Dizer que tenho um gato é apenas um modo de expressão. O gato é que me tem. Virei uma serva gentil que lhe traz comida nas horas em que ele assim o exige. Sou obrigada a dar colo e afago quando lhe dá na telha e ai de mim se não o fizer. Vinte navalhas afiadas, embutidas em pezinhos macios, estão ali para me mostrar quem manda. Além de meu dono, Miú agora também é proprietário de todas as minhas coisas. Deita-se sobre as minhas roupas, sapatos, mochila, bolsa e defende suas pretensas posses com toda a ferocidade. Agora mesmo, ele me observa com implacáveis olhos amarelos que deixam claro que está apenas me permitindo uma breve pausa de distração no
seu computador, mas que logo virá me tirar do teclado para então ele sim escrever algo que preste.
///---///---///---///
Correndo o risco de desagradar a gregos e troianos, de perder o respeito e amizade de muitos, de ter minha capacidade intelectual e bom gosto literário postos em dúvida, eu preciso confessar: acho a Clarice Linspector uma chata.
Terminar “Perto do coração selvagem” foi um sacrifício, ainda mais considerando que tinha ao lado “O primeiro homem” do Camus e esse me agrada muitíssimo.
///---///---///---///
Dos poucos estados alterados de consciência que já experimentei, os melhores são o sono, a paixão e a alegria. Não necessariamente nessa ordem.
///---///---///---///
Então a correspondência pessoal de Madre Teresa de Calcutá vai ser publicada e a grande revelação é que ela, até o fim da vida, pôs em dúvida a existência de Deus.
Fiquei pasma, ela dedicou a vida inteirinha a uma ordem religiosa sem sequer contar com o auxílio de uma fé inabalável. Essa mulher gostava realmente era dos seres humanos. Impressionante.
///---///---///---///
Não entendi o espanto em que todos ficaram com a absolvição do senador bandido.
Alguém esperava coisa diferente dessa corja?
///---///---///---///
Pronto, Miú já veio reclamar o que lhe é de direito. Tchau.