a essência do protagonista.
Só agora, que muita água rolou sob a ponte (a mesma de onde Ofélia deve ter se atirado), ao reler o drama pela terceira vez é que percebi que Hamlet só pode ser entendido como o vilão da história. Ele é o mais completo, o mais bem delineado dos vilões de Shakespeare. Ao vê-lo sob o prisma de bandido e não de mocinho é possível perceber que ele é tão vil e abjeto como Ricardo III, tão desleal ao seu dever e sua honra como o casal MacBeth ou Iago, tão cretino com os que o amam quanto as cretiníssimas filhas mais velhas do rei Lear. Ele não tem nenhum caráter mas, ao contrário de Macunaíma, sua ação, ou falta dela, só traz desgraça e infelicidade para todos que o cercam.
Ele pode e não faz, ele sabe e não diz, ele censura mas permite. Ele erra e peca em pensamentos e omissões quando atos e palavras lhe trariam redenção. Ele finge e mente; é ambíguo, dúbio, covarde, pusilânime. Não há nenhuma grandeza nesse pequeno príncipe da Dinamarca. Ele é, antes de tudo, um fraco. Mas sofre por saber disso. E é devido ao seu muito sofrimento que ninguém até hoje o acusou explicitamente de vilão.
Ele é o mais real e plausível dos personagens da tragédia. Ele convive conosco e se faz passar por uma pessoa de bem, levado (Deus meu!) pelas circunstâncias da vida...
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Eu não acredito em duendes, mas acredito em anjos. Em momentos-chave da minha vida sempre aparece um. Como na sexta de manhã, quando apareceu um deles na forma de um velhinho cego que não sabe que fez muito mais por mim do que eu por ele.

quinta-feira, julho 06, 2006

Domingo na Praça

A Praça da Liberdade está comemorando 15 anos da sua restauração. E tem uma programação muito bacana, para crianças e adultos, para celebrar o evento. Domingo sim, domingo não, tem uma apresentação (teatro, circo, música, etc) às 16:00h para o público infantil e logo a seguir, às 17:30h, um show para os adultos.
Levei as meninas lá no último domingo, elas adoraram!
Segue a programação para os próximos domingos:

Dia 16/07
16h - Cia K - “A onça e o bode”
17h30 - Juarez Moreira (MG)

Dia 23/07
16h - Zap 18 – “Superzéroi”
17h30 - Moderna Tradição (SP)

Dia 06/08
16h - Silvia Negrão - “Catibiribão”
17h30 - Guinga Trio (RJ)

Dia 20/08
16h - Grupo Teatral Encena - “Maria Minhoca”
17h30 - Ramiro Musotto (BA)

Dia 03/09
16h - Cia Candongas - “Folclore do Mestre André”
17h30 - Cléber Alves (MG)

Dia 17/09
16h - Ana Cristina - “A Arca de Noé”
17h30 - Sururu na Roda (RJ)

Dia 08/10
16h - Cia Palco de Teatro - “Lampiãozinho e Maria Bonitinha”
17h30 - Chico Lobo (MG)

Dia 22/10
16h - Grupo Atrás do Pano - “A toalha mágica”
17h30 - Armandinho (BA)

quarta-feira, julho 05, 2006

Tudo eu!

EU que escrevi o texto, eu que fiz a prestação de contas, eu que preenchi os formulários, eu que tirei as cópias, eu que corri atrás da autorização do coordenador, eu que juntei os documentos, eu que levei a papelada para protocolar.
No fim do dia, a caminho de casa, eu ia bem feliz achando que tinha resolvido todas as pendências, quando a secretaria me liga e avisa que estava faltando uma assinatura. De quem? A minha, justamente a MINHA!!!!
Xinguei todos os palavrões que conhecia e ainda inventei alguns. E voltei lá pra assinar.
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IN VINO VERITAS, então...

Se for beber, não fale
Se for falar, não beba

Mais um Encontro Mothern

Mais um encontro Mothern, desta vez para receber a Carla, de Uberlândia (http://beijodeanjo.blog.uol.com.br/). O encontro foi no Café Tina, ótimo como sempre (tanto o encontro quanto o Café).

Da esq pra dir: sentadas, Ju, Laura, Carla, Letícia e o marido André (grávidos), eu e Dani. Em pé, Fefê e Rê. Foto: Ed, maridão da Ju.

Reparem que nas paredes atrás da mesa está uma exposição de fotos com 40 clientes-gatos da casa. Logo no começo da noite, estávamos admirando as fotos quando a dona do Café veio conversar com a gente. Toda animadinha ela disse: “O melhor daí é que a maioria é hetero! Com pouca diferença, mas é!”. Obviamente com toda a minha mala suerte, os que achei mais interessantes eram gays...

Você é o que você come?

De acordo com o que eu como, eu sou uma pessoa que..

vive fazendo planos e projeções. É muito preocupado e se priva das coisas por excesso de cuidado. Tudo na sua vida tem que ser belo, doce e gostoso.
É uma pessoa metódica que leva muito em consideração a aparência. Não consegue ficar sozinho. Gosta de estar sempre rodeado de amigos e da família. É aventureiro, gosta de sonhar, viajar e se arriscar em novas experiências.Tem mania de complicar tudo e transforma um problema pequeno numa coisa gigantesca.
Adora a comodidade proporcionada pela vida moderna. Até gosta de morar na cidade, mas não se dá bem com a correria, o trânsito e o stress. Fica ruminando seus problemas por dias, sem conseguir resolvê-los.

