Mesa de Bar

Lugar pra se falar sobre tudo e sobre o nada.

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Local: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil

Sóbria, a maior parte do tempo. Na mesa de um bar me torno mais corajosa, mais sensível, mais emotiva, mais generosa. No bar e com umas cervejas a mais, as dúvidas se dissipam, as certezas afloram, as tristezas caem fora e a alegria reina. Sim, na mesa de um bar eu sou uma pessoa melhor do que fora dela.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Como vai?

Vazia. Parada. Em branco. Nada.
Qualquer outra coisa seria melhor que caminhar assim.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Virose

Voltaram as aulas e voltaram as viroses infantis junto com elas.
Este mês, Bibi já esteve 3 dias rouca e com febre, de laringite virótica; 3 dias de vômitos e febre (enterovirose); hoje diarréia e febre. Provavelmente vamos passar os 3 dias de carnaval acompanhados pelos vírus.
E isso numa escolinha pequena, com relativamente poucas crianças pra passarem doenças umas pras outras.

Um gesto bonito

Gestos bonitos de desconhecidos podem alegrar a vida.

A moça estava bem-linda, bem-tudo, fumando sonhadoramente um cigarro na varanda do seu trabalho. Passa um rapaz embaixo da varanda, olha pra moça, pega de um arbusto próximo um cacho de flores lilases e o joga aos pés da moça. Ela pega as flores e sorri, surpresa e agradecida. Ele atira um beijo no ar e continua seu caminho.

Assim, sem palavras, só um gesto bonito, pra alegrar a vida da moça!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Limitações

O primeiro passo para a superação está em reconhecer nossas fraquezas e mediocridades. Pode ser duro, doloroso e sofrido, mas é um processo necessário que leva ao auto-conhecimento. Assim, admito tristemente minha condição humana, sou um ser muito limitado: nunca vou conseguir usar delineador líquido.

Festa da semana


Coisa boa nesta vida é festão no meio da semana. Melhor ainda quando é aniversário do chefe: todo mundo dispensado do trabalho o dia seguinte para curar a ressaca braba.
Champanhe, uísque, vinho, a dar com o pau. Música ao vivo. Todo mundo muito soltinho, muitas gargalhadas, muito divertido!
O segredo da felicidade é subir no salto e se jogar! Numa flûte de Chandon!

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Como a vida dá voltas, não é? Como eu abuso de clichês, não é?
O meu corpitcho de balzaca, ainda que bem conservado, não aguenta mais tanto rock. Tô me sentindo meio intoxicada, muito álcool, muito cigarro, muita comida temperada demais.
Vou aproveitar o carnaval e dar uma de light, ficar vegan e abstêmia por uns dias. Manutenção necessária.
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E pensar que eu já gostei de carnaval... Ainda gosto de samba, frevo, marchinhas, bandas de músicos de verdade tocando pra todo mundo na rua.
Mas trio elétrico, Jammil, Calipso, ninguém merece. Mau gosto não se discute.

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Quanto mais eu rezo mais assombração me aparece. Canta pra subir, encosto!

domingo, fevereiro 19, 2006

De que barro impuro vim
que ao inferno do forno
não me torno porcelana?

Que miserável matéria me compõe
que a dor da lapidação
não me faz brilhar?

Que ostra incompetente sou
que ao incômodo da areia
não vomito logo uma pérola?

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Doçura e delicadeza

Não sou super-mulher, não sou guerreira, não sou auto-suficiente.
Queria que meus momentos de fraqueza, de dúvida, de medo e de angústia fossem acolhidos com doçura e delicadeza. A mesma doçura e delicadeza que me são pedidos e que, eu sei, nem sempre tenho pra oferecer.
O amor, às vezes, é assim mesmo. Confusão e desentendimento. Mas nem por isso deixa de ser amor.

Exposição que vale a pena

Quem não foi ainda tem um mês para ver uma exposição de arte contemporânea muito legal. Dirija-se ao Mamacadela (rua Pouso Alegre, 2048, Sta. Tereza) e delicie-se com a criatividade da turma do 5vs1.

Não dá pra comentar tudo, mas a abertura da exposição foi uma festa, todo mundo com um astral ótimo, papos divertidos com a amiga e o amigo da amiga!

Na primeira sala estavam os trabalhos da Patty. Um poema lindo, escrito por ela direto na parede e uma série de quadrinhos superdelicados, mas alegres, divertidos, bem-humorados. Mostrando que dá pra jogar purpurina em tudo e tornar mais leve o que é sério. O glamour, a sensualidade, a feminilidade estavam lá, mas sempre com um toquezinho de deboche divertido. Pode-se sorrir de tudo. Até do quartinho vazio, sem cores, só com uma lâmpada solitária iluminando a cama. Debaixo dela, o comovente salto alto jogado no chão, num fim-de-noite de solidão que nenhuma balada boa é capaz de compensar. Foi este o que mais me tocou.

Patty, sua sensibilidade me emociona. Você é TUDA!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Frase Importante para Lembrar Sempre.

“...amor só mente para dizer maior verdade.” Guimarães Rosa

Amor vem de amor, já disse quem sabia o que dizia. Em mim, penso também, mas você...neblina.

Primeira Impressão

Já não é a primeira vez que alguém vem me dizer que teve uma primeira impressão ruim de mim. Que, antes de conversar comigo, me achava fria, antipática, distante, arrogante. E que só começou a gostar de mim depois do primeiro bate-papo.
Se você também pensa assim, lembre-se: eu sou uma fraude!

Frase da Semana

Eu queria ser o que eu era quando eu queria ser o que eu sou.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Desenho Animado

Foi a Carol do Lifeislife quem puxou o assunto sobre desenho animado.

Eu nunca fui muito de gostar de desenho animado, nem quando criança. Preferia os enlatados da sessão da tarde. Agora que tenho filhos, assisto a mais desenhos do que nunca e, apesar de não ser exatamente uma fã, tem alguns que eu até gosto bastante.

Bob Esponja, o melhor do no-sense.
Mansão Foster para Amigos Imaginários. Simplesmente surreal, a duquesa cubista é o melhor que tá tendo.
Piggley Winkes. Me identifico totalmente com uma infância passada na fazenda. As ovelhas maluquetes são tudo!
As Garotas super-poderosas. Meio sanguinolento, mas onde quer que se juntem três mulheres, acabam se atribuindo os nomes de cada uma.

O que eu não gosto mesmo são os desenhos japoneses, tipo mangá. Não curto aquela estética de olhos ENORMES, nariz minúsculo, boca sem lábios, corpo sem curvas. E histórias complicadíssimas, um monte de personagens com nomes impossíveis, dramas existenciais, lutas que nunca mais acabam, que falta de paciência pra tentar acompanhar...

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Há pouco tempo atrás eu e minha filha mais velha vivemos um drama nelsonrodriguiano. Estávamos apaixonadas pelo mesmo homem! Ele é bonito, bom-caráter, gosta de crianças, luta pelo bem e é forte, sarado, atlético. E tem bigode!
É ele, o nosso herói, o Sportacus da série Lazytown! Nem venham me falar do ator, é o personagem que nos faz suspirar. Concordo que ele é meio caretinha, mas deve ser por causa do horário, hehehehe!
Um dia, assistindo o programa, Laurinha disse que queria casar com ele. Sou mãe extremosa, faço tudo pela felicidade das minhas filhas. Mesmo com o coração partido resolvi não disputá-lo com ela!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Baixo Astral

Hoje era um dia de coisas importantes pra fazer no trabalho, tinha a agenda lotada de compromissos profissionais e pessoais: gente dependendo do meu trabalho pra continuar o deles e uma recepção caprichada pro meu marido que chega à noite de viagem. Mas a menorzinha acordou com febre alta e o pediatra se tornou prioridade; ela não pode ir à escola então tenho que ficar em casa o dia todo. Fico triste por ela que está com dores no corpo e um grande mal-estar geral. E fico chateada por não poder realizar nada do que tinha planejado.

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Além disso, eu não sou guerreira, não gosto de confronto. E me dói muito quando alguém que eu admiro e até reverencio, se diverte à distância ao me reduzir à minha insignificância. E eu nem sei o motivo da hostilidade.
Há que ter resignação. Tomei chá em criança e não vou entrar em controvérsia. Vou ocupar a minha mente com assuntos realmente importantes, como a quadratura do círculo, o sexo dos anjos e a primazia do ovo ou da galinha.
Recolho-me.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Ronda de blogs

Acontece que eu não sei colocar na coluna aí do lado a lista com links para os blogs que eu leio diariamente. Portanto, vou deixar aqui neste post a minha lista. São todos muito bons, vão lá conhecer. Tem outros que eu visito mais esporadicamente, mas a culpa é da blogueira que não posta com a freqüência que eu quero, ou seja diariamente.