Mais meninices

- Mamãe, a Bibi é da galera!
- Que bom! Isso quer dizer que ela tem muitos amigos, né?
- Não, mãe! Isso quer dizer que ela fala muito. Ela é da galera, da galera.
- hahahahahaha, TAGARELA!

domingo, julho 02, 2006

Corujice descontrol

- Mãe, eles só gritam Brasil-sil-sil-sil quando o Brasil faz gol? Quando os outros países fazem gol eles não gritam?
- Não Laura, quando os outros países fazem gol não tem por quê gritar Brasil-sil-sil.
- Mas eles podiam gritar assim: Alemanha-manha-manha-manha
- Hahahahahahaha
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- - Mãe, o quê a gente ganha se o Brasil ganhar a Copa?
- - O hexacampeonato.
- - Mas a gente aqui de casa, ganha o quê?
- - Nada, a gente só fica feliz.
- - Só isso?!

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- Mãe, você está me dando cólica!
- Eu? E você sabe o que é cólica?
- É uma coisa que a gente tem quando a gente está comendo e outra pessoa fica falando muito no meu ouvido.
- Hahahahahahahaha
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Bibi ainda não entendeu a lógica do controle remoto da garagem. Eu a deixo acreditar que é ela quem manda no portão e ela fica satisfeitíssima ao ser prontamente obedecida a cada vez que grita “Abre, portão” ou “Fecha, portão”. Tanto assim que, às vezes, até o elogia: “Muito bem, portão esperto”.
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Aqui em casa adotamos o revezamento de tarefas. Se uma faz uma coisa pelo bem comum, é justo que, em seguida, a outra faça outra coisa. Mas Laurinha se aproveita da inocência da irmã: “Bibi, se fui eu que desarrumei, é justo que agora você arrume!”
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As meninas visitam o dentista anualmente. São regularmente orientadas em casa e na escola sobre a importância da higiene bucal.
Pois hoje elas estavam fazendo manha pra escovar os dentes e eu cometi o disparate de dizer: “Os bichinhos da cárie vão fazer uma festa na boca de vocês!”
Aí que elas não se dispuseram mesmo a escovar: “Quero festa na minha boca, quero festa na minha boca!”
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Mini-conto

Os literatos afirmam que qualquer tema, mesmo o mais insignificante, é passível de ser transformado em boa literatura. Como estou longe de fazer literatura, ainda mais da boa, me conformo em usar temas ainda menos que insignificantes para os meus escritos. Como este pequeno conto sobre uma barata que chinelei ontem à noite na área de serviço aqui de casa:

A chinelada foi certeira e partiu o monstrengo em dois hemisférios, vazando grumos brancos e verdes por entre as frestas da casca. A maldita barata ficou achatada, prensada contra o chão, mexendo freneticamente as antenas, mas já sem expectativa nenhuma de vida.
Meu asco pela coisa agonizante me fez adiar o inexorável momento de dar-lhe túmulo no balde de lixo. Fui me ocupar de coisas mais urgentes, sem nunca tirar da memória o tenebroso serviço fúnebre que me aguardava.
Minutos mais tarde, ao voltar com a vassoura e a pá, tive a pavorosa sensação dos filmes noir, quando o assassino, ao retornar ao local do seu crime para esconder o corpo, descobre que o cadáver sumiu. Pois qual não foi o meu horror e espanto ao ver que minha vítima tinha desaparecido!
Calafrios me assaltaram e fiquei imaginando se o mórbido animal não estaria no batente da porta ou no teto, sobre a minha cabeça, ou atrás do balde, tramando sua maligna vingança contra mim. Ou teria aquele ser hediondo, erro bem-sucedido de uma alucinação evolutiva, voltado ao sub-mundo dos esgotos, de onde nunca deveria ter saído, para encontrar a morte entre os seus? Procurei ao meu redor, com o pânico crescente de quem se sabe espreitada, mas não pode prever de onde vem o perigo.
Não encontrei a moribunda. Pus minhas esperanças no fato de que ela, eviscerada, não sobreviveria por longo tempo. De qualquer forma, não pude dormir essa noite. Fiquei de vigília. Ter a barata semi-morta em casa e não saber onde ela estava foi exasperador. Tive medo de dormir e sonhar pesadelos macabros, em que o inseto, transformado em morto-vivo, de antenas ativas, patas estraçalhadas e passo claudicante, no melhor estilo cine-trash, me perseguia enquanto balbuciava: ”Cérebro, cérebro, cérebro”.
Com a luz do sol, me acalmei. Onde quer que esteja, não deve estar mais entre nós. Ou talvez esteja, que estas aberrações da natureza são mais apegadas às alegrias da vida do que podemos imaginar. Em dúvida, comprei logo três latas de detefon e intoxiquei a casa toda. Vou passar o resto da semana num hotel.
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O caso Richtofen

Há uns tempos, num bar, na mesa ao lado da minha, um grupo de coroas beirando os sessenta anos, comentavam o caso da Susana Richtofen, a moça que mandou matar os pais. O caso é triste, tenebroso, tétrico.
Mas a bem da realidade, se é possível viver sem dinheiro, sem romance, sem esperança; não é possível viver sem uma dose de humor. Um dos coroas dizia: ”Numa hora dessas, eu até acho bom os meus filhos serem um bando de vagabundos, péssimos estudantes, mas que pelo menos não pensam em me matar.”
E o outro: “Pois é. Quando a minha filha adolescente veio me contar que está grávida do namorado, eu até disse pra ela: Isso filha, me mata de desgosto, mas não me mata de paulada.”