http://bloggete.blogspot.com

http://mothern.blogspot.com

http://zamorim.com./

http://duasfridas.blogger.com.br/

http://catarro.blogspot.com/

http://torpor.blogspot.com/

http://dropsdafal.blogbrasil.com/

http://220v.blogspot.com/

http://www.cria-minha.blogger.com.br/

http://www.uhbaby.blogspot.com/

http://www.kaleidoscopio.blogger.com.br/

http://www.superciliaris.blogspot.com/

http://maedegemeas.blogger.com.br/

http://www.louisapimentinha.blogger.com.br/

http://www.megeras.com/

http://www.casadaju.weblogger.terra.com.br/

http://mundodahelo.zip.net/

http://www.lifeislife.blogger.com.br/

http://nossocotidiano.zip.net/

http://blowg.pixelzine.com/

http://escarlates.blogspot.com/

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Eu, Tu; tu e eu

Européia, Tupiniquim
Eufórica, Tugido
Euglena, Tulipa
Eureca, Turrão

Tumulto, Eupática
Tubarão, Eusseláquio
Turbidez, Eutrófica
Tufão, Eufemismo

Saudades Quixotescas

No dia da graça de 20 de Maio de 2004, ano do Senhor,
Da mui digna cidade de Belo Horizonte das Minas Gerais, assim escreve Dona Margarida das Doces Águas a Dom Sérvio das Altas Florestas, encontrando-se este algures nas selvas ferozes do chamado Panamá.

Meu amo e senhor, soberano e alto cavaleiro,

Aquela a quem punge o espinho da tua ausência e chagado tem até o mais fundo do coração te deseja, dulcíssimo Sérvio, a alegria que não possui. Se a tua sobranceria me esqueceu, se a tua generosidade não me vale, se os teus desdéns persistem em acalcanhar-me, por muito que eu esteja afeita ao sofrimento, de sorte poderei com tanta mágoa, dura em demasia, além de esmagadora. Nossas boas filhas te darão relação minuciosa, ò belo ingrato, meu inimigo adorado, da situação em que me quedo em respeito teu. Se te apraz acudir-me, tua sou; e, se não, faze como quiseres, terás ainda a mim, que o que sinto não varia em face do teu desamor. Mas se em teu peito se abriga ainda algo que dê esperanças ao meu infortúnio, vem salvar-me com teus olhos que eu por eles me perdi e dar-me a vida com teus beijos, já que por eles morri...

Tua sempre, até a morte,

A Dama do Leito Vazio

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Memória Sentimental

Morar durante muitos anos numa mesma cidade pode ser entediante às vezes. Mas traz uma grata compensação quando você percebe que cada m2 da sua cidade tem uma história sua pra ser contada. Em BH, eu já morei em frente ao Parque Municipal, na praça Raul Soares, em dois lugares diferentes no São Bento, em dois lugares diferentes na Cidade Nova, na Pampulha, no Sion e no Anchieta.
Andando pelas ruas, em quase qualquer lugar que eu esteja, consigo ir lembrando que aqui morava uma amiga querida, ali morou um namorado, nessa esquina ganhei uma flor e um beijo, na esquina de baixo levei um fora. Onde hoje é essa igreja, já fui muito no cinema. Nessa praça molhei os pés na fonte luminosa. Aqui eu quase morri atropelada, ali eu quase matei. No bar que antes existia nesta rua, tomei meu primeiro porre. Nesta calçada eu andei muito feliz aquele dia comemorando a vida; naquela outra eu passei de cabeça baixa me sentindo derrotada por aquele acontecimento infeliz. Era aqui que a turma se encontrava, foi ali que nos vimos pela última vez.
Tudo me dá o que lembrar. E uma lembrança puxa a outra e, de repente, me pego pensando em gentes e coisas e fatos e conversas e assuntos que há muito não me vinham à mente.
Quem muda de cidade deve sentir falta disso, dessa memória sentimental que os lugares não deixam adormecer por completo. Deve sentir falta das referências geográficas que despertam um sorriso sem saber bem porquê, mas é porque foi bem ali que se deu uma gargalhada gostosa ao ouvir uma coisa qualquer engraçada, há muitos anos atrás.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Cultura Inútil

Admito que sou a rainha da cultura inútil. Adoro colecionar informações desencontradas e desconexas que não me servem pra nada além de me deixar feliz e, quem sabe, ganhar pontos jogando Master.
Uma amostra: vocês sabiam que o cavalo branco de Napoleão era branquinho mesmo? Era um Puro-Sangue Árabe chamado Vizir e foi dado a Bonaparte pelo xá da Pérsia. Acompanhou Napoleão por quase 20 anos em suas campanhas de guerra. Está exposto, taxidermizado, no “L’Hôspital des Invalides”, atual Museu da Guerra de Paris. Junto a ele estão a tenda de campanha em que seu dono dormia e vários utensílios pessoais do imperador, quando em viagem para o front.
Obviamente, o museu tem um monte de dados históricos muito mais importantes e significativos que esse. Mas foi o Vizir quem me prendeu a atenção e é só dele que eu me lembro em detalhes.
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Eu tenho tanta, mas tanta coisa importante pra fazer...e só tenho vontade de ficar aqui, conversando fiado no buteco.
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No outro dia rolou uma conversa sobre Rousseau. Eu discordo da idéia de que o homem nasce bom e a sociedade o torna mau. Acho que se não fossem os pais, a escola, a sociedade enfim, que ensinasse às criancinhas o que é certo e errado, bem e mal, seríamos todos uns monstrinhos egocêntricos e cruéis, sem limites nem moral.
Há polêmica?

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Sobre livros e vinhos

Eu detesto o Diogo Mainardi, pela sua arrogância, seu pedantismo, pelas suas críticas vazias e sobretudo pela postura “eu amo ser odiado”. Mas eu reconheço, me contorcendo de raiva, que ele escreve bem pra caramba. O mesmo se aplica ao Alexandre Soares Silva e ao Miguel Esteves Cardoso. São três fascistóides ultra-reacionários; mas os desgraçados têm estilo, têm articulação, têm erudição, têm fluência. Eles conseguem me arrancar gargalhadas, contra a minha vontade. O que me dá ainda mais raiva.
Um sujeito mal-intencionado que escreva muito mal é inofensivo. Mas esses três sujeitos são sedutores demais quando escrevem, tornam-se um perigo para quem lê. Até para mim, que sou uma alma bem-intencionada mas ingênua e influenciável.

Já quem não conhece Uncle Filthy não sabe o que está perdendo. Além de ser tão bom escritor quanto os malvados acima citados, ele não pertence ao lado negro da força.
http://filthymac.wunderblogs.com/

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Quando você sai do bar, muito muito bêbado, que música você tende a cantar?
Tenho uma amiga que canta “Menina Veneno” de trás pra frente. Outro conhecido, depois de alguns chopes acima do nível do mar, não consegue deixar de chamar o garçon e cantar para ele: “Garçon, aqui nessa mesa de bar...”
No meu caso, a embriaguez me leva de volta à adolescência remota, e eu me pego cantando qualquer hitzinho fajuto dos anos 80. E ainda começo a dançar new wave, para constrangimento imediato de todos os presentes e vexame meu no dia seguinte.

Beleza, mais uma vez

Uma das coisas mais interessantes que aprendi ao fazer levantamento bibliográfico para o mestrado e doutorado é que, por mais absurdas que me parecessem as minhas próprias conclusões, eu sempre ia achar alguém ainda mais doido para corroborar minhas idéias.
Dito e feito. Olha aí o que eu achei, a respeito de alguns posts atrás:

" A consciência do Belo é o que de melhor existe para a elevação dos sentimentos humanos."
Mokiti Okada, filósofo japonês do séc XX.
www.fmo.org.br , pra quem se interessar.

Corrente

1. Pegue o livro mais próximo de você
2. Abra o livro na página 23
3. Ache a quinta frase
4. Poste o texto em seu blog junto com estas instruções

Resultado:


“Another feature defining these water bodies is the complete absence of permanent predators, pasticurlarly fish, but including certain other large invertebrate predators such as hirudinid leeches and omnivorous crayfish.”

Do livro:
Smith, D.G. 2001. Pennak’s Freshwater Invertebrates of the United States. Porifera to Crustacea. 4th ed. Wiley & Sons, Inc.


Mas nem pensem que estou enrolando o trabalho pra ficar brincando na internet. Tá na minha hora de almoço, viu?

Iniciativas

Iniciativas que conjugam desenvolvimento humano e conservação ambiental estão entre as coisas que mais me entusiasmam e me emocionam. Acredito piamente que é por aí que se vai salvar o mundo. Projetos bacanas como estes, desenvolvidos aqui por perto mesmo:

http://www.rede-mg.org.br

http://www.ambientebrasil.com.br

http://www.pronatura.org.br

http://www.institutoipanema.net/

http://www.pnud.org.br

http://ecovida.wopm.com.br

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Breve momento de beleza

No centro da cidade, eu vi um mendigo sujo e esfarrapado, de andar vacilante, se aproximar da porta de uma floricultura e pedir algo pra uma das funcionárias. Ela fez que sim com a cabeça, assustada. Ele não pediu um trocado, nem cigarros. Ele pediu uma das rosas expostas na vitrine da loja. O mendigo pegou uma rosa já aberta, segurou-a pelo caule com as duas mãos com todo o cuidado, como se fosse a coisa mais delicada e preciosa que já tivesse possuído e seguiu pela rua com um sorriso largo, olhando ternamente a flor com o rosto iluminado e maravilhado.
Meninos, eu vi. E quase chorei perante a beleza da cena.

Batatinha X Formiguinha

- Mãe, tem um batatinha lá fora!
- Um o quê?
-Um batatinha, aquele moço que veste todo de alaranjado e varre a rua.

Filosofia de butiquim

Kierkegaard, pobre coitado existencialista precoce do séc XIX, dizia que existiam três estágios diferenciados na vida humana.
O primeiro era o estágio estético, em que a principal motivação era a busca do prazer, da beleza, da diversão, da satisfação. Segundo ele a maioria das mulheres não ultrapassava esse estágio permanecendo nele como eternas crianças.
O segundo era o estágio ético ou moral, em que a motivação era o ideal moral: a busca do bem, do correto, do virtuoso, da verdade, do certo. A maioria dos homens, ao chegar à idade madura (que eu acho que é algo entre os 25 e os 60 anos), viveria esse estágio plenamente.
O terceiro, que poucos seres elevados conseguiriam alcançar, era o estágio religioso ou espiritual, no qual a moral seria substituída por um valor maior e absoluto: o amor. Amor a tudo: à humanidade, à existência, ao próximo, ao trabalho, a Deus, etc.

Ao amar, ninguém precisaria se preocupar nem com o prazer , já que o amor em si mesmo seria a base de todo o contentamento e felicidade, nem com a moral, já que ao amar de maneira absoluta (sem egoísmo, sem ciúme, sem necessidade de auto-satisfação) tudo o que se faz, o que se diz, o que se vive, é absolutamente correto. Já dizia Sto. Agostinho: “Ama e faz o que quiseres.”

Eu já descarto o estágio religioso, por impossível. Teríamos que ser todos zen-budistas para conseguirmos amar de uma tal forma perfeita, sem desejos. Ou talvez seja possível amar apenas algumas coisas assim: nossos filhos, alguns amigos. A eles basta existir para nos fazerem felizes. Do resto sempre se espera alguma coisa em troca: do homem ao meu lado eu espero reciprocidade, da sociedade em geral eu espero respeito, reconhecimento, etc.

Aí comparo o estágio estético com o moral. Acho que só mudam os objetos; o sentimento íntimo mantém-se o mesmo (e não é ele que importa?). Assim, se antes eu me envaidecia por me acharem bonita, agora me envaideço por me elogiarem um trabalho publicado. Se antes eu me deliciava com uma caixa de chocolates, agora me delicio com um pacote de realizações profissionais e pessoais. Se antes eu me emocionava com um filme ou uma música, cujos prazeres sensoriais me atingiam em cheio; agora eu me emociono com realidades que não me atingem os sentidos diretamente, mas me enchem de prazer e alegria: a conservação da natureza, oportunidades para comunidades carentes, etc.

Fico na sincera dúvida se evoluí de um estágio para outro ou se estou estagnada, mudando apenas os objetos que dão prazer. Ou se tudo é apenas viagem do infeliz do Kierkegaard, só pra me deixar confusa!

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Eu tenho um sério problema com filósofos: sempre concordo com o último que leio. Já idolatrei Nietzch, para logo em seguida achá-lo uma besta, influenciada por não-sei-mais-quem. Eu tenho personalidade fraquíssima e uma grande pobreza de argumentos. E esses caras são especialmente treinados para me convencer de qualquer coisa.
Ai, que falta me fazem alguns dogmas na vida!